quarta-feira, 31 de julho de 2013

TEM QUE OUVIR: New York Dolls - New York Dolls (1973)

É preciso ter muito talento - além de personalidade e atitude - para ser igualmente influente no hard rock, glam rock e punk rock, ainda mais "caracterizado de mulher". E foi justamente isso que fez o emblemático New York Dolls. Embora as maquiagens, roupas, sapatos e os cabelos típicos de drag queen continuem espalhafatosos - mesmo após a explosão do hair metal na década de 1980 -, é preciso entender que por trás de toda essa fantasia, estava uma banda singular, principalmente para o mundo de 1973, ano do lançamento do álbum de estreia do grupo, o homônimo New York Dolls.


Produzido pelo incansável Todd Rundgren, o disco remete a diversas sonoridades do rock básico. Dá para sentir pitadas de Chuck Berry, Rolling Stones, Mott The Hoople, T. Rex e até mesmo dos futuros influenciados Sex Pistols, vide a faixa que abre o trabalho, a ótima "Personality Crisis". 

Impossível ouvir "Bad Girl" e "Vietnamese Baby" sem associar ao movimento punk de 1977.

A fúria espontânea e garageira alimenta "Looking For A Kiss" e "Frankenstein", ambas guiadas pela guitarra energética do lendário Johnny Thunders, um ícone que, com sua sonoridade/atitude/visual  influenciou nomes como Johnny Ramone, Sid Vicious e Izzy Stradlin.

O disco ainda traz canções estranhas, vide o ambicioso arranjo de "Lonely Planet Boy" e a agitada "Trash". Mas é a simples e rockeira "Jet Boy" que fecha o álbum, cantada imponentemente pelo performático David Johansen.

Kiss, Ramones, Guns N' Roses e The Smiths, não é difícil encontrar grupos moldados por esse disco. Não por acaso o movimento punk explodiu em Nova York anos depois. Perto do final da carreira, os Dolls foram empresariados pelo Malcolm McLaren, o mesmo a arquitetar o Sex Pistols. Tá explicado o porquê do rótulo proto-punk? Para muitos, apenas uma genuína, furiosa e excelente banda de rock n' roll.

terça-feira, 30 de julho de 2013

ALGO ENTRE: Djavan e Protest The Hero

DJAVAN
Eu entendo todos os detratores do Djavan, mas aqui entre nós, conseguir tornar pop essa letra maluca, arranjo ultra bem feito e harmonia inteligente é algo invejável.

PROTEST THE HERO
Essa música é pesada, hein! Em todos os sentidos. 

segunda-feira, 29 de julho de 2013

TEM QUE OUVIR: The Smashing Pumpkins - Siamese Dream (1993)

Uma espécie de carma impregnou o famigerado rock alternativo da década de 1990. Ao mesmo tempo que os grupos conquistavam o sucesso, seus integrantes se mostravam cada vez mais descontextualizados em relação ao estereótipo de um "rockstar". Os ídolos desta geração eram nerds, viciados, deprimidos e abandonados. É neste campo que estava o Smashing Pumpkins, banda do compositor/vocalista/guitarrista/líder/grava-tudo (não é mesmo, James Ilha e D'arcy Wretzky?) Billy Corgan, que explodiu para o mundo com o seu Siamese Dream (1993).


Neste oceano de conflitos existenciais estão canções musicadas de forma densa, algo que pode ser entendido como um "hard rock moderno pós-grunge", um rótulo fácil de ser compreendido após audição das pesadas "Silverfuck" (com traços de psicodelia) e "Cherub Rock", que contém um dos riffs mais legais da década. 

"Quiet" tem as mesmas qualidades, sendo seu instrumental um quase tributo não declarado ao Black Sabbath. Isso numa época em que o stoner rock ainda era recém nascido.

Mas nem tudo é porrada, vide a delicada "Luna", a épica "Soma" (que solo!), a maravilhosa balada sujona "Mayonaise" (com muito do emo noventista) e os dois grandes hits do álbum: "Today" (e suas guitarras shoegazer) e "Disarm" (linda canção de arranjo sinfônico, que rodou incansavelmente na programação da MTV).

Como um perfeito cruzamento dos contemporâneos My Bloody Valentine e Nirvana (o produtor do disco é o Butch Vig, o mesmo de Nevermind), mas com doses de musicalidade profunda e singular, o Smashing Pumpkins conseguiu seu espaço no cenário musical da época e, ainda hoje, continua a emocionar uma juventude que carrega os mesmos dilemas e anseios que o Billy Corgan, sendo esses tormentos a semente criativa do artista. "Spaceboy" que o diga. 

Uma curiosidade: Nicole Fiorentino, que anos depois teve uma passagem como baixista do Smashing Pumpkins, é uma das menininhas da capa.

sábado, 27 de julho de 2013

Para ouvir na estrada

Tá cansado de associar somente "Born To Be Wild" a estrada? Fica aqui então algumas dicas de sons bacanas para ouvir na pista. E não adianta, parti para uma seleção mais "classic rock", para mim é o som definitivo das estradas.

Lynyrd Skynyrd - Tuesday's Gone
Clássico do southern rock. Para ouvir observando o por do sol que bate no asfalto.

Deep Purple - Highway Star
"Speed King", "Space Truckin" e "Highway Star", definitivamente o Deep Purple sabe compor músicas estradeiras, sendo que essa última tem uma divertida letra que abastece a direção de qualquer um.

The Band - The Weight
Perfeita para cantar em coro com os amigos de viagem, numa cena total Quase Famosos.

Bob Marley - Natural Mystic
Ta indo pro litoral? Nada de reggae perninha. Coloca Bob Marley que não tem erro.

Steppenwolf - Magic Carpet Ride
Não é porque "Born To Be Wild" já deu no saco que devemos eliminar o Steppenwolf da lista. A banda tem dezenas de músicas legais.

Rolling Stones - Wild Horse
Com os Rollins Stones não tem erro, qualquer música lançada entre 1968 e 1981 é valida.

Creedence Clearwater Revival - Born On The Bayou
A estrada é um dos poucos lugares onde aquele "rock de tiozão" continua sendo legal.

Motörhead - Stay Clean
Perfeita para ouvir quando a viagem é em direção a uma grande metrópole. Só cuidado pra não se empolgar demais, acelerar e se esborrachar em algum poste.

Lô Borges - A Via Láctea
Todos os compositores mineiros (Lô Borger, Wagner Tiso, Milton Nascimento, Toninho Horta, Tavito, Beto Guedes, Flavio Venturini...) me remetem a montanhas. Combina com viagens.

Raul Seixas - Não Pare Na Pista
Fechando o set.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

TEM QUE OUVIR: ZZ Top - Tres Hombres (1973)

É espantosa a quantidade de pessoas que só conhecem o ZZ Top pelas longas barbas da linha de frente do trio ou por algum chatíssimo - ao menos para mim - sucesso do grupo lançado na década de 1980, onde a banda flertou erroneamente com a música pop. Todavia, ainda que não querendo bancar o saudosista, a verdade é que esse patrimônio musical americano produziu verdadeiras pérolas na década de 1970. A principal delas é o disco Tres Hombres (1973).


Adotando naturalmente a fórmula "blues + rock", o grupo texano produziu o que há de melhor no southern rock, conseguindo não só o prestigio da critica, mas também do público, principalmente com o hit "La Grange", faixa de riff impecável, solo cortante e vocais gravemente sussurrados.

A sonoridade crua e potente, que somente um power trio pode obter, está presente em diversas canções, vide a cheio de groove "Waitin' For The Bus", a cadenciada "Jesus Just Left Chicago" e o boogie stoniano "Move Me On Down The Line". Letra sacana e tipicamente sulista infesta a potente "Precious And Grace".

O lendário Billy Gibbons estraçalha sua guitarra no solo espetacular de "Beer Drinkers And Hell Raisers". Ali ele extrai harmônicos pré-Zakk Wylde e tapping pré-Eddie Van Halen, tudo isso com um timbre que parece rasgar o auto falante. Já em "Hot, Blue And Righteous" é a doçura r&b da balada que é evidenciada.

Se a sua ideia para hoje é pegar a estrada, tomar cerveja ou simplesmente relaxar ao som do mais puro rock n' roll texano, não há trilha sonora melhor que esse avassalador disco do ZZ Top. Clássico do blues rock.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

ALGO ENTRE: Guilherme Arantes e Periphery

GUILHERME ARANTES
Alguém no Brasil faz música pop melhor que o Guilherme Arantes?

PERIPHERY
Djent, nova onda do metal, pesadão, ultra técnico... aquela coisa toda que vocês já estão cansados de saber.

terça-feira, 23 de julho de 2013

TEM QUE OUVIR: Queensrÿche - Operation: Mindcrime (1988)

A década de 1980 definitivamente não foi boa para o rock progressivo. O estilo havia sido esmagado pelo punk rock. Todavia, essa vertente outrora cheia de atitude, já não tinha o mesmo impacto no final da década, tendo sido substituída em peso, energia e vendagem pelo hard rock 80's (vulgo hair metal). Foi neste clima que foi lançado Operation: Mindcrime (1988), a obra-prima conceitual do Queensrÿche. Eis a criação do metal progressivo.


Assim como alguns clássicos do The Who - vide Tommy e Quadrophenia -, Operation: Mindcrime pode ser considerado uma ópera-rock, sonoramente se assemelhando a um cruzamento do Pink Floyd (fase The Wall) com Judas Priest, Rush e Ratt.

O álbum narra a historia de Nikki, um yuppie viciado em heroína e descrente da sociedade contemporânea, que tem sua vida desviada para uma organização revolucionária comandada pelo demagogo Dr. X. Essa organização tem como lema "Assassinato e Substituição", o que leva o jovem a cometer atentados a diversos políticos influentes. É importante lembrar que esse disco foi lançado durante os governos Reagan (EUA) e Thatcher (Reino Unido).

Entre vinhetas que ajudam a ilustrar a história ("Anarchy-X" e "Waiting For 22"), canções encorpadas ("Revolution Calling", "Operation: Mindcrime" e "I Don't Believe In Love") e outras dramáticas ("The Mission" e "Electric Requiem"), há uma constante sintonia entre os músicos, esbanjando alto nível técnico em arranjos/composições arrojadas.

A produção extremamente polida é típica da época. Ela é ressaltada pela vasta gama de timbres de guitarras, que ora pende para chorus cristalinos, ora para distorções quentes, dando colorido narrativo para história. 

De domínio técnico vocal inegável, Geoff Tate é um destaque. Suas performances são cheia de vida. A derradeira "Eyes Of A Stranger" é um destaque neste sentido. Não por acaso ele tornou-se um dos cantores de heavy metal mais cultuados. 

Influência declarada de bandas como Dream Theater e Angra, o Queensrÿche inaugurou inconscientemente uma vertente musical venerada. A tour do disco foi um sucesso, mas a banda nunca mais voltou a repetir a mesma excelência, embora o Empire (1990) tenha passado perto.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Canções carinhosamente destinadas ao Papa

O Papa Francisco está no Brasil. Nada mais justo que postar músicas em sua "homenagem". 

O argentino se mostrou simpático e aberto a diálogos, coisa rara dentro da conservadora Igreja Católica. Mas todo esse carisma não nos impede de profanar e dar leves cutucadas no mais importante líder religioso em terra. Com respeito, humor e sem falso moralismo, vamos a elas!

Obs: parte dessas músicas foram lembradas no twitter do Ricardo Seelig (@ricardoseelig) do site/blog Collectors Room.

Ratos de Porão - Pedofilia Santa
Petardo do sempre sensacional Ratos de Porão sobre os conhecidos (embora omitidos) casos de pedofilia dentro da igreja.

Slayer - Disciple
Ao contrário da igreja católica, que gosta de segregar e discriminar algumas minorias (vide os homossexuais), ao menos o Slayer acha que Deus é mais justo e odeia todos. O que acha disso, caro Papa?

Butthole Surfers - Bar-B-Q Pope
O sempre insano Butthole Surfers em uma "bela canção" homicida. Ao menos no Brasil, longe dos integrantes dessa pitoresca banda, o Papa está seguro (ou não).

The Damned - Anti-Pope
A maravilha do punk rock é que ele é sempre direto e explicito.

Donovan - Poke at The Pope
Humor sarcástico e feroz do grande Donovan, um dos grandes compositores do seu tempo, embora pouco conhecido aqui no Brasil.


Camisa de Vênus - Mão Católica
Quando criança pensava em tocar essa música dentro de uma igreja. Seria divertido.

Titãs - Igreja
Um clássico do rock nacional para o Papa levar de recordação do Brasil.


Para os mais "sensíveis" aos valores cristãos, recomendo um antigo post que fiz: Música em nome de Deus

quinta-feira, 18 de julho de 2013

TEM QUE OUVIR: Iron Butterfly - In-A-Gadda-Da-Vida (1968)

Seria possível uma única música tornar a audição de um álbum - para não dizer um grupo - indispensável? A resposta é sim, principalmente quando falamos do Iron Butterfly, banda seminal do rock psicodélico, que pode até não ter no clássico In-A-Gadda-Da-Vida (1968) o seu melhor desempenho, mas sem dúvida o mais emblemático. 


A tal música auto-suficiente é a homônima "In-A-Gadda-Da-Vida", interminável faixa que ocupa o lado B inteiro do vinil. A canção é formada por um riff apoteótico de guitarra pré heavy metal, timbre gigantesco de teclado e um longuíssimo (chega a encher o saco) solo lisérgico de bateria pré "Moby Dick".

Seu nome pitoresco significa "In The Garden Of Eden", só que pronunciado no "linguajar ébrio" do vocalista/tecladista Doug Ingle. A música tornou-se um hino do rock psicodélico, regravado pelo Slayer, sampleado pelo Nas e parodiado pelos Simpsons. Tudo isso proporcionou ao Iron Butterfly milhares de discos vendidos e o nome carimbado na história da música.

Apesar da grande relevância da canção título, comete um erro quem passa batido diante das outras faixas do álbum. Verdadeiras pérolas do rock sessentista formam o lado A do vinil, vide as fantásticas "Most Anything You Want", "My Mirage" e "Are You Happy", todas com excelentes linhas de baixo do Lee Dorman.

Rock, LSD e um hit estrondoso são mais que o suficiente para incluir In-A-Gadda-Da-Vida em qualquer discoteca.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

ALGO ENTRE: Converge e Paulinho da Viola

Sinto constantemente a necessidade de me comunicar. Principalmente quando o assunto é música. Partindo desse principio, criei esse blog e escrevo sempre que possível no Twitter (@JulianoBeltrame).

No Twitter, para resumir o que ando escutando, costumo citar dois artistas/bandas "opostos" que estão fazendo minha cabeça no momento. Exemplo: "Algo entre: Slayer e Gal Costa". Faço isso porque são audições espontâneas, embora espantosamente distantes esteticamente.

Resumo da ópera: vou trazer esse formato aqui para o blog. É uma maneira interessante (ao menos para mim) de atualizar o blog de forma rápida e sem grande compromisso com o formato. O que vale é só a música mesmo.

Começando hoje e agora com:

ALGO ENTRE:
CONVERGE
Seria isso um math hardcore? Porradaria sensacional!

PAULINHO DA VIOLA
Embora eu tente ser o mais livre de preconceitos possível, confesso ter minhas ressalvas com o samba. Todavia, poucos artistas me emocionam mais que o Paulinho da Viola. Acho seu canto celestial. 

terça-feira, 16 de julho de 2013

Perambulando entre Patativa do Assaré e Wilson Batista

Existe um fenômeno que, se não exclusivo do Brasil, é mais evidente por aqui (ao menos para mim). Falo da enorme quantidade de geniais compositores que pouco gravaram. Alguns tiveram suas obras registradas definitivamente após décadas sendo cantadas na vozes de outros interpretes.

Hoje discorrerei brevemente sobre dois grandes artistas da autentica música popular brasileira. Falo do poeta Patativa do Assaré (que morreu há exatos 11 anos) e do carioca Wilson Batista (estamos no mês do seu centenário).

PATATIVA DO ASSARÉ


Patativa do Assaré (05/04/1909 - 08/07/2002) foi um poeta popular nascido no Ceará, sendo considerado umas das principais figuras da cultura nordestina. Quando jovem foi um repentista de primeira grandeza, chamando atenção logo cedo para seu talento artístico. 

Embora sua obra esteja ligada quase que exclusivamente a poesia, ele teve poemas musicados por gente como Luiz Gonzaga (escute abaixo "A Triste Partida"). 


Raimundo Fagner produziu um espetáculo de Patativa do Assaré em 1979, que posteriormente saiu em formato de LP nomeado Poemas e Canções. Embora não seja o tipo de arte que mais faça minha cabeça, vale dar uma conferida. Considero até mesmo obrigatório para todo brasileiro que quer fazer... RAP (!!!).

WILSON BATISTA


Wilson Batista (03/07/1913 - 07/07/1969) foi um compositor de samba e marchinhas. Era um típico boêmio/malandro carioca. Teve seu gigantesco trabalho gravado por nomes como Francisco Alves, Ataulfo Alves e Silvio Caldas, mas tornou-se atemporal mesmo foi na voz de Paulinho da Viola, vide "Meu Mundo É Hoje (Eu Sou Assim)" e "Nega Luzia".

É constantemente lembrado como rival do genial Noel Rosa. Essa rixa deu origem a diversas músicas. Do lado do Wilson estava "Lenço No Pescoço", "Mocinho Da Vila", "Conversa Fiada" e a maldosa "Frankenstein Da Vila". Já Noel retrucava com "Rapaz Folgado" e "Palpite Infeliz". O duelo chegou ao fim com a canção "Deixa De Ser Convencida", com letra de Noel e melodia de Wilson, selando a amizade entre os dois.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

TEM QUE OUVIR: Mott The Hoople - Mott (1973)

São muitos os grupos que ficaram encobertos pelo sucesso de outros artistas, ainda que os músicos prestigiados fossem devotos assumidos das tais bandas renegadas. No auge do glam rock, enquanto David Bowie reinava - com justiça -, seu ídolo Ian Hunter desfrutava de um breve sinal de prestigio com sua banda Mott The Hoople e seu penúltimo disco, o hoje clássico Mott (1973).


Ajudados pelo Bowie no disco anterior, o ótimo All The Young Dudes (1972), restou ao Mott não decepcionar a critica e os fãs, que agora se curvavam para o grupo. E não decepcionou! O trabalho foi o maior sucesso comercial da banda e é ainda hoje visto com bons olhos, sendo um dos álbuns mais importantes do glam rock.

Mott pode ser resumindo como ótimas composições em excelente arranjos. Veja por exemplo "All The Way From Memphis", faixa que abre o disco com frases de guitarras ultra melódicas - num estilo pré Brian May - executadas pelo talentoso Mick Ralphs, que anos depois faria parte do Bad Company. A fórmula ótimos riffs + delicadas intervenções de guitarra se repete na épica "Drivin' Sister", com direito a um solo cinematográfico.

Somando enormes riffs de guitarras com pesados timbres de pianos, a banda traz para simples temas de hard rock um clima quase teatral, vide as fantásticas "Honaloochie Boogie" e "I'm A Cadillac/El Camino Dolo Roso". Já "Whizz Kid" abusa discretamente de sintetizadores modernos, dando ar futurista para a composição.

Ian Hunter, típico herói do rock injustiçado, exibe seu vocal singular e versátil na bela "Ballad Of The Mott The Hoope", na quase gospel "Hymn For The Dudes" e na agitada "Violence" (exemplo de como compor/arranjar/executar/produzir uma simples canção de hard rock). 

Produzido pela própria banda, que continha os experientes Pete "Overend" Watts (baixista) e Dale "Buffin" Griffin (bateria) - que anos depois trabalhariam com The Cult, Hanoi Rocks e Lenny Kravitz -, Mott condensa o que de melhor foi feito no rock na década de 1970.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

TEM QUE OUVIR: The Who - Quadrophenia (1973)

Poucos grupos contém uma discografia tão espetacular quanto o The Who. Em meio a inúmeros clássicos, existem aqueles álbuns que ficam no segundo escalão, embora adorados pela crítica, fãs e integrantes da banda. É nesta posição que se encontra Quadrophenia (1973), sexto lançamento de estúdio do grupo.


Para muitos, Quadrophenia é o aperfeiçoamento do conceito de ópera rock, iniciado pela banda no emblemático álbum Tommy (1969). A diferença é que aqui o conjunto da obra soa ainda mais coeso, mais bem arranjado, produzido e com composições rebuscadas narrando uma história enlouquecedora.

A história se passa em torno do personagem Jimmy, um típico jovem mod inglês do final da década de 1960. Ele é esquizofrênico e sofre de personalidade quádrupla, sendo que cada uma delas representa um dos integrantes dos The Who. O enredo trata de dilemas pessoais, principalmente frustrações e inseguranças, o que torna o conceito do trabalho atemporal e o personagem de fácil identificação. Além disso, existe na história o famigerado conflito entre rockers e mods. Na obra, Jimmy tem um destino abstrato rumo a uma rocha localizada no meio do oceano após seus pais encontrarem anfetamina no seu quarto. Toda essa narrativa alucinante é cantada impecavelmente pelo carismático Roger Daltrey.

Falar das qualidades musicais dos integrantes do Who é chover no molhado. O líder Pete Townshend brilha na criação e nos arranjos da obra, ainda que seu subestimado talento como guitarrista se sobressaia em diversos momentos (vide "Quadrophenia"). O fraseado peculiar e timbre gigantesco do baixista John Entwistle não fica para trás em "The Real Me". Já o lunático Keith Moon é sempre inspirado e energético, se sobressaindo em composições como "The Punk And The Godfather".

Entre outras canções que saltam aos ouvidos estão "Cut My Hair", "I'm One", "The Dirty Jobs", "5:55", "Doctor Jimmy" e, obviamente, a majestosa "Love Reign O'er Me", todas exemplos da genialidade do grupo.

Quadrophenia é mais um apoteótico trabalho de uma das grandes bandas do século XX. Ouvir The Who é entrar em contato com uma narrativa rica e musicalidade extraordinária. 

terça-feira, 2 de julho de 2013

Músicas temas de programas televisivos

Título do post mais claro que esse impossível, com ressalvo de que a ideia é postar canções que já existiam e foram introduzidas nas aberturas dos programas posteriormente, ou seja, não músicas criadas para esse fim.

Obs 1: Novelas obviamente não contam, já que seriam muitas.

Obs 2: Acho tanto "I'l Be There For You" quanto Friends chato, então foram automaticamente excluídos.

Chaves e Chapolin
Poucos sabem, mas ambas as músicas presentes nas vinhetas originais dos programas Chaves e Chapolin são de autoria do compositor francês de música experimental/eletrônica, Jean-Jacques Perrey. A ideia partiu do próprio Roberto Gómez Bolaños.

Globo Repórter
Não tenho muita informação sobre essa que é uma das mais míticas aberturas da televisão brasileira. Só sei que a faixa pertence a um desconhecido grupo chamado J.B. Pickers e que o nome da música é "Freedom Of Expression". Confiram!

Vídeo Show
Programa patético, canção espetacular. Curiosamente pouca gente se liga que a música é um dos grandes sucessos do Michael Jackson, só que na versão do trompetista Maynard Ferguson.

Programa do Amaury Jr.
Sim, estou falando daquele mesmo programa pseudo glamouroso comandado pelo Amaury Jr.. A trilha sonora não é capaz de salvar o programa, mas é um clássico da disco music de autoria da subestimada KC & The Sunshine Band.

O Aprendiz
Nem vou me estender sobre o programa. O que interessa é a música do O'Jays, com direito ao baixo de 6 cordas do Anthony Jackson.


Jackass
Espetacular música de umas das bandas mais influentes e criativas do punk rock (Minutemen) a serviço de um dos programas mais malucos da história. O groove do lendário baixista Mike Watt é acachapante.


Hermes & Renato
Pedrada com ultra groove "roubada" pelo Hermes & Renato e turbinada por sei lá quem, numa versão que lembra o que faria o Prodigy com a música. No entanto a versão original do Quincy Jones é ainda mais matadora e curiosa.

CSI
Por mais gigante que o The Who possa ser, ter sua música presente na abertura dessa famosa série americana contribuiu ainda mais para a popularidade da banda.


CQC
Ótima composição do lendário guitarrista Danny Gatton. Tem arranjo de big band, cadência de blues e fraseado típico da guitarra country. É espetacular.


That 70's Show
Excelente canção do Big Star numa versão legal do Cheap Trick. Impossível ser mais power pop que isso.