quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Músicas para animar o seu Halloween

Partindo do pressuposto que o Halloween (ou Dia das Bruxas) virou data para curtir com amigos e se vestir de zumbi, nada mais justo que criar um playlist divertido condizente com a data. 

Fiz ano passado, nesta mesma data, um post sobre músicas aterrorizantes. Leia clicando aqui. Ainda que "aterrorizantes", elas tem tudo para animar seu Halloween.

Obs: Evitem Michael Jackson e seu manjado "Thriller".


John Carpenter - Halloween Theme
Tema inesquecível na história do cinema. Denso. Um prefácio do que está por vir.

Dead Kennedys - Halloween
Faixa mais sugestiva eu não conheço. Imersa no tema, tem peso e tem astral.

Johann Sebastian Bach - Toccata And Fugue In D Minor
Aquele som vampiresco do órgão catedrático do Bach. Lindo, soturno, barroco, fúnebre. Funciona

Louis Armstrong - The Skeleton In The Closet
A voz mais cavernosa do jazz numa canção de teatralidade sinistra.

Misfits - Last Caress
Ao contrário do que muitos pensam, as músicas dessa cultuada banda tão mais pra um rock n' roll descompromissado do que propriamente para o punk rock anárquico. As canções são melódicas, curtas, divertidas e tem aquele conteúdo mórbido que tanto faz bem para a alma.

Zumbis do Espaço - A Marca dos 3 Noves Invertidos
Falando em Misfits, lembrei do "representante brasileiro" (dado as devidas proporções). É um punk rock bobinho e divertido. Clássico da adolescência. 

Candlemass - Bewitched
Melhor ainda se acompanhado do tão terrível quanto divertidíssimo clipe. Banda icônica de doom metal, que trouxe uma aura épica para riffs sabbaticos.

Black Sabbath - Blach Sabbath
Falando neles. Dispensa apresentações. Uma canção que ainda hoje não perdeu a força.

Ozzy Osbourne - Bark At The Moon
Ah, vale uma da carreira solo do Ozzy também, né? Essa é uma boa. Tem aquela bobeira "assustadora" típica do Ozzy. 

Screamin' Jay Hawkins - I Put A Spell On You
O pai do rock n' roll macabro, ou melhor dizendo, do shock rock. Pode parecer uma simples música divertida e teatral, mas tem um teor mórbido que aterrorizou uma geração.

Arthur Brown - Fire
O cara que influenciou KISS, Alice Cooper e tantos outros artistas fúnebres. "Fire" é um clássico ultra divertido.

Alice Cooper - Desperado
O maior nome do rock teatral não poderia ficar de fora da lista. Adora essa faixa do álbum Killer (1971), que tem o peso hard rock da época somado à um arranjo orquestrado misterioso.

KISS - Strutter
O KISS é sempre bem vindo quando o assunto é festa. Quando é Halloween então, não tem erro. Pode colocar o primeiro (e subestimado) disco deles e deixar rolando que é só acerto.

Van Halen - Runnin' With The Devil
Van Halen é pura diversão e essa música cabe bem na data.

Venom - Don't Burn The Witch
Black metal que nada, Venom é puro NWOBHM. É rock n' roll simples com temas macabros e satânicos, além de produção sujona. Se quiser chutar o balde vá de Slayer, mas se quiser ser minimamente razoável vá de Venom.

Nick Cave - Red Right Hand
Ele sabe como contar histórias assustadoras. Que climão sensacional.

Rob Zombie - Living Dead Girl
Moderno, pesado, divertido e com forte influência de filme B de terror. Sensacional.

Cramps - I Can't Hardly Stand It
Toda festa, independente do tema, tem que ter Cramps. Simples assim.

Christian Death - Romeo's Distress
Banda seminal daquilo que ficou conhecido como death rock, nada mais que um rock gótico vitaminado. Essa faixa energética é a mais conhecida do grupo. 

Ghost - Spirit
Representantes do shock rock contemporâneo. De visual e som chocantemente divertido.

Mayhem - Freezing Moon
Quando já estiver todo mundo querendo ir embora, coloque um som do Mayhem pra fechar o rolê com chave de chorume.

The Shaggs - It's Halloween
Nada mais assustador. Pra acabar com a festa.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

TEM QUE OUVIR: Luiz Melodia - Pérola Negra (1973)

Um burburinho de elogios rondava a cena artística sobre um jovem compositor carioca antes mesmo dele lançar seu primeiro trabalho. Torquato Neto, Gal Costa, Jards Macalé e até mesmo os exilados Caetano Veloso e Gilberto Gil, todos estavam apaixonados pelas composições de Luiz Melodia. Foi diante deste clima que foi lançado Pérola Negra (1973). De imediato o público entendeu o porquê do alvoroço. 


Na linha tênue entre os medalhões da música brasileira e os compositores dito malditos, Luiz Melodia pode até ter chamado atenção dos artistas consagrados, mas foi influente mesmo é para a Vanguarda Paulista - não é mesmo, Itamar Assumpção? -, movimento ousado que abrilhantou a cena musical brasileira uma década após o lançamento deste disco. 

Pérola Negra tem o típico ecletismo brasileiro, sempre abordando lindas melodias, estruturas ousadas, produção crua e cuidadosas performances, sugando o que há de melhor na música brasileira e, até mesmo, do blues. Entre as faixas que fizeram mais sucesso está a linda "Estácio, Holly Estácio" e a clássica "Pérola Negra", regrava anteriormente pela Gal Costa.

Impossível passar indiferente diante da carga emocional de canções como "Abundantemente Morte" - com clara influência de Gilberto Gil - e da lindíssima "Magrelinha". Essa beleza é ressaltada graças ao canto majestoso de Luiz Melodia, vide a impecável/sacolejante "Vale Quanto Pesa".

Quem curte rock n' roll tipicamente brasileiro tem que dar atenção para as ótimas "Farrapo Humano" e "Objeto H". 

Como se não bastasse tudo isso, ainda é possível encontrar no disco um samba espetacular ("Estácio, Eu e Você"), rock com vestígios de Jovem Guarda ("Pra Aquietar") e um forró com participação improvável do lisérgico Damião Experiença ("Forró de Janeiro"). Versatilidade é isso. Incrivelmente o álbum não deixa de ser coeso.

Nomes nunca foram tão apropriados. Trazendo 10 composições de sua autoria, Luiz Melodia fez jus ao seu sobrenome artístico com verdadeiras pérolas da música brasileira.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

0023: Vinícius de Moraes e Tom Jobim - Garota de Ipanema (1962)

No mês do centenário do Vinícius de Moraes, nada mais justo que reouvir uma de suas mais conhecidas canções, feita em parceria com Tom Jobim. Falo da clássica e até mesmo manjada, "Garota de Ipanema". 

Feita em homenagem a uma ainda juvenil Helô Pinheiro, que tinha sua beleza admirada pelo dois compositores sempre que passava na frente do lendário Bar do Veloso, a canção é a segunda composição mais executada no mundo, perdendo apenas para "Yesterday" dos Beatles.

Lendas a parte, fato é que a música foi fundamental para a popularização da Bossa Nova fora do país, sendo executada pelos mais diversos artistas, como Frank Sinatra, Stevie Wonder, Madonna, Amy Winehouse, Nara Leão, Roberto Carlos, Caetano Veloso, Gal Costa e até mesmo o Sepultura, além de ser um chavão dos artistas gringos quando fazem apresentações no Brasil.

Dentre inúmeras versões conhecidas, talvez a mais completa esteja presente no disco Getz/Gilberto, lançado em 1964, que traz a canção sendo executado pela Astrud Gilberto, João Gilberto, Stan Getz e Tom Jobim. A faixa fez enorme sucesso mundo afora e contribuiu para que disco a ganhasse o Grammy (não o latino, o geral mesmo) de melhor álbum do ano. E pensar que tudo começou com Vinícius de Moraes no Bar do Veloso.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

TEM QUE OUVIR: The Velvet Underground - White Light/White Heat (1968)

Em 1968 o movimento hippie ainda reinava no rock. A mensagem era de paz & amor, coberta por cores vivas, com o LSD sendo consumido feito água e o sexo praticado de forma livre. Diante deste fato surgiu o Velvet Underground, a antítese de tudo isso, aniquilando o espírito flower power antes mesmo do fatídico assassinato em Altamont ou da barbárie cometida por Charles Manson e sua seita.



Se o clássico primeiro trabalho da banda - o disco da banana, lançado em 1967, arquitetado pelo Andy Warhol - já contextualizava uma Nova York sombria, ocupada por prostitutas, travestis e viciados em heroína, White Light/White Heat foi ainda mais fundo, não somente nas letras, mas também na atmosfera instrumental, que se por um lado não resultou em sucesso comercial, por outro desencadeou em milhares de bandas influenciadas. Foi aqui que o rock soou pela primeira vez perigoso.

O lado A do vinil é marcado pela chocante poesia que acompanhou toda a vida do Lou Reed. Se "Lady Godiva's Operation" discorre a mudança de sexo de uma drag queen, acompanhado de uma percussão primitiva e guitarra insistentemente melódica, "White Light/White Heat" é sobre o uso de anfetaminas. E o que dizer de "The Gift", uma poesia surrealista interpretada em cima de um instrumental esquizofrênico.

Já o lado B tem somente duas faixas: "I Heard Her Call My Name", uma aula de como tocar guitarra sem grande desenvoltura técnica; e "Sister Ray", com 17 minutos de feedback, distorções e dissonâncias, servindo de fundo - as vezes atropelando - para uma história recheada de, "pra variar", sexo, drogas e violência.

White Light/White Heat não influenciou somente bandas, mas gêneros, tanto enquanto estética musical, quanto por postura e atitude. Glam rock, punk rock, pós-punk, gótico, industrial, noise, grunge, shoegaze, drone, rock avant-garde, lo-fi, indie rock... tudo é resultado dessa obra marginal. Méritos do Lou Reed, John Cale, Sterling Morrison e Mo Tucker, iconoclastas do sonho hippie.

domingo, 27 de outubro de 2013

TEM QUE OUVIR: The Band - Music From Big Pink (1968)

A indústria do entretenimento norte-americana é especialista em fabricar fenômenos populares diluindo sua música até não sobrar nada. Por outro lado, quando bebe na raiz da sua cultura, costuma apresentar ao mundo verdadeiras maravilhas. É neste segundo patamar que encontra-se Music From Big Pink (1968), disco de estreia da The Band.



Curiosamente formada em maior parte por canadenses, a The Band foi buscar inspiração na música folk americana, isso tanto nas melodias quanto nos arranjos, inclusive utilizando com propriedade instrumentos como rabeca e bandolins. Esse tipo de abordagem se contrapunha a explosão elétricas que o rock psicodélico oferecia na época. Todavia, tanto o público movido por drogas lisérgicas, quanto músicos como Eric Clapton - também movido pelas drogas -, assimilaram perfeitamente a proposta do grupo.

Conhecida até então como banda de apoio do Bob Dylan, a The Band juntou um punhado de canções maravilhosas para construiu seu debut. Dylan cooperou com o grupo cedendo não somente a pintura da capa, mas também três lindas composições: a vagarosa "Tears Of Rage", a ácida "This Wheel's On Fire" (regravada um ano depois pelos Byrds) e a balada "I Shall Be Released".

Os teclados grandiosos, com timbres particulares e abordagem sinfônica do Garth Hudson, surgem na dramática "In A Station" e na rockeira "Chest Fever". A guitarra subestimada do Robbie Robertson chama atenção em "Caledonia Mission". Já o lendário Levon Helm presenteia os ouvintes com sua pegada eficaz na bateria e voz belíssima no grande clássico da banda, a emblemática "The Weight", faixa perfeita para ouvir na estrada. Talvez por ter despertado esse mesmo sentimento em Dennis Hopper e Peter Fonda, é que ela foi parar no lendário filme Easy Rider (1969).

Produzido por John Simon, Music From Big Pink é uma abordagem bastante particular da música americana, feita por uma das bandas mais influentes do seu tempo.

sábado, 26 de outubro de 2013

TOP 5: Fases/Discos subestimados

Bandas duradoras passam por diferentes momentos. Tem a fase clássica, a mediana, a de riscos, de erros, a que ninguém lembra (já falei sobre isso, leia aqui) e a subestimada. É exatamente sobre essa última que falarei hoje. Sem enrolação, vamos a elas:

01: The Doors - The Soft Parade
Esse é o álbum menos aclamado dos Doors. Curiosamente, é também dos melhores. Pode até não ser tão urgente, vigoroso e influente quanto os primeiros, mas as composições, arranjos,letras e a execução de todos os membros da banda nunca esteve tão afiada. Mais uma prova de que o Doors é daquelas bandas que muitos dizem gostar, mas poucos escutam.

02: U2 - POP
O U2 pode ser acusado de muitas coisas, mas não de fazer discos ruins. Mesmo o famigerado POP (1997) tem um punhado de composições legais e ótima produção, que flerta diretamente com a música eletrônica. É sem dúvida a fase mais criticada da banda. Erroneamente, avalio eu.

03: Metallica - Black Album
Tudo bem, é a fase que eles definitivamente explodiram comercialmente, vendendo milhões de discos, chegando ao mainstream como nenhuma outra banda de metal. Como pode então ser subestimada? Acontece que entre o público fã de thrash metal, o disco é muito mal visto. É verdade que a produção é extremamente polida e as composições tem muito apelo comercial, mas quem disse que isso é ruim? Pode não ser a melhor fase da banda, mas tem momentos memoráveis.

04: Green Day - American Idiot
Em American Idiot (2004), o Green Day deixou de ser uma banda adolescente de punk rock com canções divertidas, para trabalhar em composições mais sérias, com ótimos arranjos e execução cuidadosa. Afinal, eles já eram adultos. Mas vivíamos o auge do tal "pop-emocore", aquele mesmo do Simple Plan. Ou seja, não adiantou fazer músicas boas. Os olhos pintados do Billie Joe e a cara de triste não caíram bem, então muita gente (principalmente aqui no Brasil) jogou a banda para o escanteio, colocando-os no mesmo saco das ditas bandas emos.

05: Guns N' Roses - Chinese Democracy
O mais polêmico da lista. Mas deem uma nova chance. Escutem o disco sem pensar no antigo Guns N' Roses. Não pensem na figura patética que o Axl virou. Não pensem na demora que o disco levou para ser feito. Apenas escutem. Pode não ser o máximo, mas não é essa porcaria que falam. É até mesmo ousada a influência do industrial no som do grupo. Fora que tinham excelentes instrumentistas nessa fase.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

TEM QUE OUVIR: Slayer - Show No Mercy (1983)

Devo confessar uma coisa: eu menti. Quando escrevi aqui no blog sobre o disco Kill 'Em All (1983) do Metallica (leia aqui) eu disse: "Kill Em All inaugurou a podreira, representada na violência de riffs embriagados por cerveja quente. O álbum é a trilha sonora das ruas de São Francisco. O Metallica criou uma verdadeira bomba atômica". Mas a verdade é que a grande explosão quem criou mesmo foi o Slayer com o Show No Mercy, também de 1983.


Assim como os dois discos são importantes/emblemáticos/cultuados, ambos são mais "difíceis" para uma geração mais nova, principalmente por apresentarem uma crueza/desgraceira/porradaria difícil de assimilar. Eu mesmo, que gosto das duas bandas, prefiro seus trabalhos posteriores, vide Master Of Puppets (Metallica) e Reign In Blood (Slayer), ambos terceiros discos das respectivas banda, ambos lançados em 1986. Tão percebendo as semelhanças? 

Longe da produção pesada e consistente feita nos discos posteriores com ajuda do Rick Rubin, aqui a banda ainda se esforçava pra soar a mais agressiva possível, sem grandes técnicas de gravação. É a mais pura crueza e brutalidade humana falando alto.

Em poucos mais de 30 minutos, o Slayer elevou ao extremo o satanismo proposto anos antes pelo Venom, pegou a velocidade do Motörhead e acrescentou ainda mais energia, além de acentuar o clima de terror que o Mercyful Fate começava a explorar. Ainda assim, é possível encontrar momentos bastante melódicos influenciados pela NWOBHM, vide a impiedosa "The Antichrist". 

Entre inúmeros clássicos do thrash metal estão as absurdamente sensacionais "Black Magic" e "Show No Mercy", ambas com riffs clássicos da dupla Kerry King/Jeff Hanneman e o bombardeio bateristico de um ainda ícone em formação Dave Lombardo.

Resumo da ópera, para matar qualquer comparação/polêmica: se o Metallica conseguiu dinheiro e fama, o Slayer ficou com a admiração e o prestigio. E nós, meros ouvintes, ganhamos duas pedradas sonoras infernais.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

O horrendo cantar do porco sodomizado

Lá pelos meus 15 anos, durante o colégio, entrei numa fase de procurar bandas de metal o mais extremas possível. Não precisava ter qualidade - era até melhor que não tivessem -, o lance era ser detestavelmente agressivas. Desta pesquisa mais divertida que enriquecedora, saíram grupos que escuto até hoje, vide Krisiun, Lamb Of God e Meshuggah. Mas o que mais curtia encontrar eram bandas com o famoso "cantar do porco sodomizado", termo cunhado por mim. Escutem e entendam.

Essas bandas me faziam rir. Acho que a ideia era essa mesmo. Não levem tão a sério e talvez vocês possam curtir também.

Waking The Cadaver
Goregrind (um grindcore ainda mais absurdo) pesado e extremo, com letras insanas. Foi com essa banda que conheci o subgênero splatter, que se caracteriza por ser extremamente violento (somente nas canções, que fique claro) e berrado. "Chased Through The Woods" é um clássico.

Job For a Cowboy
Essa banda até que é bastante conhecida no mundo da porquice. Deathcore ultra técnico e brutal, com vocais que melhor representam o cantar do porco sodomizado. Acho que dá pra considerar o Doom (2005) um clássico do metal extremo.

Carnifex
Talvez a banda mais séria das aqui citadas. Acontece que o deathcore deste grupo é tão extremo que me causa risos. Meu clipe predileto era o do "Lie To My Face".

Amputated Genitals
Quais são as chances reais de uma pessoa chegar do trabalho/escola com vontade de ouvir uma podreira dessas? E de produzir esse material? O dia tem que ter sido infernal.

GUT
Imagine o Faustão apresentando essa banda: "Torturer Of Lacerated And Satanic Tits na guitarra, Organic Masturbator Of 100 Splatter Whores na bateria, Spermsoaked Consumer Of Pussy Barbacue nos vocais e programação. Eles vêm direto a Alemanha com o seu pornogrind. Sua demo Drowned In Female Excrements tem causado grande repercussão, tanto no pessoal quanto no profissional. Olha aí, bicho, quem sabe faz ao vivo. Com vocês, GUT. Logo depois dos reclames do plim-plim".

Attack Attack
Banda tosquissima de screamo que flerta com sonoridades eletrônicas horríveis. O visual, as danças, a postura caricata de rebeldia... é tudo tão ruim que eu divertido. Perdi a conta de quantas vezes vi o clipe de "Stick Stickly". 

Pinto Sujo
Não precisa dizer mais nada.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

TEM QUE OUVIR: Suzi Quatro - Suzi Quatro (1973)

Uma das maiores qualidade do rock é de que ele não precisa soar "certinho" para ser bom. Muito pelo contrário, a atitude é que é o grande atrativo do estilo. No caso da Suzi Quatro, sobra essa característica, sendo seu homônimo disco de estreia, lançado em 1973, um verdadeiro terremoto no irritantemente machista mundo do rock.


Tudo bem, nesta altura do campeonato o estilo já havia se deparado com grandes nomes femininos - vide Janis Joplin e Grace Slick (Jefferson Airplane) -, mas a força por trás daquela garota linda de Detroit, de postura raivosa, no comando de uma banda formada por homens, era embasbacante. Empunhando de forma imponente o baixo, ela tocava, berrava e encantava os ouvintes, jogando para escanteio qualquer tipo de preconceito.

As composições do disco são calcadas no rock n' roll básico difundido pelo Status Quo e abusado posteriormente pelo AC/DC. É possível notar isso principalmente nas faixas em que o guitarrista Len Tuckey é o compositor, vide "Glycerine Queen" e "Shine My Machine", ambas simples na forma, mas energicamente eletrizantes na execução.

Os produtores Mike Chapman e Nicky Chinn também dividem as composições em duas ótimas canções, "Primitive Love" e "Can The Can". Vale destacar também a esquisita "Skin Tight Skin".

Entretanto, "48 Crash" é mesmo o carro-chefe do disco. Seu refrão pegajoso levou a música ao primeiro lugar de toda a Europa, influenciado milhares de garotas a entrarem no mundo do rock (não é mesmo, Joan Jett?).

Vestida de couro e com uma feição simpaticamente ameaçadora, como se fosse uma versão feminina do Marlon Blando em O Selvagem (1953), Suzi Quatro escancarou as portas para as mulheres no rock, fazendo isso com bravura e competência musical inquestionável. 

domingo, 20 de outubro de 2013

7 bandas/guitarristas para entender a guitarra de 7 cordas

Hoje, enquanto assistia no Multishow o ótimo show do Korn no Monsters Of Rock, de forma rápida e descompromissada listei no twitter 7 - não por acaso 7 - bandas/guitarristas para "entender" a guitarra de 7 cordas. A palavra certa não é entender, mas talvez conhecer.

Em que consiste uma guitarra de 7 cordas? Consiste em uma guitarra de 7 cordas! Pergunta idiota, resposta cretina.

Afinada comumente em Si (B), a sétima corda acrescentada torna-se a mais grave do instrumento, produzindo timbres mais pesados ou, ao menos, dando essa sensação. Sem mais papo furado, vamos ouvir um pouco mais desse instrumento tão sensacional.

01 - Dino 7 Cordas
Antes de falar da guitarra de 7 cordas, é importante lembrar do violão de 7 cordas, tão usado na música erudita, no folk e bastante presente na música brasileira, tanto no samba quanto no choro. Um dos principais representantes desse instrumento é o lendário Dino 7 Cordas, músico que acompanhou o Cartola, Canhoto, Jacob do Bandolim, dentre outros. A sétima corda, no seu caso, serve para produzir maravilhosas linhas de baixo que funcionam como um walking bass. Reproduzir seus ritmos sincopados em paralelo com as melódicas linhas de baixo não é tarefa fácil.

02 - George Van Eps
Tido como o "pai da guitarra de 7 cordas", George Van Eps usou sua sétima corda para dar ainda mais riqueza harmônica ao seu instrumento, além de produzir melodias mais fluidas com as notas agudas. Seu estilo de tocar é ainda hoje admirado - e imitado - por guitarristas como John Pizzarelli.

03 - Steve Vai
Por mais influente, genial e interessante que seja escutar os músicos citados acima, a guitarra de 7 cordas só foi começar a ganhar mais popularidade nas mãos do Steve Vai, lá no final da década de 1980. Virtuoso que é, o guitarrista desbravou a sétima corda e extraiu ideias bastante criativas do instrumento. Uma curiosidade: o modelo de guitarra da Ibanez que levava a sua assinatura foi usado pelos próximos dois citados na lista.

04 - John Petrucci (Dream Theater)
O mesmo dito para o Steve Vai vale para o John Petrucci, só que alguns anos depois. Com ele foi possível perceber pela primeira vez os timbres ultra encorpados que esse tipo de guitarra é capaz de produzir.

05 - Korn
Por mais que diversos músicos explorassem o instrumento, a guitarra de 7 cordas ficou marcada nas mãos da dupla do Korn, onde ganharam de vez a popularidade. Os guitarristas Head e o Munky deram vida e linguagem única para as guitarras, explorando timbres pesados, acordes dissonantes e afinações baixas. Agora a guitarra de 7 cordas não era somente conhecida, mas também uma ferramenta imprescindível pra produzir uma determinada linguagem e estilo.

06 - Meshuggah
No gueto do heavy metal, lá no meio da década de 1990, estava a dupla do Meshuggah, virando o mundo da guitarra do avesso com seu peso avassalador, solos jazzisticos e ritmos frenéticos. O Korn pode até ter popularizado de vez o instrumento, mas se hoje é possível ver ele nas mãos de milhares de músicos famintos por novas sonoridades, isso se deve aos ótimos Marten Hangstrom e Fredrik Thordendal.

07 - Tosin Abasi
Filho bastardo na escola do Meshuggah. O djent, estilo de som ultra pesado e ritmos quebrados, é a nova bomba do heavy metal. Sobrou ao Tosin Abasi (Animals As Leaders) levantar a bandeira desta nova geração, nem que para isso seja necessário extrapolar o instrumento, tendo em vista que ele agora usa guitarras de 8 cordas.

Outros músicos que merecem citação e, obviamente, audição: Lenny Breau, John Pizzarelli, Charlie Hunter, Raphael Rabello, Yamandu Costa, Egberto Gismonti, Tony MacAlpine, Trey Azagthoth (Morbid Angel), Stephen Carpenter (Deftones), Dino Cazares (Brujeria e Fear Factory), Jeff Loomis (Nevermore), Misha Mansoor (Periphery) e Rusty Cooley.

sábado, 19 de outubro de 2013

ALGO ENTRE: Cascadura e U.K.

CASCADURA
Diretamente da Bahia, a grande banda brasileira de rock n' roll deste milênio. As composições são maravilhosas e trazem elementos do pop rock. Sempre bom dar uma reouvida. Difícil aceitar que a banda não tenha maior exposição.

U.K.
Brilhante time de músicos. Na estreia contavam com Allan Holdsworth, Bill Bruford, John Wetton e Eddie Jobson. O resultado é complexo. A linha tênue entre o jazz-rock e o rock progressivo, beirando o aor em alguns momentos.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

TEM QUE OUVIR: The Jam - All Mod Cons (1978)

Imagine crescer ao som de Beatles, The Who, The Kinks, Small Faces, Traffic e tantas outras bandas da década de 1960, tornar-se adolescente e ver explodir diante de seus olhos o punk rock de grupos como Sex Pistols e The Clash. Foi partindo deste diagnóstico que surgiu na Inglaterra o The Jam, trio liderado pelo gigante Paul Weller, que chegou ao ápice em seu terceiro álbum, o excelente All Mod Cons (1978).


Apesar do som calcado no rock clássico inglês, a banda se diferencia do típico pub rock por conta de sua abordagem e postura mais clean, inspirada em partes por grupos de blue-eyed soul. Todo esse caldeirão de referências deu luz ao mod revival, que, diga-se de passagem, é tudo o que o britpop 90's quis ser, além de ser a influência direta para a nova geração do rock inglês - como o Arctic Monkeys -, e até mesmo para muito do que foi feito no Brasil na década de 1980, vide o Ira!.

De um processo de composição cansativo, em que a gravadora já olhava com certo olhar de desconfiança após dois fracassos comerciais, surgiu All Mod Cons. Como uma espécie de mini-óperasas canções formam um entrelaçado comportamental inglês, observado através dos olhos de Paul Weller e vivenciado por personagens fictícios.

O álbum ganha vida através das composições do Weller, que criou um estilo próprio sem negar as influências, ganhando respeito tanto nos grandes circuitos artísticos, quanto no subúrbio inglês. E o mais embasbacante, com apenas 20 anos. 

Instrumentalmente é o baixo pulsante do Bruce Foxton que salta aos ouvidos, a começar pela energética "All Mod Cons". Liricamente é possível encontrar de tudo no enredo. Do sujeito utópico ("Billy Hunt"), passando pelo jovem vagabundo ("Mr. Clean") e o consumista desenfreado ("In The Crowd"). 

Com vestígios do britpop sessentista ("It's Too Bad"), power pop ("To Be Someone"), pub rock ("Billy Hunt"), punk rock ("Down In The Tube Station At Midnight", onde qualquer semelhança com "Ciúmes" do Ultraje A Rigor não é por acaso) além de melodias pop tipicamente inglesas ("English Rose"), o The Jam deu uma nova direção para o rock e ressuscitou a importância do cotidiano nas letras.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

As várias facetas do violão

Se tem um instrumento que todos já tocaram (ou ao menos tentaram tocar) é o violão. Ao menos no Brasil é assim. Talvez por ele ser financeiramente mais acessível quando se comparado a outros instrumentos. O fato dele ser tão presente na nossa música popular também ajuda. Até mesmo seu ruído tolerável e a cultura de ser um instrumento de acompanhamento contribuem para esse sucesso. Todavia, fato é que o violão é um instrumento tão popular quanto pouco conhecido. Explico o porquê.

Sempre tive e toquei violão. Por outro lado, me sinto intimidado em dizer "hey, eu toco violão", afinal, não toco nenhum dos estilo que o instrumento "propõe". Não que exista uma regra, mas existe uma linguagem, fraseado, repertório e técnicas a serem adquiridas. Sempre toquei rock e nada é mais chato que rock no violão em rodinha de churrasco. Por isso, decidi mostrar aqui o que, na minha humilde opinião, realmente cai bem no violão.

Música erudita
O violão foi durante muitos anos marginalizado na música erudita. Era o instrumento típico da música popular profana. Além disso, não produzia som o suficiente para competir com outros instrumentos da orquestra. Sendo assim, foi sendo deixado de lado pelos grandes compositores. Ainda assim é possível encontrar compositores/instrumentista que dedicaram a vida ao instrumento, sendo Luis Milan, Francesco Corbetta, Gaspar Sanz, Ferdinando Carulli, Mauro Giuliani, Fernando Sor, Francisco Tárrega, Andrés Segovia, Julian Bream, Leo Brouwer e John Williams os mais conhecidos. No Brasil, não podemos esquecer do falecido professor Henrique Pinto e do respeitado internacionalmente Fábio Zanon. Escutar o Segovia é entrar em contato com interpretação, timbres e dinâmica que valem por uma orquestra inteira.

Música brasileira
As possibilidades do violão dentro da música brasileira são imensuráveis. Cada estilo tem sua característica, vide a harmonia jazzistica e a batida sincopada da bossa nova do João Gilberto; o timbre grave e as linhas de baixo grandiosas do samba e choro do Dino 7 Cordas; a MPB cheia de balanço de compositores como Jorge Ben, Gilberto Gil, Djavan e João Bosco; a harmonia sofisticada de Guinga, Lula Galvão, Toninho Horta e Paulo Bellinati; além é claro da linguagem ampla de instrumentistas virtuoses como Dilermando Reis, Luiz Bonfá, Egberto Gismonti, André Geraissati, Ulisses Rocha, Yamandu Costa, Raphael Rabello e os membros do Doufel. Todas essas características são possíveis de se encontrar num único elemento. Falo do genial Baden Powell.

Música folk
A música folk sempre teve o violão como principal instrumento de composição e acompanhamento. Seja pelas mãos de Hank William, Johnny Cash, Bob Dylan ou Paul Simon, ela serviu de referência até mesmo para as bandas de rock. Tem como negar a influência da música folk nas obras do Jimmy Page, Neil Young, David Gilmour, Richard Thompson ou Mark Knopfler? É claro que não. Dentre as maiores referências no violão folk está o Bert Jansch, espetacular instrumentista que fez parte da lendária banda Pentangle.

Música flamenca
Adoro a sonoridade do violão flamenco, mas devo confessar que não conheço muitos instrumentistas do estilo. Sempre me dei por satisfeito com um em especial. Falo obviamente do Paco de Lucia. Sua técnica de dedilhado, fraseado exuberante e groove típico do estilo são impressionantes.

Jazz
Após o Charlie Christian eletrizar o instrumento no jazz, parece que toda a história do violão no estilo foi apagada. Ainda assim, Al Di Meola, John McLaughlin e, aqui no Brasil, o Hélio Delmiro, vira e mexe resgatam o instrumento. Mas nada soa mais bonito para mim quanto o gypsy jazz (ou jazz cigano) de caras como Django Reinhardt. É ouvir e ser levado diretamente para uma passado de efervescência cultural, principalmente de Paris.

Blues
O blues mais raiz que existe. Só perde por aquele cantado nas plantações de algodão ou acompanhado só pela batida do pé. Não costumo ouvir, mas admiro muito a obra criada por nomes como Robert Johnson, um dos mais influentes compositores/instrumentistas de todos os tempos.

A "nova linguagem" do violão
Tudo bem, a "linguagem" nem é tão nova assim, tem quase 30 anos, mas fato é que o violonista Michael Hedges criou um novo estilo de tocar que não pertence a nenhum dos já citados. Sua técnica era inovadora, as composições traziam doses de experimentalismo para world music e a new age, suas referências eram amplas (por exemplo, ainda que não pareça, Dimebag do Pantera era um de seus guitarristas prediletos) e ele conseguia timbres jamais extraídos do instrumento. Curiosamente, hoje em dia é possível sentir sua enorme influência em milhares de músicos espalhado pelo YouTube, sendo que alguns deles apresentaram um trabalho mais coeso e despontaram na carreira, vide Tommy Emmanuel, Kaki King, Phil Keaggy e Andy Mckee.

Depois de escutado tudo isso, da para entender o porquê de tocar Legião Urbana no violão em churrasco nunca fez minha cabeça, né.

domingo, 13 de outubro de 2013

TEM QUE OUVIR: A Cor do Som - Ao Vivo Em Montreux (1978)

A música brasileira sempre chamou atenção dos gringos, algumas vezes até mais do que dos próprios brasileiros. Basta lembrarmos o sucesso/respeito conquistado fora do país por nomes que vão do Tom Jobim ao Sepultura. Lançado em 1978, o disco ao vivo da Cor do Som representa um rico momento da música brasileira internacionalmente.


Contemporâneo de obras como Heavy Weather (1977), clássico do jazz rock lançado pelo Weather Report, Ao Vivo em Montreux (1978) da Cor do Som é o registro da primeira participação de um grupo brasileiro no lendário festival suíço, que anos depois receberia nomes como Pepeu Gomes, Elis Regina e Paralamas do Sucesso. Misturando rock, choro, música brasileira e jazz, A Cor do Som representa o que há de mais interessante na música instrumental brasileira e, porque não dizer, no fusion mundial.

O disco não vendeu nada, sendo que o grupo só tornou-se rentável após o lançamento do álbum Frutificar (1979), muito mais pop, embora ainda interessante. Nesta época a banda ainda se dividia entre canções autorais e prestação de serviço como músicos de apoio do Moraes Moreira.

Encabeçado pelo virtuoso /guitarrista Armandinho, o grupo nomeado pelo Caetano Veloso tinha também na sua formação o espetacular baixista Dadi Carvalho (Novos Baianos, Jorge Ben e o próprio Caetano). Mu Carvalho, hoje compositor e produtor musical da Rede Globo, é quem comandava os teclados. Com um time desse nível, bastou juntar um punhado de boas composições e se garantir na execução. E foi exatamente isso que eles fizeram.

"Dança Saci" e "Chegando da Terra" abrem o disco comprovando que o Mu Carvalho não devia em nada para os músicos gringos. A longa "Arpoador" é encantadora pelo seu balanço brasileiro e virtuosismo fora do comum. Armandinho destrói sua peculiar guitarra baiana em companhia do também excelente Aroldo, criando contrapontos incríveis e esbanjando técnica que deixaria até mesmo Al Di Meola e Eddie Van Halen impressionados, sempre com influência da música brasileira, como no choro "Espírito Infantil" e no frevo "Festa na Rua".

Para fechar o repertório, duas versões esplêndidas que dizem muito sobre o conceito da banda: "Brejeiro" do Ernesto Nazareth e "Eleanor Rigby" dos Beatles. A música brasileira poucas vezes soou tão impressionante.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

0022: Black Sabbath - Black Sabbath (1970)

Amanhã tem show do Black Sabbath em São Paulo. Subirão ao palco para essa apresentação histórica 3/4 da formação original do grupo. O baterista Bill Ward não topou participar da reunião por questões: financeiras (segundo ele) ou/e física (segundo o restante da banda). Sendo assim, ele foi substituído pelo competente Tommy Clufetos.

Mas por que esse show causa tanta euforia e ansiedade em gente que até ontem detratava o heavy metal e mal sabia quem era o Geezer Butler (sendo que eu aposto que muitos continuam sem saber)? Além dos fatores banais que o evento proporciona - como doses moderadas de rebeldia rockeira e o status por participar de um privilegiado público que ficará diante de um patrimônio musical -, há uma questão nostálgica, até mesmo para uma juventude que sequer os pais tinham se conhecido quando a banda se separou no ano de 1979. Resumindo, o que faz o show do Black Sabbath ser algo tão importante é ficar diante de uma entidade musical que não é o mero hype do ano. Eles são os criadores de um fenômeno musical e social (por que não?) chamado heavy metal.

Gravado em poucas horas com baixo orçamento por quatro garotos pobres da cidade industrial de Birmingham (Inglaterra), o disco Black Sabbath (1970), lançado numa sexta-feira 13, trazia logo em seu início a tenebrosa faixa homônima "Black Sabbath". O clima aterrorizante proporcionado pelo som da chuva, o ritmo cadenciado tribal e a letra mística, foram inspirados nos filmes de terror que levavam milhares de pessoas aos cinemas para sentirem medo. Daí saiu o conceito genial da banda, arquitetado pelo letrista, baixista e "líder intelectual do grupo", Geezer Butler. E pode apostar, se ainda hoje a faixa não passa despercebida, há mais de 4 décadas atrás ela fez muito cidadão conservador se borrar de medo.

O riff em trítono - intervalo dissonante que chegou a ser proibido pela igreja católica - é um dos grandes feitos do guitarrista Tony Iommi. Sim, aquele mesmo que teve seus dedos amputados numa máquina de corte e que ainda sim continuou tocando seu instrumento.

Sua estrutura musical é simples, mas sua execução é furiosa. O mesmo pode-se dizer da interpretação vocal do Ozzy, que se por um lado não tem uma grande voz, por outro sempre soube dar vida as suas canções.

Por tanto, esqueçam a pesada "Helter Skelter" (The Beatles) e obscuros grupos como o Pentagram, o heavy metal definitivamente nasceu aqui!

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

TEM QUE OUVIR: Fatboy Slim - You've Come A Long Way, Baby (1998)

O final da década de 1990 foi peculiar. O anseio por conta da virada do milênio fez com que muitos alimentassem a ideia de mudança brusca, fantasiando uma sofisticação tecnológica que beirava a ficção científica. Essa foi a geração Matrix, a mesma geração que via na música eletrônica o futuro. Por conta disso, grupos que antes formavam um gueto cyberpunk, agora comandavam a música pop, vide o sucesso que o Prodigy atingiu. Mas ninguém foi mais bem sucedido nisso que o DJ/produtor Fatboy Slim, que juntou um punhado de boas composições no já clássico You've Come A Long Way, Baby (1998)



O épico dançante "Right Here, Right Now" abre o álbum com um ousado sample de James Gang, banda tradicional de rock n' roll que nada interessava os fãs de e-music. Em compensação, a sensacional "Gangster Tripping", com seu groove pesado herdado do hip hop e metais de soul music, tem samples do cultuado DJ Shadow, um guru da produção musical eletrônica.

Sem pudores ou pretensão de ser respeitado pela critica, Fatboy Slim enche sua música de "fucking" na sensacional "Fucking In Heaven". O típico peso do big beat aparece na eletrizante "Build It Up, Tear It Down", com direito a refrão rocker pegajoso. Mas nada tocou mais que a irritantemente grudenta "The Rockafeller Skank", faixa que ganha o ouvinte na base da insistência. Outra música que fez bastante sucesso foi a melódica "Praise You".

A sonoridade do álbum é extremamente encorpada, revelando que o Norman Cook, o homem por traz do alter ego Fatboy Slim, é também um produtor talentoso. Isso fica claro nas ótimas "You're Not Fron Brighton", "Love Island" e "Acid 8000".

É possível encontrar um humor paranoico no miami bass da "Kalifornia" e na descontraída "Soul Surfing", tornando a audição do disco rápida e prazerosa. You've Come A Long Way, Baby estabeleceu de vez a música eletrônica como expressão jovem, festiva, pesada e com apelo popular, sendo secundária qualquer outra observação.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

ALGO ENTRE: Ennio Morricone e Bad Brains

ENNIO MORRICONE
O mestre das trilhas sonoras do western spaghetti.

BAD BRAINS
Da banda mais violenta e rápida do punk rock, para o instrumental mais bem executado do estilo.

domingo, 6 de outubro de 2013

TEM QUE OUVIR: Genesis - Selling England By The Pound (1973)

Após o surgimento do punk rock, o rock progressivo passou a ser marginalizado por conta de sua sofisticação incompreendida tanto pela crítica quanto por grande parte do público. Mas em 1973, não era o Sex Pistols que passava por cima da monarquia inglesa e vendia milhões de discos. Essas características eram atribuídas ao Genesis, seminal grupo que lançou naquele ano o brilhante Selling England By Yhe Pound, um dos principais registros do rock progressivo. 


Distante do pop rasteiro feito anos depois pela banda sob holofote do Phil Collins, aqui eles ainda era comandados por um excêntrico/genial/performático Peter Gabriel. Restou ao Phil Collins fazer o que melhor sabia: tocar bateria. Sua técnica, dinâmica e criatividade não por acaso o colocam entre os grandes ícones do instrumento. É possível observar isso na genial faixa que abre o disco, a impecável "Dancing Whit The Moonlit Knight" e seus 8 minutos de crítica a aristocracia inglesa, tapping pré-Eddie Van Halen e arranjo quase sinfônico.

Se "I Know What I Like (In Your Wardrobe)" foi um hit na época de seu lançamento, "Firth Of Fifth" é a que melhor sobreviveu ao tempo, tornando-se um dos maiores clássicos do rock progressivo. Desde sua linda introdução de piano tocada pelo Tony Banks, até o solo de guitarra épico e ultra melódico do guitarrista Steve Hackett, tudo soa coeso e extasiante, emocionando há décadas ouvintes mundo afora.

Calcado na típica musica folk inglesa, Phil Collins distribuí seu senso melódico na linda "More Fool Me", enquanto as longas "The Battle Of Epping Forest" e "The Cinema Show" tem duração suficiente para todos esbanjarem elevado nível técnico diante da riqueza das composições.

Muito mais melódico e acessível que todas as outras bandas contemporâneas do progressivo, o Genesis construiu uma carreira de deslizes, mas são os acertos que devem ser lembrados, sendo Selling England By The Pound o principal deles.

sábado, 5 de outubro de 2013

Se afundando nos resíduos do rock alternativo (ou "Uma aula de como tocar guitarra de forma impiedosa")

Sábado, 19hs, de bobeira em casa, decido que é a hora certa de sujar sua mente com resíduos sonoros do rock alternativo. O lance é ficar na linha tênue entre a depressão e a euforia. 

Sonic Youth
Os reis das guitarras barulhentas. Mas lá no fundo, por trás de toda cacofonia, estão melodias agradáveis.

Pixies
Tudo o que o Nirvana queria ser e de certa forma foi.

Nirvana
Não disse! Adoro o subestimado disco de estreia do grupo.

Ministry
Quando o peso nos amplificadores valvulados são jogados no meio de timbres eletrônicos brutais.

Dinosaur Jr.
Gosto muito do Nirvana, mas tudo que falam dos atributos sonoros da banda, na verdade deveria ser atribuído ao Dinosaur Jr.. J Mascis é um ícone marginal da guitarra.

The Jesus And Mary Chain
É disso que eu tô falando! Escutem esse solo, é uma podridão maravilhosa.

My Bloody Valentine
O encontro perfeito das guitarras ruidosas com os vocais ultra melódicos. Clássico do shoegaze.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

TEM QUE OUVIR: Herbie Hancock - Head Hunters (1973)

Em 1973, quando Herbie Hancock partiu para as gravações de Head Hunters, ele já era um experiente músico de jazz, autor de trabalhos "tradicionais" no estilo, assim como de verdadeiras experimentações de vanguarda. Isso além, é claro, de ter participado do segundo quinteto clássico do Miles Davis. Vindo de álbuns ousados - e nada rentáveis - e apaixonado pela música funk que ouvira nos discos do James Brown e da Sly & The Family Stone, Herbie Hancock gravou essa pérola do jazz-funk/fusion e deu um salto ainda maior na sua carreira, desta vez alcançando o prestigio tanto da critica quanto do público.


Ao tentar criar sua própria Family Stone, Herbie Hancock juntou um time de músicos inacreditável, que incluía o baixista Paul Jackson, o saxofonista Bennie Maupin, o percussionista Bill Summers e o baterista Harvey Mason.

O curto repertório é primoroso. Assim como próprio termo jazz-funk presume, as composições são calcadas em harmonias sofisticadas e improvisos que se assemelham a diálogos, tudo isso embalado por ritmos dançantes. Prova disso é "Watermelon Man", música que já havia sido gravada em 1962, mas que aqui ganhou um balanço extra, de malemolência quase latina.

O swingue inacreditável de "Chamaleon" é hipnotizante, com direito a timbres revolucionários extraídos pelo Herbie de pianos elétricos e sintetizadores. Sua linha borbulhante de baixo (synth-bass) é não menos que contagiante e memorável. Por ser a faixa mais longa do disco, é também a que vai mais longe nos improvisos.

A homenagem ao funk não poderia ser mais descarada do que em "Sly", inspirada em vocês sabem quem. O groove frenético e o solo do Bennie Maupin nesta faixa beiram o absurdo. Por sua vez, a sofisticação climática de "Vein Melter" nos leva a uma viagem sonora única. Lindo.

Inspirando diretamente artistas como Quincy Jones, Stanley Clarke, Marcus Miller, Level 42, Jamiroquai, Incognito, Ed Motta e Banda Black Rio, além de disponibilizar um arsenal de samples para nomes como Tupac Shakur, Nas, Coolio, LL Cool J, Beck, George Michael e Madonna, é fácil entender o porquê de tantos beberem do jazz-funk lisérgico deste disco. Icônico desde a capa.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

O Big 4 tinha que ser Big 6

Por que existe o Big 4 do thrash metal? Por que não ser um Big 6? Esse post é na verdade um manifesto em favor de duas bandas espetaculares do thrash metal americano: o Exodus e o Testament.

Ambas pertencem a mesma época/cenário em que também participava os grupos do Big 4 (Metallica, Slayer, Megadeth e Anthrax) e as duas são tão relevantes quanto as outras, talvez não comercialmente (mas até ai o Anthrax não chega nem perto do Metallica), embora igualmente apreciadas pelos verdadeiros fãs do estilo. Veja o porque:

Exodus
Pergunte a qualquer headbanger que viveu a década de 1980 sobre o The Ultimate Revenge Combat Tour Live (1985) e você obterá declarações emocionadas sobre o mítico show envolvendo o Venom, Slayer e o subestimado Exodus. Foi do Exodus que saiu Kirk Hammett, o guitarrista solo do Metallica. A banda teve também na sua formação o cultuado vocalista Paul Baloff, além do Gary Holt, um dos melhores guitarrista do estilo, atual líder da banda e guitarrista do Slayer, substituindo o falecido Jeff Hanneman. Qualquer um que gosta de metal tem que conhecer os clássicos Bonded By Blood (1985) e Fabulous Disaster (1989). E caso alguém pergunte, a banda ainda hoje se mantém em forma, fazendo apresentações impecáveis e discos pesadíssimos, com destaque para o Shovel Headed Kill Machine (2005), que contém o Paul Bostaph (atual Slayer) na bateria.

Testament
De todas as bandas de thrash metal oriundas da década de 1980, o Testament talvez seja a mais técnica. Chuck Billy é um vocalista impecável e o Alex Skolnick um guitarrista muito acima da média, dono de ideias transbordam as barreiras do heavy metal. Paul Bostaph (sempre ele) já passou pelo grupo, mas hoje quem empunha as baquetas é o lendário Gene Hoglan (ex-Dark Angel, ex-Death). Escutar o Testament é entrar em contato com músicas extremamente bem feitas, executas impecavelmente e produzidas de forma moderna. The New Order (1988) e Practice What You Preach (1989) são os trabalhos mais aclamados da banda, mas ainda hoje o grupo lança verdadeiros petardos, vide o recente Dark Roots Of Earth (2012).

O thrash metal tem dezenas de boas bandas, em todos os lugares do mundo e de diferentes épocas (vide Sepultura, Korzus, Pantera, Lamb Of God, Kreator, Destruction, Death Angel, Overkill, dentre outras), mas é justamente do Big 6 americano a grande nata do estilo.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

TEM QUE OUVIR: Dire Straits - Dire Straits (1978)

Não era nada fácil se destacar como guitarrista no final da década de 1970. De um lado tínhamos Eddie Van Halen, reinventando o instrumento com pirotecnias avançadas. Mais a frente o Andy Summers, levantando a bandeira da harmonia sofisticada, levadas de reggae e texturas incríveis com o The Police. Logo abaixo o Johnny Ramone, chutando o balde com seu punk rock direito. E pra terminar, Nile Rodgers, resgatando o funk em grooves geniais da disco music. No meio desta encruzilhada estava Mark Knopfler, optando por reinventar o instrumento com ferramentas já conhecidas, embora esquecidas: o blues e a country music. Marcando sua estreia está o disco homônimo do Dire Straits lançado em 1978.


Mas não era só o Mark Knopfler a ovelha negra, o Dire Straits como um todo parecia deslocado no mundo do rock. Entre seus integrantes, não havia nenhum egocêntrico/drogado/raivoso, como acontecia nas bandas punks da época. O Dire Straits era formado por jornalistas, professores e estudantes de sociologia. Talvez por isso o grupo demorou tanto para decolar. Em contrapartida, bastou a Warner Bros lançar as músicas para o sucesso aparecer. Era como se os antigos fãs do Creedence Clearwater Revisited - agora trintões -, tivessem novamente uma banda para acompanhar.

Nitidamente bebendo da fonte do J.J. Cale, James Burton, Bob Dylan e do pub rock inglês, Mark Knopfler construiu com seu dedilhado complexo e timbre delicado de fender stratocaster, momentos seminais na história da guitarra. Veja, por exemplo, "Down To The Waterline", excepcional faixa em que ele parece costurar a canção com pequenos solos de guitarra.

Os arranjos, assim como a produção, são simples, porém primorosos. Cada nota parece ter recebido um cuidado especial na execução. É possível sentir esse comprometimento nas ótimas "Water Of Love", "Six Blade Knife" e "In The Gallery". Mas nada é mais marcante que "Sultans Of Swing", uma brilhante composição calcada na música country, de longo e inspiradíssimo solo, que conseguiu fazer enorme sucesso no auge do punk rock e da disco music. 

Influenciando de Eric Clapton à Johnny Marr (The Smiths), Mark Knopfler conseguiu seu espaço, não só na história da guitarra, mas da música como um todo, principalmente enquanto encabeçou o Dire Straits.