sábado, 31 de agosto de 2013

TEM QUE TER: Alice Cooper - Billion Dollar Babies (1973)

Em 1973, Alice Cooper já era um artista diferenciado. Fãs e critica esperavam ansiosamente o sucessor de School's Out (1972). A ascensão do genial performer veio então com Billion Dollar Babies (1973), seu grande clássico registrado na companhia da Alice Cooper Band.


Produzido por Bob Ezrin, o disco definiu a magia por trás do personagem Alice Cooper. Bastante calcado no hard rock, embora com elementos orquestrados típicos do produtor, a obra tem nas letras o clima de terror que veio a influenciar (conceitualmente) o Marilyn Manson e bandas tanto de death metal quanto de hard rock. É possível observar isso na mórbida "Raped And Freezin'", ainda que seu instrumental glam rock disfarce o conteúdo da canção.

Mas é a épica "Hello Hooray" que abre o disco. Seu arranjo sofisticado chega remeter ao conceito de ópera rock estruturado pelo The Who anos antes. Isso volta a se repetir na impecável "Unfinished Sweet". 

O subestimado guitarrista Glen Buxton despeja sua pegada avassaladora na espetacular "Elected".

No grande hit do álbum, a contagiante "No More Mr. Nice Guy", é impossível não cantar junto o refrão. Alias, o disco é cheio de melodias vocais irresistíveis, fato que talvez explique a participação improvável do Donovan na clássica "Billion Dollar Babies". 

O lado B do vinil ainda reserva diversas outras maravilhas, vide "Generation Landslide", "Sick Things" e "I Love The Dead".

Vale lembrar que o álbum tinha formato de carteira e que continha no encarte uma nota de um bilhão de dólares. A prova de que bugiganga em discos não é coisa nova.

O trabalho rendeu bastante dinheiro ao Alice Cooper, visto que chegou ao topo da parada britânica e americana. Com isso ele pode deixar seu show ainda mais atrativo e sanguinolento, vide a famigerada guilhotina usada na tour. O mito estava consolidado.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Nile Rodgers: Gênio do POP

Já faz quase uma semana desde o último (e patético) VMA e as pessoas ainda estão fazendo piada sobre a apresentação da Miley Cyrus (como se alguém esperasse algo genuinamente interessante ali). 

Mas o que me chama atenção é que os mesmos que riram da ex-Hannah Montana, também não fazem a mínima ideia de quem é Nile Rodgers, o genial produtor/compositor/guitarrista que esteve presente na festa ao lado do Daft Punk (um dos poucos momentos relevantes do VMA). 

Ou seja, num português correto, foda-se a Miley Cyrus e sua dança esdrúxula semi-erótica feita exclusivamente para chocar (e incrivelmente conseguiu, palmas para ela, vaias para os corneteiros). Aprendam a dar atenção ao que realmente merece.

Por favor, sem "piadas" do tipo "parece o Djavan". Juro que já li isso umas 10 vezes no Twitter.

Esse (novamente) genial produtor/compositor/guitarrista americano nasceu no dia 19 de setembro de 1952. Entre doenças, vícios e polêmicas, Nile Rodgers arquitetou a música POP do século XX com suas produções e guitarras ultra swingadas. Quer exemplos? Tá preparado pra um caminhão de hits excepcionais? Então vamos lá!

Chic
A "grande" banda da disco music. O Chic é um dos poucos grupos da época que não soam datado atualmente. Embora eles fossem liderados pelo Nile Rodgers, seu parceiro, o genial baixista Bernard Edwards, não fica em segundo plano. Eis uma pérola de ambos:

Sister Sledge
A prova de que as melhores canções da disco tinham a mão de Nile.

Diana Ross
Diana, sucesso da cantora lançado em 1980, tinha a produção de adivinhem quem. A faixa de abertura do álbum é uma pedrada. 

INXS
Um dos primeiros hits produzido pelo Nile Rodgers fora da chamada "black music". A música é uma das mais legais do INXS e tem uma guitarra cheia de influência do próprio Chic.

David Bowie
Talvez a parceria mais emblemática do Nile. Entre inúmeros excepcionais trabalhos lançados pelo David Bowie, Let's Dance (1983) foi o mais rentável. É o melhor? Não. Mas tem como ignorar faixas como "Modern Love", "China Girl" e a própria "Let's Dance"?
É importante lembrar que enquanto as guitarras base ficaram a cargo de Nile, os solos foram executados por um ainda desconhecido Stevie Ray Vaughan.

Madonna
Quando Madonna conquistou seu reinado com o Like A Virgin (1984), adivinhem quem estava na produção. O primeiro grande disco da Rainha do POP.

Duran Duran
O subestimado Duran Duran lançou bons discos durante toda sua carreira, sendo que no ótimo Notorious (1986) tiveram a colaboração imprescindível de Nile. 

Daft Punk
O grande hit de 2013. A típica canção dançante que agrada a todos. Não importa se você é fã de rock progressivo, jazz ou apenas um ouvinte da rádio Jovem Pan, essa música é o pop perfeito feito para as massas. A volta da sonoridade disco arquitetada pelo grande mestre do estilo.


Mas lógico que nem tudo é obra-prima. Nile Rodgers falhou miseravelmente logo quando parecia que nada ia dar errado. Escute seu trabalho feito com Jeff Beck e Mick Jagger e comprove. É uma tristeza. Mas tudo bem, acontece até mesmo com os melhores.

Vale lembrar que sua biografia, Le Freak, é não menos que excepcional. Não deixem de ler. Não deixem de ouvir a obra do Nile Rodgers.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

TEM QUE OUVIR: The Jimi Hendrix Experience - Electric Ladyland (1968)

Jimi Hendrix teve uma das carreiras mais produtivas da história da música. Embora extremamente curta, ele não perdeu tempo e registrou álbuns inacreditáveis, que evidenciam um artista em plena evolução. O terceiro e último álbum gravado com o seu trio Experience, o impecável Electric Ladyland (1968), é a demonstração máxima de uma mente genial no auge de sua criatividade.

Embalado numa linda capa que trazia mulheres nuas perfeitamente posicionadas, a foto foi ridiculamente censurada e trocada por uma imagem que retrata a entrega espiritual do Hendrix. É justamente essa capa que ficou mais conhecida no Brasil.



Muito mais diversificado e maduro quando se comparado aos trabalhos anteriores, Hendrix demonstrou vasta versatilidade enquanto instrumentista, cantor, compositor e produtor. Enquanto "Have You Ever Been (To Electric Ladyland)" é calcada na soul music e "Come On (Let The Good Times Roll)" no blues-rock, "Crosstown Traffic" é um dos grandes momentos do rock psicodélico (baita groove, peso e carisma).

Noel Redding, o músico menos aclamado do trio, demonstra todo seu poder de fogo em "Little Miss Strange", faixa de sua autoria em que ele voa pelo baixo, canta com personalidade e ainda faz guitarra base para Hendrix debulhar em mais um espetacular solo.

É neste disco que está a genial versão para "All Along The Watchtower" do Bob Dylan, que tratou de considera-la a interpretação definitiva. Não por acaso, visto qué é uma passagem de guitarra melhor que a outra. Fora que é o tipico exemplo em que o estúdio vira instrumento nas mãos do criador. Inclusive, aqui vale mencionar a importante colaboração do lendário engenheiro de som, Eddie Kramer.

É impossível também passar despercebido diante do groove de "Gypsy Eyes" e do experimentalismo  lisérgico de "Burning Of The Midnight Lamb", "Rainy Day, Dream Away" e, principalmente, "1983... (A Merman I Should Turn To Be)", onde sua eloquência criativa beira o absurdo.

A emblemática "Voodoo Chile" aparece em duas versões. Uma delas é a conhecida performance de estúdio, com seu clássico riff temperado com wah-wah. A outra é uma explosiva interpretação ao vivo com mais de 15 minutos, onde Hendrix esbanja seu enorme nível técnico e melódico enquanto improvisador. O lendário baterista Mitch Mitchell acompanha tudo com viradas inacreditáveis. No baixo está o cultuado Jack Casady (Jefferson Airplane). Já Steve Winwood (pois é, ele mesmo!) passeia pelo seu órgão endiabrado. Performance genial que justifica a fama de todos os envolvidos.

Extremamente inventivo e completamente adaptado a novas técnicas de gravação, Hendrix explorou seu talento sem moderação. Electric Ladyland é uma das grandes obras de um dos mais inquietos artistas de todos os tempos.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

ESPECIAL MTV BRASIL


Como todos já sabem, a MTV Brasil acabou. Setembro é o seu último mês em funcionamento em canal aberto. Em outubro começa a nova MTV, em canal fechado e com 60% da programação vindo direto da matriz americana, com séries adolescentes que pouco interessam aos fãs de música. Ou seja, a MTV Brasil que conhecemos definitivamente já era. (Obs: Desculpem a ignorância, mas canal aberto não é concessão pública? Então como pode ser possível/rentável um canal funcionar via TV fechada e não em aberta?).

Muitas criticas podem (e devem) ser feitas a administração da MTV Brasil, mas honestamente, ao contrário de muita gente que diz "já era hora dessa merda acabar" ou "a MTV acabou faz tempo", eu fico triste com o final da emissora.

A MTV surgiu no Brasil em 1990, o mesmo ano em que nasci. Enquanto meus coleguinhas assistiam Jaspion (na também finada Rede Machete), eu desde muito pivete assistia a MTV. Ela foi crucial para formar minha personalidade e alimentar o meu amor pela música. 

Assim sendo, farei ao longo deste mês uma pequena homenagem a emissora, postando clipes que marcaram minha vida, grandes shows produzidos pelo canal, inesquecíveis momentos do VMB e programas/VJs que foram verdadeiras escolas musicais.

Observação 1: Ainda que sejam muitos os pontos negativos da emissora, não vou trata-los aqui. Num país em que canais de televisão apoiam ditaduras, falar mal da MTV é bobagem.

Observação 2: No meio dessa crise televisiva, é interessante ver os frutos positivos que a 89 FM Radio Rock vem colhendo. Querendo ou não, a impressão é que o rádio faz muito mais sentido neste mundo corrido de hoje que a televisão.

R.I.P. MTV Brasil.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

ALGO ENTRE: Deftones e Foo Fighters

DEFTONES
Os reis da melodia no metal atual?

FOO FIGHTERS
Melhor banda de pop rock dos últimos 20 anos?

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

TEM QUE OUVIR: Mötley Crüe - Shout At The Devil (1983)

Em algum momento no começo da década de 1980, junto com surgimento da MTV americana (1981) e a consagração do "rock pesado" com o Back In Black (1980) do AC/DC, bandas de heavy metal começaram a apostar num visual esdrúxulo herdado do glam rock, só que aliado ao som pesado e festivo do Van Halen. Estava criado o glam metal/hair metal, ou para nós brasileiros, o hard rock farofa. Nenhuma banda foi tão emblemática e bem sucedida - artisticamente e comercialmente - no estilo quanto o Mötley Crüe. Shout At The Devil (1983) é o registro definitivo deste período.


Oriundos da mitológica cena rockeira de Los Angeles (Califórnia), a banda dividia o espaço com a indústria pornográfica, as drogas, o thrash metal e a vontade de tornar-se popular, embora sem se render ao pop da época.

Puramente calcado na sonoridade do heavy metal e com letras que vangloriavam as noites - e dias - regados a drogas, sexo e rock n' roll - nada mais clichê, nada mais atraente -, o Mötley Crüe criou um punhado de canções memoráveis, vide "To Young To Fall In Love". Coloque neste caldeirão doses demoníacas em composições como "Shout At The Devil" e toda a polêmica está criada, para terror dos conservadores, para delírio dos jovens.

Pouco importava se a voz do Vince Neil se assemelhava com a do Pato Donald de ressaca. Ou então a mediocridade do bom compositor Nikki Sixx enquanto baixista. Os ótimos riffs e solos do subestimado guitarrista Mick Mars (vide "Bastard") e a pegada avassaladora do baterista Tommy Lee (vide "Red Hot") equilibravam atitude e musicalidade.

Entre as faixas que chamam atenção está também "Looks That Kill", que fez enorme sucesso. O disco ainda reserva uma audaciosa e dispensável versão para "Helter Skelter" dos Beatles. 

O hard rock farofa pode até ter ser visto como piada nos dias de hoje, mas negar sua existência é virar as costas para um período divertido do rock. Shout At The Devil envelheceu bem e continua a soar empolgante.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

ALGO ENTRE: Pantera e Raul Seixas

PANTERA
Dimebag faria aniversário ontem se estivesse vivo. Nada melhor então que escutar um de seus melhores riffs.

RAUL SEIXAS
Outro que faria aniversário é o grande Raul Seixas.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

TEM QUE OUVIR: Faust - Faust IV (1973)

No enigmático mundo da música, existem obras em que a ousadia do artista deve ser colocada em primeiro plano em contrapartida ao fracasso comercial e a sonoridade de difícil assimilação. Só assim é possível compreender e apreciar discos como Faust IV.


Lançado após o importante The Faust Tapes (1973) - que trazia colagens e uso não moderado de samples -, Faust IV é melhor arquitetado, ainda que menos cultuado.

O disco é um dos mais representativos do chamado krautrock, uma vertente alemã do rock progressivo, recheada de experimentação herdada da música de vanguarda de compositores como Stockhausen. 

E é exatamente a faixa que dá nome ao estilo que abre o disco. A longa "Krautrock" traz diversos sons improvisadamente sobrepostos, criando uma espécie de mantra/drone hipnótico e nauseante, guiado principalmente pelo beat repetitivo (motorik) e texturas espaciais (muito delay, muito reverb). O uso de ruídos - explorados também por objetos comumente não musicais - coloca as composições num território bastante parecido com a da música concreta.

No meio desse turbilhão sonoro, a banda tentava (ou não) elaborar canções mais palatáveis, vide a dadaísta pré-new wave "The Sad Skinhead", a estranhamente melódica "Jennifer", a eletronicamente cósmica "Just A Second", o folk lírico cacofônico "It's A Bit Of Pain" e a progressiva "Picnic On A Frozen River". 

Inegavelmente ousado, influente - não é mesmo, David Bowie? - e atraente em sua esquisitice, Faust IV se firmou como uma obra de extrema relevância. Não por acaso o disco ainda hoje é redescoberto por artistas dos mais variados estilos.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Passando a limpo o Shazam

Após pouco mais de um ano usando esse sensacional (e intrigante) aplicativo que reconhece/informa músicas, dei um tempo para escutar o que está entre as minhas "tags". A maioria não sei aonde ouvi (algumas no rádio, outras em filmes, muitas no poeiraCast, poucas na MTV). O que importa neste caso não é a fonte em si, mas sim as músicas. Vamos a elas:

Obs: Não postarei os links com as canções pra não sobrecarregar o post. Além disso, muita coisa sequer tem no YouTube.


Todd Rundgren - Is It My Name?
Ótima música deste genial compositor/produtor/guitarrista.

Eugene McDaniels - Supermarket Blues
Quem já ouviu o poeiraCast vai reconhecer essa música de imediato. Não conheço nada sobre o músico em questão.

Motörhead - Fools
Sonzeira do Motörhead que criminosamente não conhecia e não reconheci de imediato pelo fato do vocalista na faixa não ser o Lemmy, mas sim o guitarrista Larry Wallis.

The Hellacopters - I'm In The Band
Das bandas pós-90, uma das mais legais. A faixa em si confirma o que digo.

Kings Of Leon - Molly's Chambers
Quando a banda era mais "caipira" e menos indie/pop (o que não necessariamente seja algo positivo). A faixa não é grande coisa, mas é legal.

Jules Massenet - Meditation
Da onde eu tirei isso? Se for trilha sonora de algo faz sentido.

Lenny Kravitz - I Belong To You
Era óbvio que a música é do Lenny Kravitz, mas eu não sabia o nome da faixa. Boa linha de baixo.

Bobby Womack - Across 110th Street
Uma pérola da música negra americana escondida nas sempre geniais trilhas elaboradas pelo Tarantino.

Riot - Waiting For The Taking
A melhor banda de NWOBHM de fora da Inglaterra (o que é pura contradição). Peso na medida certa e ótima linha de baixo (meio Geddy Lee).

Manowar - Metal Daze
Banda horrenda, disco respeitável e ótima faixa, com direito a riff chupinhado do Focus.

Miles Davis - Boplicity
Tema bastante melódico, embora intrigante. Ah, e ótimo improviso, pra variar.

LCD Soundsystem - Movement
Uma das grandes bandas da última década. Essa música é espetacular.

Voivod - Tribal Convictions
Porrada sonora entre o thrash metal, grunge e o industrial.

Portal - Black Houses
Black metal atmosférico e soturno. Nem sei como isso veio parar aqui. Nem curto esse tipo de som.

Red Fang - The Undertow
Espetacular como tudo que a banda faz. Uma das grandes bandas de rock da atualidade.

Ariel Pink's Haunted Graffiti - Symphony Of The Nymph
Techno pop influenciado diretamente por Kraftwerk e New Order. Bem bacana.

Royalty Free Music Crew - Light In You Eyes
"Música" para "musicar", entende? Uma música que não existe.

James Brown - Givin' Up Food For Funk
Isso é que é banda. Isso é que é groove.

Pavement - Spit On A Stranger
O pop rock da década de 1990 em seu último suspiro.

Gong - I Never Glid Before
A pitoresca sonoridade de Canterbury por um de seus grandes representantes.

David Axelrod - The Fly
Bela faixa instrumental. Será que alguém já incluiu em algum filme? Ela é muito cinematográfica.

The Royal Trux - Bad Blood
Não consegui reouvir essa faixa.

Widespread Panic - St. Louis
Linda canção. Definitivamente preciso conhecer melhor a banda.

Dr. John - Right Place Wrong Time
O lendário Dr. John em uma faixa gravada por meio mundo.

Larry Graham - Hair
O criador do slap em um de seus melhores momentos. Groove acachapante.

Scott Walker - See You Don't His Head
Pesado e atormentador.

Exodus - Overdose
Ignorante que sou não sabia de quem era esse petardo em forma de música.

Take That - Back For Good
Hit meloso do pop 90 da banda do Robbie Williams. Tão ruim que é bom.

Herbie Hancock - Space Captain
O ícone do jazz/fusion numa estupenda faixa que contém a participação da Susan Tedeschi e do genial guitarrista Derek Trucks, além do baterista Vinnie Colaiuta.

Khan - Driving To Amsterdam
Mais um grande momento da cena de Canterbury. Rock progressivo para gente grande.

Breakestra - Need A Little Love
Groove sensacional de bateria. Se tiver algum DJ lendo isso, não perca a oportunidade de samplear esse som.

Bachman-Turner Overdrive - Let It Ride
Conhecia a música e a banda só por nome. Clássico.

Univers Zero - Docteur Petiot
Rock In Opposition cabuloso.

Rocket From The Crypt - Born In 69
Isso sim é som para animar festa.

Reverend Horton Heat - Psychobilly Freakout
Isso sim é som para animar festa. [2]

Poison - Unskinny Bop
É Extreme? É Mr. Big? Não, era o Poison.

domingo, 18 de agosto de 2013

TEM QUE OUVIR: Golpe de Estado - Forçando A Barra (1988)

Na década de 1980, principalmente pós-Rock In Rio e ascensão da Blitz, ouve uma explosão do rock nacional. Ótimas bandas como Paralamas do Sucesso, Titãs e Barão Vermelho receberam atenção tanto da mídia quanto do grande público. Mas o rock é um estilo marginal por excelência. Sendo assim, grupos como o Golpe de Estado são os que realmente representam as dificuldades e a atitude do estilo. Idolatrados por fãs fiéis, o Golpe de Estado tem em sua discografia o espetacular Forçando A Barra (1988).


O disco foi incluído na lista dos "60 Grandes Álbuns do Metal Brasileiro" feito pela revista Roadie Crew. O curioso é que Forçando A Barra não é exatamente um disco de heavy metal, mas como explica muito bem a matéria, é um trabalho do autêntico rock brasileiro, ou seja, pesado, com influências estrangeiras, mas também com a típica malandragem (no bom sentido) brasileira, como evidencia logo de cara a espetacular "Cobra Criada".

A clássica "Noite de Balada" é um dos maiores hinos do rock nacional. O solo de guitarra do grande Hélcio Aguirra (ex-Harppia, cultuada banda de heavy metal brasileira) é de ultra bom gosto. Sua guitarra é referência de ótimos timbres, riffs espetaculares e solos melódicos, como fica evidente em "Sem Elas" e "Forçando a Barra". Ele é o nosso Michael Schenker.

O lendário Catalau é direto, malandro e potente em "Parte do Inferno" e "Moondog", um dos primeiros blues gravados em português. Sua voz cheia de atitude fez dele um dos grandes vocalistas de sua geração.

Já a cozinha formada pelo espetacular Paulo Zinner (bateria) e o boa praça Nelson Brito (baixo) não deve em nada para nenhuma banda de hard rock contemporânea, comprovado pelo groove das sensacionais "Terra de Ninguém" e "Onde Há Fumaça, Há Fogo" (com direito a participação dos titãs Arnaldo Antunes e Branco Mello).

Forçando A Barra é um marco pra uma geração que, a partir daquele instante, podia ouvir hard rock no Brasil sem ter que recorrer aos gringos. Tudo isso graças a quatro músicos competentes e ao selo Baratos Afins (do grande Luiz Calanca) que apostou na banda.

sábado, 17 de agosto de 2013

ALGO ENTRE: The Spencer Davis Group e Eskimo

THE SPENCER DAVIS GROUP
Sensacional banda inglesa de blue-eyed soul que continha na formação o brilhante Steve Winwood. Me aprofundei no repertório do grupo nesta semana. É um espetáculo!

ESKIMO
As vezes me dá vontade de ouvir alguma porcaria qualquer de música eletrônica. Nada muito sério. Desta vez lembrei desse sujeito que já cheguei a assistir numa rave. É bacaninha.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

TEM QUE OUVIR: Pescado Rabioso - Artaud (1973)

Nunca fui um detrator do Brasil. Muito pelo contrário, adoro o meu país (embora sem qualquer tipo de nacionalismo babaca ou cegueira diante dos problemas). 

Todavia, na mesma proporção, sempre admirei a "rival" Argentina. Seu povo, cinema, futebol e, por que não, seu rock. A quem diga que o rock argentino é melhor que o brasileiro. Pensando em Mutantes, Secos & Molhados, Clube da Esquina, Novos Baianos e Sepultura, fica difícil fazer tal afirmação, mas uma coisa é fato, a música dos nossos vizinhos precisa ser mais conhecida pelos brasileiros. Entre inúmeros artistas talentosos de audição fundamental temos o "El Flaco", Luis Alberto Spinetta. 

Não se limitando ao rock, Spinetta é um gênio na música da América do Sul. Seu trabalho passa pelo rock, folk, pop, blues, jazz e AOR. Eleito pela revista Rolling Stone como o melhor disco do rock argentino, Artaud da banda Pescado Rabioso é uma ótima introdução ao trabalho do Spinetta.


Ainda que o disco seja atribuído ao Pescado Rabioso, Artaud mais parece um álbum solo de transição do Spinetta. Sua sonoridade lembra o que ele viria a fazer posteriormente com o grupo Invisible e traz integrantes da antiga banda do mestre argentino, o Almendra. O titulo do trabalho faz referência ao escritor francês Antonin Artaud. Vale ainda lembra que o álbum foi lançado num momento turbulento da política Argentina.

Se por um lado o canto em espanhol de imediato possa soar estranho, com o tempo ele ganha uma qualidade lírica particular do castelhano. É um gosto a ser adquirido.

Difícil não se sensibilizar com as belas "Todas Las Hojas Son Del Viento" e "Por", ambas calcadas numa sonoridade acústica herdada da música folk.

Ainda que muito popular, Spinetta não empobrecia suas composições, vide a rica harmonia de "La Sed Verdadera". Já a vagarosa e dramática "Cementerios Club" tem ótimas melodias de guitarra, que fazem dele um dos melhores instrumentistas do seu país.

O disco ainda reserva outras surpresas. "Superchería" é uma valsa esquizofrênica com ponte estranhamente pesada. A longa "Cantata De Puentes Amarillos" é um típico rock progressivo argentino com influência da música folk, remetendo curiosamente ao grupo brasileiro O Terço.

As espetaculares "Bajan", "A Starosta, El Idota" e "Las Habladurías Del Mundo" fecham esse disco de audição indispensável para todos que desejam sair do eixo Brasil-EUA-Europa.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

ALGO ENTRE: Ernesto Nazareth e Screaming Headless Torsos

ERNESTO NAZARETH
150 deste mestre da música brasileira. Nada melhor então que reouvir a manjada (embora sempre fantástica) "Odeon".

SCREAMING HEADLESS TORSOS
Banda incrível, de estilo indefinido (algo como fusion funk rock latin indian drum n' bass), formada pelo guitarrista David Fiuczynski e em muitas ocasiões pelo inacreditável baterista Jojo Mayer.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

TEM QUE OUVIR: Nirvana - In Utero (1993)

Falar sobre a importância do Nirvana para história do rock é chover no molhado. Mas acho que vale ressaltar que, assim como o grupo abriu portas para o rock alternativo com o álbum Nevermind (1991), com o In Utero (1993) a banda fechou todas. Eis o trabalho definitivo da cena grunge.


Já completamente viciado em heroína, depressivo, desmotivado com a banda e apaixonado pela Courtney Love, Kurt Cobain escreveu um punhado de canções doentias em suas letras ausentes de simbolismo ("Rape Me") e insanas em suas melodias ruidosas inspiradas pelo Pixies ("Serve The Servants" e "Very Ape"). Alias, é preciso lembrar que o produtor do disco foi o lendário Steve Albini, o mesmo a trabalhar com o Pixies anos antes. A ideia era que o álbum se distanciasse da sonoridade "comercial" do Nevermind. Com isso, for gerado timbres fantasmagóricos, vide a bateria enorme, as guitarras dissonantes e os berros saturados de "Scentless Apprentice".

A bateria de Dave Grohl é musicalmente o ponto alto do disco, proporcionando dinâmica emotiva para as composições do Kurt Cobain. Isso pode ser notado na dramática "Pennyroyal Tea". 

Em meio a um turbilhão de guitarras pesadas, temos as sombrias "Dumb" e "All Apologies" (linda melodia e refrão emocionante). Já no auge da porralouquice está a insana "Milk It".

O álbum ainda guarda nas mangas a barulhenta "Radio Friendly Unit Shifter" e a punk "Tourette's" (com a voz brutalmente arranhada de Kurt). Mas o grande hit do disco é "Heart Shaped Box", faixa que recebeu um peculiar videoclipe que rodou incansavelmente na programação da MTV. Dizem que a canção é sobre a vagina de Courtney. Deixo a lenda no ar. Seja qual for o tema, é chocantemente bem escrita.

Gravado sem supervisão dos executivos, a gravadora Geffen achou In Utero inacessível, chegando a afirmar que era uma piada da banda. Contudo, o disco foi lançado e atingiu em cheio um público que tinha as mesmas angústias de Kurt (e neste momento, já não eram poucos). Eis aqui o último suspiro de um dos mais talentosos compositores do rock. 

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Os discípulos do Meshuggah

Entrei numa onda que está difícil de sair. Tô pirando em bandas brutais da escola do Meshuggah. E não são poucas. Essas tais bandas estão fazendo bastante sucesso dentro do sempre segmentado heavy metal, estilo carregado de fãs conservadores, fiéis a uma sonoridade do passado.

Alguns chamam o estilo de djent, outros de math metal. Tem até que prefira "a nova safra do metal progressivo". Eu prefiro apenas ver essas bandas como discípulas do Meshuggah.

Pra quem não sabe, o Meshuggah surgiu na Suécia em meados da década de 1990, fazendo um som ultra pesado (justiça seja feita, bastante influenciado pelo Dark Angel), com afinações baixas, guitarras de 7 e 8 cordas, fórmulas de compassos malucas, abusando de polirritmia com uma precisão quase mecânica, arranjos complexos, produção ultra moderna, vocais guturais e letras perturbadoras. Tudo isso fez deles umas das bandas mais influentes metal atual, embora obscura aos olhos do grande público.


Escutem as tais bandas e tirem suas próprias conclusões. Não acredito que alguém com mais de 50 anos e fã de Bob Dylan ou Caetano Veloso vai gostar, mas vai saber.

Born Of Osiris
Molecada muito bem equipada "brincando" de fazer o som mais brutal possível. É assim que a banda soa.

Periphery
Tem feito bastante sucesso nos EUA. Os arranjos são extremamente complexos, com destaque para as criações do guitarrista Misha Mansoor e do baterista Matt Halpern. Os momentos mais melódicos me incomodam um pouco, mas ainda assim é bacana.

Animas As Leaders
É a banda que menos gosto das composições. Mas curto o fato do guitarrista Tosin Abasi e o baterista Matt Garstka serem músicos de personalidade, levando ao extremo a proposta de som. Detalhe: a banda não tem baixista, mas sim duas guitarras de 8 cordas.

The Dillinger Escape Plan
Misture Meshuggah com At The Drive-In. É isso que essa banda parece. Os caras tem uma postura no palco avassaladora. Uma combinação insana de violência com caos juvenil. Muito ligada a cena hardcore. Definitivamente uma das bandas mais criativas e consagradas do metal moderno.

The Faceless
Banda estranha, bastante progressiva, que combina momentos ultra melódicos com o peso do death metal.

Protest The Hero
Talvez a banda que eu mais goste nesta vertente (sem contar o Meshuggah). As composições são coesas e variadas, ora bem humoradas, ora um tanto quanto depressivas, mas sempre muito técnicas, pesadas e melódicas. O baixista Arif Mirabdolbaghi (nome "fácil") é o que mais chama atenção no grupo.

Betraying The Martyrs
Acredite se quiser, essa banda é cristã e francesa. O metal foi longe demais!

TesseracT
Mais uma banda cabeçuda, aqui com referências também do Tool.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

TEM QUE OUVIR: Jeff Beck - Truth (1968)

Se você pedir para alguém descrever uma banda de rock, muito provavelmente a pessoa descreverá - ainda que inconscientemente - o inventivo Jeff Beck Group (aqui ainda levando somente o nome do guitarrista). Encabeçado pelo gênio discreto da guitarra inglesa Jeff Beck, o baixista (e anos depois guitarrista dos Rolling Stones) Ron Wood, um ainda visceral Rod Stewart e o requisitado baterista de estúdio Micky Waller, o grupo foi precursor da fórmula rockeira adotada ainda hoje por milhares de bandas ao redor do mundo. 


Truth (1968) antecede as gravações dos medalhões da década de 1970 (Led Zeppelin, por exemplo). Recém saído do Yardbirds, Jeff Beck aproveitou "Shapes Of Things", canção da sua antiga banda, para abrir esse álbum. Repare como sua introdução tem semelhanças com "Out On The Tiles" do Led Zeppelin.

Jeff Beck, com fraseado/timbre bastante particular quando comparado aos seus guitarrista contemporâneos, destrói nos solos bluseiros de "Let Me Love You" e "Rock My Plimsoul", sempre guiado pelas linhas de baixo frenética do Ron Wood. Já na fantástica "Blues Deluxe", Beck tem como concorrente o pianista Nicky Hopkins (eterno parceiro dos Rolling Stones) que maravilhosamente tenta roubar a cena.

Longe das baladas melosas que marcaram sua carreira posteriormente, Rod Stewart grita, resmunga, cria ótimas melodias e esbanja seu timbre inconfundível quase soul nas impecáveis "You Shook Me" e "I Ain't Superstitious". Essa incursão pela música negra americana foi outra inovação do grupo.

Mas o ponto alto do disco é a lendária "Beck's Bolero", faixa com a inacreditável formação composta por Jeff Beck (guitarra solo/slide), Jimmy Page (guitarra de 12 cordas), John Paul Jones (baixo) e Keith Moon (bateria). A música tem ótima (e inventiva) melodia de guitarra, além de dinâmica crescente que culmina num final acachapante.

Aqui está o guia definitivo de como uma banda de rock deve soar. Com os mandamentos escritos, basta seguir a cartilha - inclusive/principalmente o tópico do talento - para conseguir o mesmo resultado. Pensando bem, isso não é nada fácil.

domingo, 11 de agosto de 2013

ALGO ENTRE: Velvet Underground e Casa das Máquinas

VELVET UNDERGROUND
Balada muito legal. Fase melódica, distante do experimentalismo caótico de anos anteriores do grupo.

CASA DAS MÁQUINAS
Neste dia dos pais, lembrei desta música ultra triste.

sábado, 10 de agosto de 2013

TEM QUE OUVIR: Camisa de Vênus - Camisa de Vênus (1983)

Lançado num Brasil pré abertura política e Rock in Rio, em que o rock nacional mainstream se resumia ao som ensolarado da Blitz e a cafonice do Ritchie, o disco de estreia do Camisa de Vênus foi antes de tudo um raio de luz em meio as trevas do mercado. Bebendo na fonte do punk rock do The Clash e nos textos perspicazes do Raul Seixas, a banda baiana foi a reação para o datado - ainda que ótimo - rock feito no Brasil na década de 1970, além de confrontar o império artístico carioca que reinava em nossa cultura.


Após não se renderem a propostas incabíveis das gravadoras, que incluía a mudança do nome da banda (o vocalista/líder/compositor Marcelo Nova chegou a sugerir algo melhor: Capa de Pica), o grupo aos trancos e barrancos conseguiu gravar e lançar seu disco de estreia em 1983.

Negociações fracassadas com os "corporativistas das artes" rodeiam a letra de "Passamos Por Isto", com direito a uma citação sarcástica/punk de "Brasileirinho", choro histórico de autoria do Waldir Azevedo. Como se isso não bastasse, eles ainda fizeram questão de regravar "Negue", faixa outrora conhecida nas vozes de Nelson Gonçalves e Maria Bethânia.

A fúria sonora - mesmo com produção de baixíssima qualidade - e poética das espetaculares "Metástase" (das melhores faixas do punk rock nacional), "Dogmas Tecnofacistas", "Homem Não Chora" e "Correndo Sem Parar" (as duas últimas com ótimas linhas de baixo do Robério Santana) não por acaso chamaram atenção de uma molecada sedenta por atitude na música brasileira. Isso ajuda a explicar o sucesso da frenética e mórbida "Bete Morreu".

Se "O Adventista" (chupada de "I Believe" do Buzzcocks), "Passatempo" (chupada de "That's Entertainment" do The Jam) e "Meu Primo Zé" são encantadoras em sua simplicidade, em contrapartida "Pronto Pro Suicídio" soa assustadoramente honesta.

Visceral e bem escrito, Camisa de Vênus é um disco cheio de atitude de uma das bandas mais importantes (embora muitas vezes ignorada) do rock brasileiro.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

ALGO ENTRE: The Exploited e Caetano Veloso

THE EXPLOITED
Escutando essa banda punk que nunca esteve entre minhas prediletas, mas é bacana.

CAETANO VELOSO
Fase pop/solar do Caetano. Letra tão esquisita quanto bela. Tem quem ame, tem que deteste. Eu adoro. 

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

TEM QUE OUVIR: The Zombies - Odessey And Oracle (1968)

Na década de 1960, motivado pelo sucesso dos Beatles, um fenômeno de mão dupla ocorreu na indústria fonográfica. Ao mesmo tempo que centenas de grupos explodiam em criatividade, a maioria deles não passava do segundo disco. Uma crise se instalou e muitos dessas bandas passaram despercebidas do grande público. Com o surgimento das reedições em CD, grupos esquecidos ganharam prestigio, vide os Mutantes. Mas o maior símbolo deste fenômeno é provavelmente o The Zombies e seu primoroso Odessey And Oracle (1968).


Filhos da abençoada invasão britânica, os Zombies conseguiram com esse segundo e derradeiro álbum o exito artístico. Gravado no lendário Abbey Road - pouco depois da gravação do Sgt. Peppers -, o grupo chama atenção pelos arranjos, vide "Care Of Cell 44", faixa de produção profunda e vocais digno dos melhores momentos do Beach Boys. Isso acontece também na delicada "A Rose For Emely", que tem melodias que deixariam até mesmo Paul McCartney com inveja.

Assim como revela a capa, o álbum tem momentos singelamente psicodélicos, vide "Maybe After He's Gone", "Beechword Park" - um progressivo pré Procol Harum - e "Butcher's Tale". Já o pop perfeito, ultra melódico, barroco, com fantásticas harmonias vocais, cordas e até mesmo cravo, está presente nas ótimas "Brief Candles", "Changes" e "I Want Her She Wants Me". O álbum ainda guarda nas mangas um sucesso tardio, impulsionado pelo Al Kooper. Falo da irresistível "Time Of The Season".

Se com uma diferença de apenas três anos os Beatles evoluíram do Please Please Me (1963) para o Revolver (1966), imaginem infinitas obras-primas que não chegaram a ser lançadas por questões mercadológicas. Ainda assim, pérolas hoje tidas como cult sobrevivem. É o caso de Odessey And Oracle.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Revivendo a cena punk hardcore da década de 1980 - Os obscuros

*Este post é uma continuação do "Revivendo a cena punk/hardcore da década de 1980 - Os clássicos" (clique aqui e leia).

Acabei de ler This Is a Call: a vida e a música de Dave Grohl, livro divertido que conta não só a trajetória de um dos mais importantes músicos do rock dos últimos 25 anos, mas também de toda a cena punk hardcore americana da década de 1980. Acabei entrando em contato com grupos que nunca tinha ouvido falar. Fica aqui os meus destaques.

As bandas que mais gostei são exatamente as bandas do Dave Grohl. Se antes eu já adorava o seu trabalho, agora admiro ainda mais. Veja os próximos três vídeos abaixo e entenda um pouco do porque:

Mission Impossible
Banda de hardcore do Dave Grohl quando ele tinha apenas 15 anos. Meio na linha do Bad Brains. Obs: Tem no youtube, mas não estou conseguindo postar aqui.

Dain Bramage
Um trio ainda com características punk, mas com um som melhor arranjado. Chega a ter traços do Foo Fighters. Neste vídeo sensacional ao vivo, ele apenas com 16 anos já demonstra muita pegada, criatividade e presença de palco.

Scream
Lendária banda da cena, que com a entrada do Dave ficou ainda melhor. Em algumas canções chega a lembrar o Led Zeppelin, o que definitivamente não é pouca coisa. Na canções aqui postada, está o primeiro registro vocal do Dave Grohl. Vale lembrar que o João Gordo chegou a ter contato com Dave nesta época.

Agora duas bandas que não pertencem ao Dave Grohl, mas que também tem futuros "astros" (ou quase isso):

Hose
A banda não é grande coisa, mas foi muito legal ver que o Rick Rubin, meu produtor predileto, tovaca guitarra nesse grupo. Vale conhecer.

Pussy Galore
Banda importante, legal e estranha, que tinha como integrante o Jon Spencer, aquele mesmo que anos depois formaria o Blues Explosion. Eles eram de uma cena mais "escatológica" do punk e usavam instrumentos inusitados. É sensacional.

Começo agora a ler o Mate-me Por Favor, lendário livro sobre o punk rock que criminosamente nunca li. Espero que essa leitura me leve a novos sons, e se assim for, certamente compartilharei aqui com vocês.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

TEM QUE OUVIR: Lynyrd Skynyrd - "Pronounced 'Leh-'nérd 'Skin-'nérd" (1973)

O disco de estreia do Lynyrd Skynyrd - que em seu criativo titulo explica a pronuncia do nome da banda -, é uma pérola do southern rock. Produzido pelo experiente Al Kooper, trazendo na sua formação três guitarras e um piano, e com o som calcado tanto no blues quanto na música country, a banda define uma estética que perdura até hoje.


Canções cheias de energia, com ótimos riffs e a grande voz do Ronnie Van Zant - vide "I Ain't The One" e "Gimme Three Steps" - são perfeitas para ouvir tomando cerveja num posto de gasolina no Sul dos EUA, com bandeiras dos confederados exposta num canto, vendo caminhonetes passar levando trogloditas republicanos e porcos mais amigáveis que seus donos. Uma imagem caricata, embora irritantemente possível. 

A trilha sonora continua com o boogie "Things Goin' On" e a caipira/acústica "Mississippi Kid". Já o rock cheio de groove da "Poison Whiskey" tem em sua letra etílica uma história perfeitamente plausível para os sete branquelos da capa do disco. 

Todavia, nada atinge mais em cheio o ouvinte que as maravilhosas baladas "Tuesday's Gone" e "Simple Man", ambas com lindas melodias, interpretação comovente e letras que retratam a cultura do interior rural americano.

Como se não bastasse, a clássica/emblemática "Free Bird" fecha o disco com seus mais de 9 minutos divididos entre uma parte melódica/reflexiva e outra transcendental/visceral. Seu longo solo, composto por Deus e psico-executado pelos guitarrista Gary Rossington e Allen Collins, é um retrato da época.

Influência declarada de grupos como Black Crowes e Pantera, o Lynyrd Skynyrd é mais que uma banda, é um patrimônio nacional norte-americano. Infelizmente, a história da banda após esse clássico foi trágica, culminando no terrível acidente de avião em 1977 que tirou a vida de Ronnie Van Zant e de outros integrantes da época.

domingo, 4 de agosto de 2013

ALGO ENTRE: Steven Wilson e Candlemass

STEVEN WILSON
Melhor disco de 2013 até agora. Essa música é maravilhosa. Lembra as baladas do King Crimson, só que com um solo do Guthrie Govan à la David Gilmour (claro, um pouco mais virtuoso). Sensacional.

CANDLEMASS
Lendária banda de doom metal. Nem curto tanto, mas acho legal esse clima meio Black Sabbath. Já o clipe de tão ruim é genial. Vale dizer que o bom disco Epicus Doomicus Metallicus (1986) fez escola.

sábado, 3 de agosto de 2013

TEM QUE OUVIR: Sepultura - Chaos A.D. (1993)

Sempre reconheci o Chaos A.D. (1993) como um clássico injustiçado do Sepultura. Embora ninguém negue a força do álbum, o fato dele ter sido lançado entre dois discos tão emblemáticos - Arise (1991) e Roots (1996) - prejudicou em partes o seu legado quando pensamos na carreira do grupo como um todo. 


Chaos A.D.é o terceiro lançamento do Sepultura pela Roadrunner e segundo com a produção do Andy Wallace, que trouxe um acabamento final para o som troglodita da banda.

Logo de cara, intercalando entre percussão típica de escola de samba e um estrondoso riff, "Refuse/Resist" é o prefacio do que viria ser a mistura de música brasileira com thrash metal que o Sepultura desbravou com mais repercussão no Roots. Ainda mais exótica - principalmente para os gringos - é a sonoridade regional de "Kaiowas", inspirada na música indígena e caipira.  

A emblemática "Territory", com direito a bateria nocauteante do Igor Cavalera, coloca em jogo a eterna disputa entre israelenses e palestinos, cantada de forma truculenta pelo Max Cavalera. Seu gutural hardcore em "Biotech Is Godzilla" também salta aos ouvidos.

Andreas Kisser esmurra sua guitarra para tirar um riff mais brutal que o outro, sempre com elementos de dissonância somados a linguagem tradicional thrash metal. Essas caracterizas são fáceis de encontrar em "Slave New World", "Amen" e, principalmente, "Propaganda". No que se refere as guitarras, é preciso também reconhecer o embrião do que viria ser o new metal anos mais tarde, principalmente em "Nomad".

O experimentalismo nos arranjos de "We Who Are Not As Others" e "Manifest" ajudam a explicar o porque da banda ter chamado tanta atenção. Junto ao Pantera, o Sepultura manteve o heavy metal vivo durante a década de 1990. Todavia, ao contrário do grupo americano, os brasileiros trouxeram novos elementos ao estilo e ficaram na crista da vanguarda. 

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Revivendo a cena punk hardcore da década de 1980 - Os clássicos

Acabei de começar a ler This Is A Call: a vida e a música de Dave Grohl, do Paul Brannigran. Após 100 páginas fui obrigado a dar uma pausa. Não porque estava desinteressante. Mas é que essa primeira parte do livro me enviou diretamente para o efervescente cenário punk hardcore, que aconteceu entre 1977 e 1984. Sendo assim, me deu a vontade de ouvir algumas bandas emblemáticas deste período.

Dead Kennedys
Banda seminal liderada pelo Jello Biafra. Dispensa maiores apresentações.

Bad Brains
Quatro negões adeptos da cultura rastafári, cheios de atitude e fazendo um som ultra rápido com pitadas de reggae. Ler relatos de devoção do Dave Grohl sobre a banda é muito legal. Espetacular!

Minor Threat
No livro fica explicito a força do ativista/líder Ian MacKaye para toda a cena hardcore da época, ao mesmo tempo em que combatia a ignorância dos fãs do estilo. O ultra influente Minor Threat (e anos depois o Fugazi) traz toda essa "inteligência" ao movimento.

Black Flag
Damaged (1981) é realmente um álbum clássico, mas as guitarras pesadas, atonais e cacofônicas do pitoresco Greg Ginn no disco My War (1983) é que mais fazem a minha cabeça. Fora que o Henry Rollins é um dos melhores frontman do rock. Minha banda predileta desta época/estilo.

Minutemen
Banda fantástica de sonoridade singular. Merece sempre ser reouvida. Mike Watt é sem dúvida o maior baixista da história do punk rock.


Rites Of Spring
Eis o "verdadeiro" emocore. Visceral e sensível, mas sem ser bundão.
 

Hüsker Dü
Cultuado trio encabeçado pelo Bob Mould. Muito mais melódico e palatável que os citados anteriormente. Ótima e influente banda.

Essas são as bandas mais conhecidas citadas no livro. Vou fazer uma pesquisa sobre alguns grupos obscuros (ao menos para mim), inclusive os que o próprio Dave Grohl integrou e trago num próximo post.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

TEM QUE OUVIR: Stevie Wonder - Innervisions (1973)

1973 foi um ano magnífico para Stevie Wonder. No auge de sua criatividade, lançou - apenas sete meses após o brilhante Talking Book - o clássico Innervisions, obra essa repleta de canções emblemáticas que o colocaram definitivamente entre os maiores músicos do século XX.


Embalado numa capa transcendental e surrealista - confeccionada por Efram Wolff -, o disco é uma das maiores pérolas da soul music. Lançado pela Motown, o trabalho deu o respeito/aval que faltava para que o Stevie Wonder permanecesse na gravadora com mais liberdade artística. 

"Too High" abre o álbum deixando o groove em alta, embora sem abrir mão do cuidado com a harmonia. Uma pérola pop em termos contagiante, mas também de sofisticação e arranjo. O Steely Dan deve ter bebido dessa fonte.

Assim como acontece no What's Going On do Marvin Gaye, Stevie Wonder não se esconde nas letras, vide o conteúdo politicamente consciente da melancólica balada "Visions" (Michael Jackson deve ter escutado muito essa faixa) e da impactante "Jesus Children Of America".

Na ultra dançante "Living For The City", Stevie canta brilhantemente, tira timbres preciosos do seu Fender Rhodes, elabora linhas de baixo impressionantes num Moog Bass, além de criar efeitos cinematográficos com outros sintetizadores (sempre com a ajuda de Robert Margouleff e Malcolm Cecil) . Tudo isso faz dele um músico completo, além de compositor genial, vide o pop perfeito que são "Golden Lady" e "All In Love Is Fair".

Regravada brilhantemente pelo Red Hot Chili Peppers, a funkeada "Higher Ground" (clássico timbre de clavinet) exemplifica o alcance do Stevie Wonder. Sua influência para a música pop é imensurável, mas são poucos os artistas influenciados que fizeram um trabalho de nível tão elevado. Wonder está no patamar dos gênios.