sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

TEM QUE OUVIR: Minor Threat - Out Of Step (1984)

Poucas cenas foram tão efervescentes e influentes em tão curto espaço de tempo quanto a geração punk/hardcore oriunda de Washington DC. Ao lado do Bad Brains e do Rites of Spring, o Minor Threat surgiu se contrapondo aos abusos niilistas constantemente difundido no rock (na verdade, pela industria da música no geral). Nascia a cultura Straight Edge.


Lançado pela Dischord, importante selo do Ian McKaye (vocalista e líder intelectual da cena hardcore), Out Of Step (1984) é o único álbum full do Minor Threat (antes foram lançados apenas EPs de 7 polegadas, posteriormente compilados). Foi mais que o suficiente para a banda criar toda uma escola musical e ideológica.

Da velocidade sônica de músicas como "Betray" e "It Follows", passando pelas guitarras ásperas de "Think Again", tudo soa explosivamente coeso, ainda que coberto por berros de ordem e tropeços técnicos. As letras aproximam o ouvinte do cotidiano, colocando cada indivíduo no centro das lutas sociais.

Se os Ramones cheiravam cola e os Sex Pistols representavam a destruição de tudo e todos, o Minor Threat se colocava do lado oposto com a clássica "Out Of Step", dizendo não as drogas e até mesmo a banalização do sexo, para eles, uma forma de alienação. Se o "puritanismo" não agradava a todos da cena, musicalmente a banda compensava com pedradas sonoras, vide "Sob Story".

Influenciando do Nirvana, passando pelo post-hardcore e a geração Verdurada, o punk rock poucas vezes foi tão inteligente quanto aqui. Ian McKaye deu continuidade a seus mandamentos através do Fugazi, mas o Minor Threat e seu emblemático disco continua sendo o predileto entre os fãs de hardcore.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

TEM QUE OUVIR: The Rolling Stones - The Rolling Stones (1964)

O ano era 1964 e a bleatlemania já dava sinais da hecatombe que viríamos a conhecer pouco tempo depois. Ainda na Inglaterra, um outro grupo formado por garotos de melhores condições financeiras, embora de atitudes rebeldes, chutavam para escanteio o bom comportamento e traziam o rústico blues americano ao topo das paradas inglesa. Eles eram os Rolling Stones, que despontavam com seu seminal disco de estreia.


Assim como o Elvis Presley, inicialmente a banda calcou seu repertório em versões, tendo em vista que Keith Richards e Mick Jagger ainda não tinham polido as próprias composições, sendo a apenas boa - dado o alto padrão que o quinteto alcançaria no futuro - "Tell Me" o exemplo de rock autoral feito até então pelo grupo.

Em compensação, chovem versões entorpecidas para clássicos do blues e r&b, vide as ótimas "Not Fade Away" - com aquele batida tão difundida pelo Bo Diddley -, "Route 66", "I Just Want To Make Love To You", "I'm A King Bee" e "Carol", sendo essa última de autoria da influência máxima dos Stones, o Chuck Berry.

Vale ainda destacar "Little By Little", um petardo de guitarras estridentes, mas que tem como destaque o baixo do subestimado Bill Wyman, ao que consta, num dos primeiros registros de um baixo fretless.

A maneira endiabrada que os cinco ingleses branquelos presentes na capa do disco encontraram para tocar a música negra americana redefiniu a rota do rock n' roll. A invasão inglesa tinha agora seu representante mais perigoso.

Ainda que o debut não esteja nem perto de ser um dos melhores trabalhos da banda, sua influência, além do próprio fato de ser o disco de estreia dos Stones, já faz com que ele seja item obrigatório na coleção de qualquer um. Vale dizer, um dos discos do quinteto prediletos do Lemmy.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

ALGO ENTRE: Gangrena Gasosa e A Flock Of Seagulls

GANGRENA GASOSA
Isso é que é letra boa. Um viva a macumba.

A FLOCK OF SEAGULLS
Eis a famigerada bateria eletrônica oitentista num bom momento. A estreia dessa banda é bacana. Synthpop/new wave redondo.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

TEM QUE OUVIR: The Notorious B.I.G. - Ready To Die (1994)

Muito se fala sobre a rivalidade sangrenta envolvendo o hip hop da costa oeste contra o da costa leste dos EUA. Embora o conflito entre as gangues fosse igualmente forte, musicalmente falando, Notorious B.I.G. carregou praticamente sozinho a bandeira da costa leste (ok, tinha o Nas e o Wu-Tang, mas eles sempre foram mais "alternativos"). Ready To Die (1994), único álbum em vida assinado por B.I.G., é o representante máximo do east coast hip hop da década de 1990.


Lançado pela Bad Boy Records, o disco foi sucesso de vendas e ainda hoje é reverenciado, seja através de novos rappers que se dizem influenciados pela obra ou via a mídia especializada, que frequentemente o coloca entre os principais trabalhos do hip hop.

Logo de cara, o que primeiramente chama atenção é sua capa emblemática, que somada ao nome premonitório do disco torna-se chocante.

Sonoramente, o peso boom bap da produção - mérito do Easy Mo Bee -, os timbres de caixa na cara, as linhas de baixo encorpadas, os sons de tiro e a escolha primorosa de samples - que vão de Curtis Mayfield, James Brown, Isaac Hayves e Miles Davis, passando por Gang Starr, A Tribe Called Quest e até mesmo Dr. Dre - são imponentes até mesmo para quem não gosta de rap.

Entre diálogos e sons ambiente que ajudam a construir um enredo sonoro quase épico, Notorious B.I.G. não poupa xingamentos e ameaças, personificando o comportamento dos traficantes que conheceu quando era apenas um garoto pobre de Nova Iorque. É o puro gangsta rap autobiográfico.

Da sombria "Things Done Changed", passando pela mafiosa "Gimme The Loot", pelo diálogo com ele mesmo em "Warning", pela raivosa "Ready To Die", a obscena "One More Chance", a ostensiva "Juicy" (single de sucesso presente no disco por exigência do Puffy Daddy), a melódica/cativante/clássica "Big Poppa" (total g-funk, do baixo ao synth inicial), a reflexiva "Suicidal Thoughts" e as espetaculares "Me & My B*tch" e "Unbelievable" (com produção do lendário DJ Premier), o disco não perdoa ninguém. É o rap em seu estado mais perigoso e pesado.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Resumo do Grammy 2014 - 56ª Edição

Mais de três horas e meia de premiação, com incontáveis pontos baixos. Vou resumir para vocês como foi a 56ª edição do Grammy. Muito mais dinâmico e sincero do que assistir a premiação. E você nem precisa ficar acordado até as 03 da manhã.

Vamos aos ganhadores dos prêmios mais importantes. Nem comentarei muito porque o prêmio em si é uma piada velha. O que vale mesmo são os shows, de qualquer forma ta ai:


Álbum do Ano: Daft Punk - Random Access Memories (merecido).
Canção do Ano: Lorde - Royals (é legal, mas tão exagerando).
Artista Revelação: Macklemore & Ryan Lewis (esse categoria faria sentido se a Lorde ganhasse, mas ok).
Single do Ano: Daft Punk - Get Lucky (é o single da década).
Melhor Apresentação Pop Solo: Lorde - Royals (tão exagerando, tão exagerando).
Melhor Álbum Vocal Pop: Bruno Mars - Unorthodox Jukebox (o disco é bom).
Melhor Álbum de Música Eletrônica/Dance: Daft Punk - Random Access Memories (óbvio e justo).
Melhor Apresentação de Rock: Imagine Dragons - Radioactive (piada, cade o QOTSA?).
Melhor Apresentação de Metal: Black Sabbath - God Is Dead? (aposta segura).
Melhor Canção de Rock: Grohl/McCartney/Krist/Pat - Cut Me Some Slack (encontro histórico).
Melhor Álbum de Rock: Led Zeppelin - Celebration Day (o disco é ótimo, mas é conservador demais eles ganharem).
Melhor Performance de R&B: Gary Clark Jr - Please Come Home (justo).
Melhor Álbum de Música Alternativa: Vampire Weekend - Modern Vampires Of The City (é ok).
Melhor Álbum de Rap: Macklemore & Ryan Lewis - The Heist (o do Kendrick Lamar é melhor).
Melhor Álbum de Blues: Ben Harper e Charlie Musselwhite - Get Up! (justo).
Melhor Álbum de Jazz Solo: Wayne Shorter - Orbits (nem ouvi, mas sendo quem é deve ser bom).
Melhor DVD de Música: Paul McCartney - Live Kisses (fino, mas aqui sim o Led merecia levar).
Melhor Trilhas Sonora Para Cinema: Thomas Newman - 007 Operação Skyfall (cartas marcadas).


Agora sobre o evento!

Comecei a assistir pela internet. Entre o tapete vermelho, fotos e avaliação/descrição dos trajes, teve ótimas apresentações de uma guria guitarrista que não conheço e uma performance respeitável do Ben Harper com o Charlie Musselwhite. Mas o evento começou mesmo na performance esquecível da Beyoncé com o Jay-Z.

Transbordaram apresentações ruins: primeiro foi um moleque parecido com Justin Bieber fazendo um som tão ridículo quanto o do Bon Jovi.

Katy Perry e Pink continuam a insistir em malabarismo e coreografias circenses. Composições boas que é bom, nada.

John Legend e Taylor Swift conseguiram transformar o piano no instrumento mais chato da história.

Keith Urban coxinhou o Gary Clark Jr., embora tenha rolado um solo legal de ambos.

E finalmente, um dos momentos mais constrangedores da televisão, uma espécie de casamento onde os "mestres de cerimônia" eram Macklemore e Madonna. Vergonha alheia total.

Lorde, Carole King e Metallica & Lang Lang fizeram apresentações dignas, mas que ninguém vai lembrar. Incrível mesmo foi o encontro Willie Nelson, Kris Kristofferson e Merle Haggard. Me fez até querer ser americano. Todos presentes estavam perceptivelmente encantados.




A parceria do Paul McCartney com o Ringo Starr (que antes havia tocado "Photograph" com uma banda espetacular formada por Steve Lukather, Peter Frampton e Kenny Aronoff) também não decepcionou. Foi histórico.






Daft Punk, Nile Rodgers, Pharrell Williams e Stevie Wonder (que time, hein!) fizeram TODOS (inclusive a Yoko Ono) dançarem ao som de "Get Lucky".

E Dave Grohl, Josh Homme, Trent Reznor e Lindsey Buckingham estavam fazendo uma apresentação impecável, quando a emissora decidiu cortar a premiação no meio da música. Tremenda bola fora.


Em meio a homenagens fracas ao Phil Everly e Lou Reed, esqueceram que o Jeff Hanneman também morreu, mas lembraram do Chi Cheng e do brasileiro Oscar Castro-Neves.

Foi isso!

sábado, 25 de janeiro de 2014

TEM QUE OUVIR: Creedence Clearwater Revival - Green River (1969)

É comum encontrar quem considere o Creedence banda de rockeiro tiozinho. Isso se explica pelo fato do grupo não esboçar nenhum sinal de modernidade. Mesmo no auge criativo do grupo, enquanto seus conterrâneos de São Francisco abusavam de experiências psicodélicas, a banda encabeçada pelo genial John Fogerty preferiu fincar suas raízes no tradicionalismo. Um dos exemplos disso é o espetacular Green River (1969).


Dono de um público fiel e merecedores de boas criticas pelos álbuns anteriores, Green River é melhor acabado, embora ainda traga a crueza sonora tão típica do grupo. 

Como num surto de inspiração, o líder/guitarrista/vocalista/produtor/compositor John Fogerty entregou um punhado de canções calcadas no rockabilly, no blues e na música country tipicamente americana. Dai brotaram frutos como "Cross Tie-Walker", "The Night Time Is The Right Time" e a clássica "Bad Moon Rising". 

Os timbres orgânicos dos instrumentos e a voz potente de Fogerty soam perfeitos para a narrativa de suas letras. O maior exemplo disso é a sulista "Green River". As acachapantes "Commotion" e "Sinis Purpose", além da bela balada "Wrote A Song For Everyone", também merecem destaque. 

O grupo viria a fazer ainda mais sucesso com Cosmos Factory (1970), mas foi a partir daqui que o Creedence se estabeleceu como um dos maiores nomes da música americana. Ser básico nunca foi tão legal. Puro rock n' roll caipira.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Meus Riffs Prediletos - Parte III

Como previsto, eis a parte 3 dos meus riffs prediletos. Justificativa? É muito riff bom no mundo! Portanto não duvide se futuramente pintar uma parte 4.

Duane Eddy - Peter Gunn
Simples, comunicativo, orgânico, rústico, inventivo e eficaz. Quer mais o que?

Mountain - Mississippi Queen
Eu ouço esse riff e penso "isso é tudo que o Zakk Wylde queria ter feito". Uma verdadeira paulada.

Johnny Winter - Rock Me Baby
Quando o assunto é blues rock, poucas músicas batem de frente com essa. Muito dos méritos da canção está em sua acachapante introdução.

Kiss - Deuce
Não subestime as guitarras do KISS, elas são simples, porém eficazes. É disso que se trata o rock n' roll, certo?

Aerosmith - Draw The Line
Dentre tantos grandes momentos do Joe Perry, não poderia deixar de fora esse riff entorpecido por slides.

Nazareth - Razamanaz
Cuidado com o volume ou então você será atropelado por esse trator desgovernado em forma de música.

Focus - Hocus Pocus
Engenhoso e técnico sem perder a essência agressiva do rock.

Iron Maiden - The Trooper
É fantasioso e remete a infância. Remete também a cavalos (essa cavalgada é clássica do Iron). É carne de vaca, mas não poderia ficar de fora.

The Police - Message In A Bottle
Porque não só de peso vive o rock. Texturas timbristicas e acordes com 9ª também constroem a linguagem da guitarra.

Gang Of Four - Damaged Good
Punk, new wave e mod. Puramente inglês e potente. Exemplo de trabalho em conjunto de baixo com guitarra.

Rage Against The Machine - Bombtrack
Um dos guitarristas mais criativos de todos os tempos usando sua guitarra como ferramenta para um discurso áspero.

Black Crowes - Sometimes Salvation
É vagaroso, ébrio e revival. Ressalta a importância da pausa para se construir um riff com groove.

Green Day - When I Come Around
O primeiro riff que aprendi a tocar. Um progressão de acordes simples, mas altamente contagiante.

Racer X - Scarifield
Absurdamente técnico. De fazer guitarristas se trancarem em seus quartos para tentarem executar a música com perfeição. Até certo ponto, isso me agrada muito.

Sepultura - Propaganda
Como das outras vezes, encerrando a lista com um riff brazuca, para desmistificar que não sabemos fazer riffs. Extremamente dissonante e claustrofóbico. Tudo o que o new metal queria ser.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

TEM QUE OUVIR: Made In Brazil - Made In Brazil (1974)

Após o sucesso midiático da primeira edição do Rock In Rio em 1985, que serviu de vitrine para bandas como Paralamas do Sucesso e Barão Vermelho, muitos passaram acreditar que o rock brasileiro era fruto da década de 1980, representado pelo tal BRock. Mas é o seminal Made In Brazil, grupo marginal oriunda do bairro Pompéia, que narra a verdadeira história do rock nacional.



Antes de tudo, devo confessar que eu não morro de amores pelo som do Made In Brazil. Todavia, tenho muito respeito por essa banda que há quase 50 anos ininterruptos faz rock n' roll genuíno, tendo sempre como coluna dorsal os irmãos Celso e Oswaldo Vecchione, sendo o primeiro um guitarrista influente numa época em que pouco se via rock guitarra no Brasil.

Irmão velhaco de grupos como Os Mutantes (o primogênito), Tutti-Frutti (o rebelde) e Patrulha do Espaço (o caçula), o Made In Brazil demorou pelo menos sete anos até lançar esse seu álbum de estreia, que alguns chamam de "O Verdadeiro Disco da Banana", fazendo alusão ao clássico álbum do Velvet Underground. Antes do disco sair, a banda construiu um público fiel formado por jovens carentes por energia rockeira na música pop brasileira.

Além dos irmãos Vecchione, o Made traz na sua linha de frente o lendário Cornelius Lucifer, que se por um lado não era um grande vocalista, tinha uma voz única/rasgada, além de personalidade carismatica/forte, representadas principalmente por sua vestimenta/postura glam rock.

Todavia, musicalmente falando, é incontestável que o grande nome presente no disco é o do espetacular baterista Rolando Castello Junior, que anos depois tornou-se líder da Patrulha do Espaço. Embora as composições e arranjos do Made não tragam espaço par floreiros, sua pegada certeira é o coração das canções.

Clássicos do rock nacional preenchem todo a obra, vide "Anjo da Guarda" (tão bobinha quanto divertida), "A Mina" (rock n' roll acachapante, com direito a groove, força, ótimas guitarras e metais), "Doce" (de peso cadenciado), "Menina Pare De Gritar" (tremendo riff, um quase proto-punk à la MC5) e a criativa versão para "Aquarela do Brasil" do Ary Barroso. Álbum emblemático de uma banda seminal.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

R.I.P. Hélcio Aguirra e Roy Cicala

Em menos de 12 horas, tivemos o anúncio de duas perdas irreparáveis para a música. Falo da morte do guitarrista Hélcio Aguirra e do produtor Roy Cicala. Cada um foi extremamente importante no que se propôs a fazer e por isso merecem essa pequena homenagem aqui no blog.

Hélcio Aguirra é o eterno guitarrista do Golpe de Estado. Fez parte na década de 1980 do Harppia, uma das primeiras bandas relevantes do heavy metal nacional, que lançou em 1985 o emblemático A Ferro e Fogo. Além disso, lançou trabalhos com o grupo instrumental Mobilis Stabilis, que misturava rock progressivo com passagens de música oriental, e era um dos maiores especialistas em amplificadores valvulados no Brasil. Todavia, foi mesmo com o Golpe de Estado que ele conseguiu maior prestígios, fazendo sempre bons shows (felizmente tive a oportunidade de assistir muitos) e lançando ótimos discos, incluindo o clássico Forçando A Barra (1988). A guitarra brasileira perdeu o seu Michael Schenker tupiniquim. O hard rock brasileiro não será mais o mesmo.


Roy Cicala é uma lenda da produção musical. Seja como engenheiro de som ou como produtor, ele trabalho em clássicos do rock e da música pop dos últimos 50 anos. É simplesmente impossível que você jamais tenha escutado sequer uma música que ele tenha posto as mãos. É só pensar nos clássicos do Frank Sinatra, Elvis Presley, Ray Charles, Miles Davis, Chick Corea, Charles Mingus, Frank Zappa, John Lennon, Lou Reed, Patti Smith, Johnny Winter, The Who, Jimi Hendrix, Aretha Franklin, Elton John, Bruce Springsteen, Alice Cooper, Queen, Aerosmith, Kiss, AC/DC, Dire Straits, Sting, Blondie, Talking Heads, Bon Jovi, Prince, Madonna, dentre outros. Recentemente, vivia no Brasil e chegou a trabalhar com o Nasi e o Lobão. 

sábado, 18 de janeiro de 2014

ALGO ENTRE: Gateway e Insense

GATEWAY
Esses dias tive um sonho nonsense em que eu e o brilhante guitarrista John Abercrombie éramos degustadores de água (?). Ainda que isso não faça o menor sentido, me deu vontade de reouvir o Gateway, grupo em que continha os também geniais Dave Holland e Jack DeJohnette. É quebradeira!

INSENSE
Não entendo como essa banda não vingou. Dentro do circuito do "metal moderno" ela é uma das melhores.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

TEM QUE OUVIR: Green Day - Dookie (1994)

Em 1994 o rock vivia um de seus grandes momentos. O grunge ainda reinava (embora com sinais de pane na máquina), o britpop se manifestava com força na Inglaterra e outros grupos, vide RATM, Smashing Pumpkins e Nine Inch Nails, vendiam milhões de cópias com suas letras politizadas e/ou sombrias. Não que eu queira reclamar, mas faltava menos seriedade num período em que até o Melvins estava assinando com grandes gravadoras. Foi nessa mão que explodiu o pop punk descompromissado do Green Day, representado pelo Dookie (1994), álbum produzido pela dobradinha Rob Cavallo e Jerry Finn.


Embora lançado também por uma grande gravadora, a Reprise, o disco se diferenciava ao abordar temas banais como masturbação, maconha e ex-namoradas, como fica explicito na ótima "Longview" (excelente linha de baixo e refrão acachapante). A molecada obviamente se identificou. A MTV, rádios, revistas e o festival de Woodstock de 1994 logo sacaram a ideia da banda. O estrago estava feito.

Com guitarras falando alto e uma cozinha ultra competente, a banda deixa transparecer sua essência punk rock, vide "Having A Blast", "Chump" e "Welcome To Paradise" (atenção para as ótimas dobras vocais!), todas elas muito melódicas e pouco contestadoras, o que levou muitos a torcerem o nariz para o trio. Vale ainda destacar o apelo power pop em canções como "Burnout" e "Pulling Teeth".

Entre os principais hits do disco estão as espetaculares "She" (com o baixo preciso do Mike Dirnt) e as já clássicas "Basket Case" (ótima performance do bateria Tré Cool) e "When I Come Around" (grande riff do Billie Joe Armstrong). O apelo pop, a timbragem, execução e interação nestas faixas são extremamente azeitadas, tornando-as clássicos do período.

Com o sucesso do disco, vieram na mesma onda Rancid, Offspring, Sublime e Blink 182, influenciando centenas de grupos por todo o mundo, principalmente na virada do século. Mas foi o Green Day a banda que melhor sobreviveu ao tempo, tornando não só a artisticamente mais representativa, como também a comercialmente mais rentável, vide o sucesso que a banda alcançou década depois com o American Idiot (2004). Mas é justamente o efervescer juvenil de Dookie o mais representativo e adorável.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Arriscando em outros instrumentos

Imagine o Jimi Hendrix tocando bateria. E o Jaco Pastorius ao piano. Compartilho a opinião de que ainda que tais músicos não estivessem familiarizados com as técnicas e o fraseado de tais instrumentos, com algumas semanas de treino, coisa boa sairia. 

Penso isso porque, acima de tudo, eles são músicos e transpiram musicalidade, independente da ferramenta que estiveram em mãos. Como prova disso fiz esse post, que traz artistas fora da zona de conforto, arriscando em outros instrumentos.

Obs: não vou colocar músicos que transitam entre diferente instrumentos (vide Paul McCartney) ou que trocaram de instrumento principal ao longo da carreira (vide Dave Grohl), é mais um post de momentos raros e/ou curiosos.

01: Stevie Wonder
Eu deveria não citar os gênios também! Esses não contam, se dão bem em qualquer instrumento.

02: David Gilmour
Gilmour, o eterno guitarrista do Pink Floyd, é também estudante de sax. O mais curioso é que ele diz não usar seu vocabulário de guitarrista quando toca sax, mas justamente o contrário. É possível encontrar também no YouTube o David Gilmour tocando bateria. Além disso, muito se sabe que várias músicas do Pink Floyd tiveram o baixo gravado não por Roger Waters, mas pelo guitarrista.

03: Flea
Bem que ele queria, mas o ótimo baixista do Red Hot Chili Peppers definitivamente não é um bom trompetista. Ainda sim, sua ambição resultou em um momento "curioso". E foi justamente no Brasil.

04: Billy Sheehan
Esse virtuoso baixista não deve em nada quando o assunto é técnica, mesmo quando passa para a guitarra. Todavia, seu fraseado/vibrato faz mais sentido no baixo.

05: Robert Trujillo
Kirk Hammett que se cuide, Trujillo é um animal também nas seis cordas. Sua técnica de baixista o transformou em um violonista de flamenco (ou quase isso). Que pegada sensacional!

05: Zakk Wylde
Zakk não só grava o baixo em alguns discos do Black Label Society, mas também é um pianista abusado que adora compor canções na linha do Elton John.

06: Kiko Loureiro
Kiko Loureiro, guitarrista do Angra, usa o piano para compor e vira e mexe acaba gravando as partes do instrumento em seus discos. E ele se sai bem.

07: Frank Zappa
Para fechar com chave de ouro.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

TEM QUE OUVIR: Led Zeppelin - Led Zeppelin (1969)

O que ainda não foi dito sobre o álbum de estreia do Led Zeppelin? A história a maioria já conhece, mas vale relembrar:

Após sofrer uma debandada geral no Yardbirds, Jimmy Page - experiente produtor, músico de estúdio e único remanescente do grupo -, montou com John Paul Jones (baixista e arranjador, também com experiência em estúdio), John Bonham (bateria) e Robert Plant (voz), aquela que é para muitos a melhor/maior banda de rock de todos os tempos. Como cartão de visitas está esse disco, gravado com pouca grana (que saiu do bolso do Page) e em poucas horas. Foi mais que o suficiente para nascer um clássico.


"Good Times, Bad Times" abre o disco chocando todos os ouvintes da época, até mesmo John Lennon, que disse que não sabia que uma banda poderia soar "desta forma", ou seja, tão pesada e tecnicamente impecável. Destaque para a levada de bumbo impressionante do Bonham.

E o que falar da emblemática "Dazed And Confused"? Não da para saber o que é melhor: a linha de baixo misteriosa de John Paul Jones, o groove discreto/pesado de Bonham, a voz potente de Plant ou o solo épico do Page.

E transbordam canções maravilhosas por todos o disco, vide a linda "Babe I'm Gonna Leave You" (atenção para a alternância da dinâmica, indo do acústico pastoral para o heavy metal soturno num piscar de olhos); o blues tão amado pelos ingleses "You Shook Me"; a sublime "Your Time Is Gonna Come"; o folk-indiano-lisérgico "Black Mountain Side" (que contém uma enigmática afinação de violão inspirada no Bert Jansch); e a inacreditavelmente pesadíssima (e pré-heavy metal) "Communication Breakdown".

Sejamos sensatos, se você não conhece esse disco de cabo a rabo, você não sabe nada sobre rock n' roll. Obrigatório!

sábado, 11 de janeiro de 2014

TEM QUE OUVIR: Miles Davis - Kind Of Blue (1959)

Sejamos francos, o jazz não é um estilo que causa paixão imediata na maioria das pessoas. Dada a velocidade do mundo atual, as longas improvisações do gênero são soterradas nos destroços da mediocridade contemporânea. Mas essa não precisa ser a regra. Por isso trago ao "Tem Que Ouvir" deste humilde blog uma obra seminal deste estilo outrora popular e hoje marginalizado, embora eternamente desafiador, encantador e rico. Falo do impecável Kind Of Blue (1959) do Miles Davis.


Embora eu pouco entenda de jazz, falarei dos motivos pessoais que me levaram a conhecer e adorar o álbum. 

Primeiramente, ele é amplamente aclamado como um dos grandes clássicos do estilo, sendo uma espécie de "Sgt. Pepper's do jazz". Já o Miles Davis é um dos músicos mais consagrados do século XX. Ele produziu freneticamente por toda sua vida e esteve em constante mutação, absorvendo diversos estilos e linguagens, sendo que aqui ele investe na sonoridade tradicional de um sexteto, explorando melodias modais - eis o tal jazz modal - e apresentando qualidade absurda nos improvisos e temas.

Com a ignorância de leigo, é possível olharmos com desconfiança para o disco, todavia, Kind Of Blue ganha o ouvinte rapidamente. Os temas são assobiáveis, as improvisações fluem com espontaneidade e a execução é de genialidade rara na história da música. Tudo isso é explicado a partir dos músicos envolvidos.

O primeiro a chamar atenção é o lendário baixista Paul Chambers, que extraia notas preciosas no tema de estrutura simples de "So What", além de proporcionar ótimos momentos de walking bass. O solo do Miles é de dramaticidade exuberante, completamente oposto a virtuosidade frenética do bebop tão em voga até então. Atenção ainda para o ataque na prato mais celebrado da história da bateria aos 1 minuto e 32 segundos.

Na sequência temos o blues "Freedie Freeloader", com direito ao piano delicado de Wynton Kelly. Todavia, é importante lembrar que o piano no restante do disco ficou a cargo do genial Bill Evans, que se destaca logo na introdução da sofisticada "Blue In Green".

Mas são os solos impecáveis de Miles Davis (trompete), John Coltrane (sax tenor) e Julian Cannonball Addderley (sax alto) nas deliciosamente imponentes "All Blues" e "Flamenco Sketches" que guiam o ouvinte para outra dimensão. Além da técnica impressionante, o que há de mais apaixonante é o frescor das melodias. A complexidade dos improvisos são um contraponto a síntese dos temas.

Dito tudo isso, cabe a nós deixarmos de lado os 140 caracteres do Twitter, a velocidade das informações, os filmes/discos/livros que nada dizem e aprofundarmos no território do jazz com o atemporal Kind Of Blue.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

ALGO ENTRE: Sparks e System Of A Down

SPARKS
Não me pergunte nada, no auge da minha ignorância estou conhecendo isso somente agora. E estou achando demais. 

SYSTEM OF A DOWN
Ontem, no meio de uma conversa, essa música veio à tona. Fazia tempo que eu não ouvia. É sensacional. 

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

TEM QUE OUVIR: Iron Maiden - Powerslave (1984)

Vou iniciar esse texto com uma premissa: os cinco primeiros álbuns do Iron Maiden precisam ser escutados. Não importa o quão você goste de heavy metal, tais obras são de grande valor estético e justificam o amor que muito moleque espinhento tem pelo grupo. O último grande ato deste material é o Powerslave (1984), diga-se de passagem, meu disco predileto da banda.


Nesta altura no campeonato, o Iron Maiden já havia inaugurado a NWOBHM (New Wave Of British Heavy Metal), flertado inicialmente tanto com o punk rock - para desgosto do Steve Harris - quanto posteriormente com o rock progressivo - comandado pelo Steve Harris -, feito tours de enorme sucesso e vendido discos feito água. Qual a novidade envolto ao Powerslave então? Nenhuma em especial, com exceção do aperfeiçoamento na arte de compor e executar canções.

"Aces High" é a síntese do heavy metal. Da sua introdução épica, passando por agitados estrofes, refrão pegajoso e solos virtuosos. Tudo soa coeso. Outra característica que atrai o ouvinte são as melodias vocais do Bruce Dickinson, vide a excepcional "2 Minutes To Midnight", que traz em sua letra uma dramaturgia de terror nuclear narrada com certa inocência, ainda que divertida.

Chove por todo o disco ótimas linhas de baixo, riffs marcantes, refrães memoráveis e a cadência típica da banda. Como destaque é possível citar a instrumental "Losfer Words (Big' Orra)", a impecável "Powerslave" e a grandiosa/épica "Rime Of The Ancient Mariner".

Resumindo, deixe o preconceito de lado e escute essa banda que é um dos maiores baluartes do heavy metal em seu último grande trabalho (os fãs que lerem isso vão chiar, mas não importa, é a verdade). Eis a epítome do gênero.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Bons momentos do POP escrachado

O POP (com letras garrafais) é um estilo com predileção comercial natural. Sendo assim, é comum o estilo se render a pasteurização sonora, que dilui a arte até não sobrar nada.

Claro, nomes como Michael Jackson, Prince, Madonna, Kate Bush, Tears For Fears, Kylie Minogue, dentre tantos outros, podem me desmentir através de composições/produções complexas. Mas hoje não quero falar sobre o "pop inteligente", quero abordar o "pop questionável". São canções legais que rockeiros conservadores não cansam de tentar deslegitimar, mas que eu adoro. 

E pra vocês, quais são as melhores músicas do pop rasteiro? Deixem nos comentários.

Spice Girls
Muito além de uma piada ou saudosismo, o primeiro álbum das Spice Girls tem um punhado de boas canções, muito bem produzidas e tocadas.

Christina Aguilera
Nem vou postar músicas da fase Back To Basics para não humilhar demais. Escute a outrora pavorosa (e a partir de agora maravilhosa) "What A Girl Wants". Me diga se ela não é uma ótima cantora e se o groove da música (além da impecável produção) não são demais.

Beyoncé
E ainda tem gente que diz que o pop atual não é legal. O que dizer então da rebuscada "Countdown". Algo me diz que o Peter Gabriel adoraria a composição. Escute também a maravilhosa (e total Jackson 5) "Love On Top", isso sem falar da pesada (méritos também do Jay Z) "Crazy In Love". Beyoncé sabe de tudo.

Britney Spears
Ela pode ser um produto, cantar mal, o que for... Eu acho essa música é sensacional.

Lady Gaga
É um pastiche de glam rock? Sim, mas funciona. Com direito a solo do Brian May. Até mesmo a letra é bacana. A Lady Gaga tem boas canções.

Katy Perry
Confesso, nunca me aprofundei no repertório da Katy Perry, mas acho ela muito legal. Já vi seu show pela TV e achei alto astral. Gosto dos seus principais hits ("California Gurls" e "Dark Horse"). Já tá ótimo.

Justin Timberlake
A composição é boa, a produção impecável, ele dança e canta bem. Se fosse o Michael Jackson todos aplaudiriam, mas como é o Justin Timberlake a "galera do rock" fica com pé atrás.

Bruno Mars
Cara, isso é muito Police! A "Treasure" também merece uma busca, é disco music revisitada com qualidade.

Anitta
Só para chutar o balde. A parte do dubstep é sensacional!
Obs: e só pra deixar registrado, Kelly Key também tem seus acertos.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

TEM QUE OUVIR: The Police - Reggatta De Blanc (1979)

Em 1979, a fusão do rock com o reggae já era conhecida. Fosse Eric Clapton, Rolling Stones, The Clash, The Specials ou Madness, fato é que o flerte entre os estilos já não era mais novidade. Após fracassarem comercialmente numa tentativa desesperada de fazer punk rock no primeiro disco - ainda que seja ótimo -, o Police encontrou sua fórmula perfeita no Reggatta De Blanc (1979), traduzido "Reggae de Branco".


Formado por Andy Summers, um guitarrista inventivo e experiente; Stewart Copeland, um dos bateristas mais talentosos e influentes do rock; e o artisticamente subestimado - apesar do sucesso comercial - Sting, cantor/baixista/compositor multifacetado; o grupo aprimorou o som com camadas sonoras e levadas que inspiraram muito da década seguinte.

É justamente na faixa instrumental "Reggatta De Blanc" em que o trio deixa explícita sua admiração pelo reggae. Seja na linha de baixo minimalista ou na bateria cheia de balanço, a introdução soa moderna e desafiadora. O mesmo vale para a futurista e climática "Bring On The Night". 

É possível ainda encontrar vestígios de punk rock na espetacular "It's Alright For You" e new wave na ritmicamente desconcertante "Deathwish".

É interessante observar as harmonias não convencionais (eis o famoso intervalo de nona) e texturas timbristicas avançadas que o Andy Summers propõe, criando uma enorme cama sonora. O maior exemplo disso é a clássica "Message In A Bottle", que fez enorme sucesso. O mesmo vale pra "Walking On The Moon", um reggae vagaroso de extremo bom gosto, a começar pela pausada linha de baixo.

Reggatta De Blanc é o auge criativo da banda, ainda que eles tenham alcançado maior sucesso comercial com Synchronicity (1983). Todavia, é justamente o clássico álbum de 1979 o de sonoridade mais orgânica e naturalmente inspirado.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Músicas para animar o verão

Ah, o verão! Estação do ano em que o calor é dos infernos e as férias escolares anima as famílias (ou não). No meu caso, nada disso me causa grande alegria, mas nada me impede de tentar entrar neste clima festivo com um set de músicas bacanas. 

Aqui está algumas delas, para tentar fugir dos "hits de verão" que envelhecem mais rápido que pão.

01: The Beach Boys - Wouldn't It Be Nice
Só para não perder a tradição. [1]

02: The Ventures - Wipe Out
Só para não perder a tradição. [2]

03: The Specials - Too Much Too Young
Ska e Rock em sintonia. Tudo que o Sublime queria ser e passou longe.

04: Pixies - Here Comes Your Man
Essa música exala alegria, sol, viagem com amigos, praia... Nem parece que estamos falando de uma das bandas mais barulhentas do Rock Alternativo.

05: Bob Marley - Waiting In Vain
Todo verão aparece aquele amigo querendo dar uma de natureba se metendo a colocar "Reggae perninha/classe média" para ouvir. É tão difícil assim jogar fácil e ir de Bob Marley?

06: Jorge Ben - Taj Mahal
É som de festa. É o som que embalaria os trios elétricos e micaretas se quem as frequentasse tivesse um pouquinho só de critério. Como não é o caso, Chiclete com Banana serve de bom grado.

07: Os Replicantes - Surfista Calhorda
Punk Rock do Sul no maior clima de verão.

08: Ultraje A Rigor - Nós Vamos Invadir Sua Praia
O Roger pode até ser o novo panaca da música brasileira, mas dentro do seu repertório tem músicas legais. Essa é uma delas:

10: Nação Zumbi - A Praieira
"Uma cerveja antes do almoço é muito bom pra ficar pensando melhor". Nada faz mais sentido no verão do que isso.

domingo, 5 de janeiro de 2014

TEM QUE OUVIR: Nazareth - Razamanaz (1973)

O que há de mais legal no rock n' roll é que ele não precisa ser inteligente, técnico ou inovador para ser sensacional. Prova disso é Razamanaz (1973), terceiro disco do subestimado Nazareth, que traz tudo aquilo que qualquer álbum de hard rock deveria conter. 


Para quem está acostumado somente com a radiofônica "Love Hurts", Razamanaz vai soar revigorante. O disco é uma cacetada crua e sincera feita por trogloditas do rock.

Logo de cara, a acachapante "Razamanaz" sai pelos falantes transformando o que estiver pela frente em resíduo. A guitarra do Manny Charlton é brilhante em sua imundice. A bateria do lenhador Darrel Sweet faz a pegada do John Bonham se assemelhar a do Milton Banana. E o que dizer da voz do Dan McCafferty? Ela transmite a energia de quem fumou três maços de marlboro e tomou uma garrafa de conhaque barato.

Entre o blues-rock, hard rock e até heavy metal, o Nazareth desfila um punhado de composições acima de qualquer suspeita, vide as espetaculares "Too Bad Too Sad" e "Woke Up This Morning" (com direito ao Manny Charlton debulhando sua técnica de slide). O grupo também acerta nas releituras de "Alcatraz" (Leon Russell) e "Vigilant Man" (Woody Guthrie).

Esse é o típico disco que não mudou o mundo, não vendeu feito água e muito menos foi elogiado pela crítica, mas que faz a cabeça de quem curte o mais puro rock n' roll. Abra uma cerveja e seja feliz.

Detalhe importantíssimo: a produção é do Roger Glover.

sábado, 4 de janeiro de 2014

ALGO ENTRE: The Butterfield Blues Band e The Police

THE BUTTERFIELD BLUES BAND
O espetacular guitarrista Mike Bloomfield em um de seus melhores momentos. [1]

THE POLICE
O espetacular guitarrista Andy Summers em um de seus melhores momentos. [2]

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

TEM QUE OUVIR: Suede - Suede (1993)

Quando olhado rapidamente pelo retrovisor, o rock da década de 1990 parece se resumir ao lançamento do Nevermind e ao suicídio do Kurt Cobain. Por mais impactante que tenham sido ambos os eventos, é obviamente incorreta essa visão. 

Enquanto o grunge reinava nos EUA, do outro lado do atlântico, bandas redescobriam suas origens melódicas no britpop. Influenciado tanto por The Kinks quanto por David Bowie e Pet Shop Boys, o Suede é um dos melhores representante desse momento do rock inglês, sendo seu disco de estreia um clássico que precisa ser constantemente revisitado.



Desde sempre tido como a nova promessa do Rock britânico por revistas como Melody Maker e NME, ficou fácil para o Suede chegar até o público, sendo a primeira obra lançada pela gravadora Nude a fazer sucesso.

A provocativa capa contendo um beijo gay infantil ajudou ainda mais na divulgação do disco. Mas não só a capa tem conteúdo homossexual, vide as fortes letras do Brett Anderson, um cantor de voz ímpar, que mistura a dramaturgia do Morrissey com um falsete muito particular, vide "The Next Life".

Se "Moving" tende para a bissexualidade e "She's Not Dead" está relacionada a tentativas de suicídio motivadas por abuso de drogas, canções como "Sleeping Pills" e "Breakdown" acompanham poeticamente as músicas interligadas por uma carga emocional assustadora. Enquanto isso, "Animal Lover" é dedicada ao ladrão de namoradas Damon Albarn (Blur), novo companheiro da Justine Frischmann (Elastica), ex-namorada do Brett Anderson.

Entretanto, o que tornou a audição do álbum realmente irresistível é a qualidade das melodias, principalmente nos refrães. Isso pode ser exemplificado nas ótimas "So Young" e "Animal Nitrate". As guitarras intensas do talentoso Bernard Butler também chamam atenção em faixas como "Phantomine Horse".

A base para o britpop, que iria crescer ainda mais através do Blur e Oasis, encontra-se em canções como "The Drowners" e "Metal Mickey". Ou melhor dizendo, encontra-se por todo o disco, que embora tenha feito muito sucesso, hoje parece esquecido num limbo de preciosidades.