quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

TEM QUE OUVIR: Helloween - Keeper Of The Seven Keys Part II (1988)

Ao incluir o Keeper Of The Seven Keys Part II (1988) do Helloween no "Tem Que Ouvir" deste humilde blog, percebo que fui longe demais. Isso porque esse disco contém tudo do que há de mais detestável no power metal/metal melódico. É verdade também que, por ele ser a representação máxima do estilo mais pomposo/cafona/nerd do heavy metal, ele merece ao menos uma audição/análise atenta e sensata. No pior dos algumas gargalhadas você dará no decorrer do percurso.


Tudo no disco é clichê. Mas é preciso entender que os clichês foram criados aqui - na verdade foi no Holy Diver (1983) do Dio, mas ali era legal, então pula essa parte -, a começar pela capa pseudo conceitual. A introdução "Invitation", uma espécie de overture feito para deixar tudo com uma cara épica, é mais uma das tantas caricaturas do estilo.

O que vem a seguir é a essência do power metal/metal melódico. "Eagle Fly Free" tem bumbos duplos frenéticos, baixo virtuoso, guitarras dobradas, solos rápidos, vocais ultra agudos e letra que agrada somente jogadores de RPG. Um clássico do heavy metal, goste você ou não.

E chovem músicas que destacam o incrível alcance vocal do Michael Kiske e a boa técnica do guitarrista Michael Weikath, todas esteticamente forjadas pelo talentoso Kai Hansen, que anos depois montaria Gamma Ray e se tornaria a grande cabeça por trás do estilo. Entre as faixas que merecem destaque estão as menos afetadas "You Always Walk Alone" e "Dr. Stein".

Como ponto positivo, devemos também assumir que há performances vigorosas e produção bem menos pasteurizada com o que encontramos hoje no gênero.

Se você gosta de ouvir música como forma de entender pequenos grupos, aqui está o trabalho que vem há décadas marcando gerações de metaleiros na pré-adolescência. Alguns deles hoje estão no Blind Guardian, Edguy, Angra, Rhapsody, Dragonforce, Hammerfall, Stratovarius, Nightwish ou qualquer outra banda do tipo. Um clássico do heavy metal que ao menos merece atenção. Gostar já é demais.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

RETROSPECTIVA 2013: Mortes

Chegou a hora de falar dos grandes nomes da música que morreram neste ano de 2013. Vamos a eles:

Nick Potter (19/10/1951 - 17/01/2013)
Espetacular baixista do Van Der Graaf Generator.

Steve Knight (1935 - 19/01/2013)
Tecladista da banda Mountain.

Nenê Bencenuti (? - 30/01/2013)
Cantor/compositor/baixista dos Incríveis.

Reg Presley (12/08/1944 - 19/02/2013)
Vocalista e principal compositor da banda The Troggs.

Kevin Ayers (19/08/1944 - 19/02/2013)
Vocalista/baixista/compositor/fundador do Soft Machine.

Magic Slim (07/08/1937 - 20/02/2013)
Veterano guitarrista e cantor de blues.

Chorão (09/04/1970 - 06/03/2013)
Líder/dono/fundador/compositor/vocalista do Charlie Brown Jr.

Champignon (16/06/1978 - 09/09/2013)
Fundador/baixista do Charlie Brown Jr.

Alvin Lee (19/12/1944 - 06/03/2013)
Lendário guitarrista do Ten Years After.

Peter Banks (15/07/1947 - 07/03/2013)
Guitarrista da formação original do Yes.

Clive Burr (08/03/1957 - 12/03/2013)
Baterista da primeira e clássica formação do Iron Maiden.

Emilio Santiago (06/12/1946 - 20/03/2013)
Talentoso cantor brasileiro.

Chi Cheng (15/07/1970 - 13/04/2013)
Ótimo baixista do Deftones.

Richie Havens (21/01/1941 - 13/04/2013)
Compositor/cantor/violonista de folk. Abriu o Festival de Woodstock.

Jeff Hanneman (31/01/1964 - 02/05/2013)
Fundador/compositor/guitarrista do Slayer.

Ray Manzarek (12/02/1939 - 20/05/2013)
Tecladista/fundador dos The Doors.

Trevor Bolder (09/06/1950 - 21/05/2013)
Espetacular baixista que tocou com David Bowie, Wishbone Ash e Uriah Heep.

Alan Myers (? - 24/06/2013)
Baterista original do Devo.

Cornelius (1948 - 18/07/2013)
Primeiro cantor do Made In Brazil.

Dominguinhos (12/02/1941 - 23/07/2013)
Representante da tradicional música nordestina. Ícone do forró, brilhante sanfoneiro e talentoso compositor.

J.J. Cale (05/12/1938 - 23/07/2013)
Influente compositor e guitarrista.

George Duke (12/01/1946 - 05/08/2013)
Multi-instrumentista, pianista, compositor, produtor. Além de ter uma ótima carreira solo, escreveu seu nome acompanhando o Frank Zappa.

Allen Lanier (25/06/1946 - 14/08/2013)
Fundador/guitarrista/tecladista do Blue Oyster Cult.

Lou Reed (02/03/1942 - 27/10/2013)
Genial letrista e figura ímpar na história do rock. Um dos músicos mais influentes do seu tempo. Foi integrante do Velvet Underground e teve uma carreira solo de grande importância para a história da música.

Jim Hall (04/12/1930 - 10/12/2013)
Lendário guitarrista de jazz.

Quem mais morreu? Segue essa interminável lista:
- Patti Page (cantora de música country);
- DJ Lah (DJ do grupo Conexão do Morro);
- John Wikinson (guitarrista da TCB Band que acompanhava o Elvis Presley);
- Trevor Gordon (parceiro de composição do Bee Gees e membro da dupla The Marbles);
- Leroy "Sugerfoot" Bonner (cantor/guitarrista/fundador do grupo de r&b, Ohio Players);
- Cecil Womack (parceiro da Linda na dupla Womack And Womack);
- Darlene McCrae (cantora das Raelettes, grupo que acompanhava o Ray Charles);
- Paul Tanner (requisitado trombonista de estúdio e membro da Glenn Miller Orchestra);
- Donald Byrd (respeitado trompetista americano de jazz, hard bop e jazz-funk);
- Rick Huxley (baixista e cofundador do The Dave Clarck Five);
- Shadow Morton (produtor do grupo feminino The Shangri-Las);
- Tony Sheridan (guitarrista e produtor britânico que chegou a fazer parceria com os Beatles);
- Ricardo Werther (respeitado cantor de blues brasileiro);
- Damon Harris (integrante do The Temptations);
- Cleotha Staples (cantora do grupo Staple Singers);
- Douglas Alves Vascaino (fundador e guitarrista do Restos de Nada);
- Virgil Johnson (cantor do The Velvets);
- Dan Toler (guitarrista que passou pelo Allman Brothers Band);
- Richard Street (integrante do The Temptations);
- Bobby Rogers (membro fundador do The Miracles);
- Bobby Smith (vocalista do The Spinners);
- Davud Paland (guitarrista dos grupos Dark Funeral e Necrophobic);
- Bebo Valdés (pianista/compositor/arranjador cubano);
- Huch McCracken (requisitado guitarrista de estúdio);
- Phil Ramone (engenheiro de som e produtor de diversos artistas);
- Markus Ribas (compositor e percussionista brasileiro);
- Slawek "Mortifiler (baixista da banda Hate);
- Andy John (lendário produtor que trabalhou com Led Zeppelin, Stones e Free);
- Neil Smith (baixista que tocou no AC/DC e Rose Tatto);
- Sara Montiel (cantora espanhola);
- Rox Cox (vocalista e baixista da banda Bubble Puppy);
- Jimmy Dawkins (guitarrista de blues);
- Don Blackman (pianista de jazz-funk);
- Storm Thorgerson (criador de inúmeras capas emblemáticas);
- Cordell Masson (baixista do Parliament-Funkadelic);
- Christina Amphlett (cantora da banda Divinyls);
- George Jones (cantor de country, ícone da música americana);
- Chris Kelly (rapper do duo Kris Kross);
- Peu (primeiro guitarrista da Pitty);
- Peter Rauhofer (DJ pioneiro da arte de remixar músicas);
- Eric Kitterringham (baixista original da banda Taste);
- Phil Buerstatte (baterista do White Zombi);
- Henri Dutilleux (compositor francês);
- Ed Shaughnessy (lendário baterista de jazz);
- Ruffino (baixista que passou pelo Made In Brazil e Patrulha do Espaço);
- Marvin Junior (cantor e fundador do The Dells);
- MickDeth (baixista da banda Eighteen Visions);
- Joey Covington (batera do Jefferson Airplane);
- Arturo Vega (criador do lendário logo dos Ramones e "faz tudo" dentro da banda);
- Darondo (cantor de soul music);
- Bobby "Blue" Bland (veterano cantor de blues e soul music);
- MC Daleste (MC do chamado funk ostentação);
- Mick Farren (vocalista do Deviants e lendário jornalista musical);
- Tim Wright (baixista do Pere Ubu e DNA);
- Jack Clement (lenda da música country);
- Phil Baheux (baterista do Channel Zero);
- Jody Payne (guitarrista que durante décadas acompanhou o Willie Nelson);
- Eydie Gormé (cantora americana do hit "Blame It On The Bossa Nova");
- Jon Brookes (baterista do The Charlatans);
- Alberto Marsicano (musico e professor introdutor da sitar do Brasil);
- Cedar Walton (pianista de hard bop, foi da banda do Art Blakey);
- Renê Seabra (baixista que trabalhou com a Patrulha do Espaço);
- Rob Dolby (engenheiro criador da tecnologia sorround);
- Jackie Lomax (músico que trabalhou Stones, Beatles e Clapton);
- Oscar Castro-Neves (um dos maiores representantes da Bossa Nova);
- Keith Sabu Crier (baixista do Disco Neghts);
- Margaret Ann Williams (cantora do Sweet Inspirations que acompanhou o Elvis);
- Philip Ryan (guitarrista do The Pogues);
- Jan Kuehnemund (guitarrista fundadora do Vixen);
- Gypie Mayo (guitarrista e compositor do Dr. Feelgood, fez parte do Yardbyrds);
- Paulinho Tapajós (compositor e cantor brasileiro);
- Pete Haycock (integrante do Climax Blues Band, trabalhou com trilha sonora);
- Wojciech "Ikaroz" Janus (baixista da banda polonesa Blaze Of Perdition);
- Bill Lawrence (guitarrista de estúdio e especialista em captadores);
- Lee Crystal (baterista da Joan Jett & The Blackhearts);
- Délcio Carvalho (sambista, cantor e compositor parceiro da Dona Ivone Lara);
- Manoca Barreto (guitarrista, arranjador e educador);
- Chico Hamilton (lendário/veterano baterista de jazz);
- Dick Dodd (vocalista e baterista do The Standells);
- João Araujo (produtor brasileiro e pai do Cazuza);
- Junior Murvin (influente musico de reggae);
- Andy Pierce (vocalista do Nasty Idols);
- Paul Baumer (DJ do grupo holandês de dance Bingo Players);
- Reginaldo Rossi (ícone da música brega (popular) brasileira);
- David Richards (produtor que trabalhou com o Queen e David Bowie);
- Yusel Lateef (educador, compositor e músico de jazz);
- Ross Bolton (Ótimo guitarrista de funk).

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

TEM QUE OUVIR: The Beatles - Please Please Me (1963)

Parece mentira, mas Please Please Me (1963), disco de estreia dos Beatles, comemora meio século de existência. Embora o álbum esteja longe de ser o mais criativo e representativo do quarteto de Liverpool, só o fato dele juntar pela primeira vez um punhado de canções executadas por John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr, sob supervisão do também lendário George Martin, já faz com que ele seja item fundamental em sua discoteca.


O álbum é resultado do crescente sucesso que o grupo havia conseguido até então através de seus shows no Cavern Club e de seus quatro primeiros singles, todos inclusos neste álbum. São eles: "Love Me Do" (ainda hoje uma da melhores e mais emblemáticas faixas do quarteto, embora de simplicidade chocante), "P.S. I Love You" (das menos inspiradas do disco), "Please Please Me" (dona daquela inocência típica do começo do grupo) e "Ask Me Why" (balada que derreteu o coração de muita garota durante a beatlemania).

Em meio a altos e baixos, o disco guarda nas mangas boas faixas como a rockeira "Boys", a energética "I Saw Her Standing There" (tremenda performance vocal!), a jovial "Misery" e a melódica "A Taste Of Honey". Vale um destaque também para as aberturas vocais em "Chains", canção de autoria de uma ainda pouco conhecida Carole King.

Mas a mais visceral de todas é "Twist And Shout", que conseguiu capturar a essência do grupo. São incontáveis os músicos que se dizem influenciados pela canção, de Ozzy Osbourne passando por Lemmy e Alice Cooper.

Gravado em pouco mais de 9 horas e já apresentando 8 dobradinha de Lennon/McCartney, Please Please Me é o primeiro ato de um grupo que iria evoluir inacreditavelmente e quebrar diversos parâmetros da música popular mundial.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

TEM QUE OUVIR: Sérgio Sampaio - Eu Quero É Botar Meu Bloco Na Rua (1973)

Dentro da música popular brasileira, há uma denominação nem sempre vista com bons olhos, mas que condiz com a carreira de diversos artista aos olhos da indústria. Falo do rótulo "maldito". Maldito são aqueles que, por diversos fatores, caminharam fora do circuito do estrelato, embora tenham feito trabalhos impecáveis. Redescobertos por garimpeiros musicais, tais artistas sobrevivem em obra aos maus-tratos do tempo num país sem memória. Um dos principais nomes dessa cultura é o Sérgio Sampaio, que lançou em 1973 o cultuado Eu Quero É Botar Meu Bloco Na Rua.


Parceiro de Raul Seixas no histórico álbum Sociedade Da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão Das 10 (1971), Sérgio Sampaio se destaca devido suas composições, que transitam entre a visão de um boêmio e a de um fanático pela obra de Franz Kafka. Porém, embora muitos insistam em intelectualizar sua obra, a verdade é que ele é adorado pela sua sagacidade espontânea de simples captação.

O sensacional jogo de palavras em cima de um 3/4 dançante da encantadora "Leros e Leros e Boleros", é a porta de entrada perfeita para o trabalho do compositor. Já "Filme de Terror" é uma das melhores canções do rock nacional, embora pouco lembrada. Em contrapartida, "Cala A Boca, Zebedeu" é um samba consistente de temática quase feminista. Esse leque variado de estilos evidencia as várias facetas de um grande criador.

Não faltam faixas que mereçam destaque. A poesia ébria de "Pobre Meu Pai" é acompanhado por um arranjo belíssimo. A surrealista "Labirintos Negros" tem um instrumental impecável. Já a linda "Eu Sou Aquele Que Disse" merece uma séria reflexão.

Além disso, embora "maldito", o disco guarda um clássico, falo da faixa título "Eu Quero É Botar Meu Bloco na Rua", um samba torto de refrão empolgante.

Marginal, maldito e desregrado, Sérgio Sampaio sucumbiu ao alcoolismo e partiu despercebido. Vire e mexe seu nome surge em rodas, sua obra é redescoberta e, consequentemente, apreciada. Afinal, não há quem resista a poesia urbana deste mestre da música popular, não por acaso venerado por gente como Luiz Melodia e o próprio Raul Seixas.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

RETROSPECTIVA 2013: Bandas que acabaram / Bandas que voltaram

Bandas Que Acabaram

Obs: Adoro a banda, mas por favor, alguém me esclarece uma dúvida: o Ministry já acabou quantas vezes? Porra, eles acabam sem sequer voltar. Esse ano foi a mesma coisa. Essa "síndrome Scorpions" é de foder.

The Mars Volta
Aquele papo de sempre: Omar Rodriguez-López quer fazer seus projetos paralelos e o vocalista Cedric Bixler-Zavala fica puto porque não pode agendar shows para o Mars Volta. A banda então decide (num clima não muito amistoso) encerrar as atividades. Nada que não se resolva daqui alguns anos.

Charlie Brown Jr. (e A Banca)
Se para o Mars Volta um dialogo já acerta as coisas, para o Charlie Brown Jr. a coisa definitivamente já era. Todo mundo já sabe, mas é bom deixar registrado: Chorão (líder/vocalista/compositor/dono da banda) morreu de overdose de cocaína e, poucos meses depois, o ótimo baixista (e segundo membro mais importante da banda) Champignon se matou, encerrando assim não só o CBJR, mas também A Banca, projeto que os membros remanescentes do Charlie Brown estavam estruturando. Um fim trágico para uma banda que, independente da qualidade, fez parte da história do rock nacional.

My Chemical Romance
Das bandas emo-pop que apareceram anos atrás, o MCR era disparada a melhor. Acabou na hora certa. Capaz de voltar daqui 20 anos e ser cult.
                          
Wolfmother
Banda legal que surgiu na virada do milênio. Todavia, seu fim não é pra se lamentar. Na verdade, era até esperado. É que "a banda" na verdade é o vocalista/guitarrista/compositor Andrew Stockdale acompanhado de uma cozinha competente. Sendo assim, em uma tarde ensolarada, ele se perguntou: "por que continuar com o rótulo Wolfmother se eu posso me bajular levando de agora em diante meu nome como marca do meu trabalho?". E foi isso! Portanto, continuem acompanhando a carreira solo do Andrew Stockdale (ou não, tendo em vista os últimos trabalhos dele não pareceram tão cativantes).

Garotos Podres
Mao (vocalista e líder da banda) saí, perde os direitos do nome do grupo, então a banda decide continuar com integrantes X, todavia Y não gosta e processa a banda e... um rolo. O resultado é que essa lenda do punk rock do ABC (para não dizer do Brasil) acabou.

Lostprophets
O vocalista da banda é acusado (e depois condenado) em casos de estupro e pedofilia, envolvendo até mesmo uma criança de 2 anos. Os outros membros encerram a banda e pedem desculpas (embora não necessariamente tenham culpa) sobre os casos. História absurda e chocante.

Static-X e Clawfinger também acabaram. E o vocalista Dan McCafferty saiu do Nazareth por questão de saúde, sendo assim, já podemos fechar o caixão da (subestimada) banda também, não?

Bandas Que Voltaram

- Ouvi dizer algo sobre o Santana voltar a trabalhar com Neal Schon, mas pelo jeito ficou para 2014.
- A volta do Black Sabbath já está rolando por aí faz 3 anos, então deixarei para comentar mais nos "Grandes Lançamento", além de já ter citado no post dos "Shows do Ano".
- O Robert Fripp, por enquanto, só anunciou a reunião King Crimson. Por mais que isso já seja grande coisa, deixarei para falar mais sobre isso no ano que vem, quando de fato a reunião trará (ou não) resultados.
- Pixies e Stooges lançaram músicas novas (citadas no post "Tem Que Conferir"), mas não são "VOLTAS".
- DeFalla vai voltar, mas ainda não voltou, certo?
- Man Or Astro-Man? e o Boston lançaram disco novo, mas ambas as bandas já estão circulando há alguns anos.
- O Blur volta toda hora e, por mais que a banda seja legal, só a NME ainda da bola pra essa "volta".
- Foda-se o Fall Out Boy

David Bowie
Isso é que é volta! Um artista relevante, que não lançava nada há mais de 10 anos, que todos achavam que tinha se aposentado após enfrentar problemas de saúde, reaparece do nada, no dia do seu aniversário, com música nova e data de lançamento do novo disco. David Bowie, como bem disse o jornalista André Barcinski, inventou o "pop invisível". Sem glamour, fotos, entrevistas, capa de revista comprada... ele simplesmente fez seu trabalho (muito bem feito, diga-se de passagem) e deu certo (deu certo porque é o Bowie, ainda assim, em época que todo artista implora por atenção no twitter, esse feito foi louvável. E já andou inspirando outros nomes, não é mesmo, Beyoncé?).

Justin Timberlake
Depois de dedicar-se por anos em sua carreira de ator, Justin Timberlake volta com bom disco e ensina como fazer música pop, acessível e de bom gosto no novo milênio.

Black Flag
Disco novo após 28 ANOS dessa banda espetacular. Tá certo que a formação tá capenga (Henry Rollins ficou de fora) e o resultado nem é grande coisa, ainda assim merece citação.

My Bloody Valentine
A banda lança disco novo após e 22 anos e mais parece que só se passaram 2 meses. A continuação perfeita (embora atrasada) do clássico Loveless (1991).

Status Quo
Status Quo, após 30 anos, com sua formação clássica? O rock n' roll está garantido por mais um ano.

Replacements
Uma das voltas mais comemoradas. Essa importante banda do rock alternativo voltou a fazer shows após duas décadas. Agora é torcer para que venham para o Brasil (seria perfeita para o Lollapalooza).

Jake E. Lee
O subestimado guitarrista do Ozzy e Badlands finalmente saiu do limbo e voltou a trabalhar. Quem sabe assim ele finalmente recebe o crédito que merece.

Kansas
40 anos de banda, nada mais justo que reunir a formação original para alguns shows. Mas por favor, não mais que isso.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

TEM QUE OUVIR: Paul McCartney and Wings - Band On The Run (1973)

Digamos que você tenha a ingrata missão de escolher um único álbum de um beatle fora dos Beatles para ter em sua discoteca pessoal. Qual escolher? Com uma arma na cabeça respondo Band On The Run, álbum lançado em 1973 pelo Paul McCartney em parceria com Wings, grupo que ele montou com sua esposa Linda McCartney após a dissolução do quarteto.


De todas as carreiras solo dos integrantes dos Beatles, surpreendentemente a do Paul McCartney talvez tenha sido a que mais demorou para decolar. Todavia, é a melhor e mais regular. Sem prever isso, antes da gravação deste disco o Wings sofreu a debandada de dois integrantes, o baterista Denny Seiwell e o guitarrista Henry McCullough, restando apenas Paul, Linda e o Denny Laine. Para piorar, as fitas com o registro do álbum, inicialmente captado em Lagos na Nigéria, foram roubadas, sobrando apenas a opção de regrava-lo.

A espetacular "Band On The Run" abre o disco se assemelhando a um overture que resume a pluralidade do trabalho. A faixa começa como uma doce balada (de belas aberturas vocais), deságua num groove certeiro (com direito a melodia de sintetizador tipicamente prog), para depois se encontrar num rock n' roll básico de refrão poderoso.

Essas diferentes facetas musicais se revelam também na energética "Jet", passando pela linda melodia de "Bluebird" e a cômica "Mrs. Vanderbilt", sendo que essa última contém uma das melhores linhas de baixo do eterno beatle.

O bom moço McCartney compra a briga proposta por Lennon em "How Do You Sleep?" e responde com a intensa (ótimo riff) "Let Me Roll It". 

A linda "Mamunia", a rockeira "No Words", a balada caipira "Picasso's Last Words (Drink To Me)" e a espetacular/épica "Nineteen Hundred And Eighty Five" somam bons momentos ao disco e fecham o trabalho com méritos.

Apesar de todos os percalços enfrentados durante as gravações do álbum, Band On The Run é tido ainda hoje como um dos grandes trabalhos do Paul McCartney. Isso não é pouca coisa.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

RETROSPECTIVA 2013: Shows do ano (obviamente, os melhores entre os que eu vi)

Está cada vez mais inviável listar os melhores shows do ano. Isso ocorre devido a dificuldade que é ir aos espetáculos. Coloque neste pacote o preço exorbitante dos ingressos, a canseira que é se locomover por São Paulo, falta de tempo e até mesmo a indisposição de aguentar plateias cada vez mais insuportáveis. O que por um lado é um problema, por outro mostra um crescimento interessante do mercado, mesmo com vários eventos decepcionando na procura por ingressos.

Dos shows que vi pela TV (a maioria do Rock In Rio e Monsters Of Rock) gostaria de destacar apenas o do Bruce Springsteen (com direito a cover de Raul Seixas) e lembrar que ano passado eu disse que esse seria o melhor show do ano. No mínimo passei perto na previsão.

Ainda que eu tenha perdido dezenas de shows interessantes, tive também a oportunidade de ver alguns bem legais. Fica aqui minha pequena lista dos meus prediletos.

Alabama Shakes
Mais uma vez fui no Lollapalooza e, apesar das boas bandas escaladas para o festival, pretendo não voltar tão brevemente ao evento (muito caro, lotado, enlameado... o terror!). De qualquer forma, vi shows bem interessantes, como o Tomahawk (do anárquico Mike Patton), Gary Clark Jr. (que timbrão de guitarra) e do Black Keys (apenas legal). Mas dois shows em especial chamaram muito a minha atenção. O primeiro deles foi o do Alabama Shakes. É a soul music de primeira grandeza se apropriando do indie com propriedade (ou seria o contrário?). A Brittany Howard canta muito bem, o instrumental lembra o Booker T. & The MG's - dada as devidas proporções - e as composições são bem legais. Coisa fina!

Queens Of The Stone Age
Outro show acachapante no Lollapalooza foi o do Queens Of The Stone Age. A prova viva de que um set curto pode ser muito bem aproveitado se tocado furiosamente. Showzão que prejudicou a apresentação do Black Keys que veio na sequência.

Nektar
Virada Cultural, domingão a tarde, São Paulo espantosamente limpa e organizada, principalmente se comparada a todas outras Viradas que já fui. Mas o mais legal de tudo foi ver o Nektar ao vivo, banda que honestamente pouco conheço. Eles demonstraram no palco o porque do Steve Harris ser grande fã do grupo. Boas composições e grande carisma na execução. Provavelmente foi a única oportunidade de ver o Nektar em terras brasileiras.

Pat Metheny
O maior nome da guitarra jazz dos últimos 40 anos tocando de graça no Ibirapuera num domingão a tarde? Quem não foi se deu mal, só digo isso. Foi um divisor de águas para mim no quesito improvisação. Destaque também para o baterista Antonio Sánchez.

Uli Jon Roth
Uma hora de Uli Jon Roth e uma de Michael Schenker. Resultado? Uli Jon Roth roubou a cena e Michael Schenker enfurecido se quer voltou para o BIS. Sensacional!

Black Sabbath
Se você viu esse espetáculo e não ficou minimamente emocionado, então você está morto. Iommi é gênio, Butler é um dos caras mais subestimados do rock e o Ozzy é um entertainer de primeira grandeza. O repertório dispensa apresentações.

Meshuggah
Tá no TOP 5 dos melhores show que já assisti na vida! Lugar legal, com apenas pessoas interessadas na banda (não foi clima de festa/rolê como o do Sabbath, era clima de show), iluminação em sincronia assustadora, som impecável, repertório violento... cara, não teve nenhum ponto negativo. Obs: Adivinhem o que estava rolando na rua no fim do show? Show do Test na sua já famosa kombi infernal.

Som Imaginário
Não vi muitos shows nacionais esse ano. De cara lembro apenas do Barão Vermelho (banda do BRock 80's que melhor sobreviveu ao teste do tempo) e da reunião mágica do Som Imaginário no Teatro Municipal de São Paulo. Ambos foram ótimos, sendo que o Som Imaginário "ganhou" por saldo de gols.

É isso! Que venham shows ainda melhores em 2014.

domingo, 15 de dezembro de 2013

TEM QUE OUVIR: Brian Eno - Ambient 1: Music For Airports (1978)

Quando analisada a música dos últimos 50 anos, o nome do Brian Eno torna-se recorrente. Seu primeiro grande trabalho encontra-se ainda quando fazia parte do Roxy Music, grupo excepcional de art rock, onde ele tornou-se referência na incursão por timbres eletrônicos. Igualmente importante é sua atuação como produtor, principalmente devido sua presença na "Trilogia de Berlim" do David Bowie, em álbuns do Talking Heads e no The Joshua Tree (1987) do U2. Entretanto, a maior ousadia está na sua carreira solo, onde, dentre outras coisas, ele inaugurou a ambient music com o controverso e introspectivo Ambient 1: Music For Airport (1978).


Ainda que o conceito da ambient music tenha sido roubado da música de mobília, arquitetado já na década de 1920 pelo compositor francês Erik Satie, ou até mesmo da ideia de muzak, foi chocante quando Brian Eno apareceu com sua "música para aeroportos" em plena explosão do punk rock.

A proposta do álbum é de que a música não precisa estar em primeiro plano. A música pode ser um pano de fundo para ações do dia-a-dia, sendo no caso deste disco, aguardar o avião no saguão do aeroporto.

Sonoramente, em meio a momentos honestamente monótonos, o álbum funciona principalmente para quem se interessa por new age e/ou drone. Fato é que, dentro da proposta inicial, a calmaria dos timbres, as melodias minimalista, harmonias aconchegantes e texturas discretas, fazem completo sentido. Dá para viajar a cada harmônico que discretamente se sobressai a outro. 

Se por um lado é improvável pensar em alguém colocando a peça "1/2" para escutar por livre e espontânea vontade, por outro milhares de amantes e produtores de música eletrônica contradizem minha argumentação. Music For Airport tornou-se uma referência de música ambiente.

Diariamente assistimos o conceito do Brian Eno sendo aplicado em restaurantes, hospitais, elevadores e até mesmo nos fones de cada indivíduo que caminha em direção ao trabalho, sem dar grande importância ao próximo ou ao que está ouvindo. Com sua elegância, ousadia e erudição, Eno fez conceitualmente o que todos merecem "não-ouvir".

sábado, 14 de dezembro de 2013

RETROSPECTIVA 2013: Tem que conferir

Sabe aquele grupo/artista que não lançou um grande disco, mas soltou uma música legal que não pode passar despercebida numa retrospectiva, seja por ter tocado muito, apontar novos horizontes, ter um clipe emblemático ou simplesmente por ser sensacional? Pois então, são essas músicas que reúno neste post. Vamos a elas:

Essas músicas não são necessariamente as melhores do ano, até porque exclui deste post as grandes músicas que estão dentro dos grandes discos. Estão aqui as faixas isoladas que merecem atenção.

Em vídeos só as que realmente gostei. 

Anitta - Show das Poderosas
Alguma música brasileira tocou mais esse ano? Eu acho que não. Vou confessar que acho bacana. É funk, é pop e tem até mesmo um elementos dubstep ali no meio.

Attila - About That Life
Já ouvir falar no "metalcore ostentação". Esse mundo tá maluco! Obs: é uma porcaria.

Biting Elbows - Bad Motherfucker
A música não é nada demais, mas o clipe é maluco. Não por acaso viralizou.

Bloody Beetroots feat. Paul McCartney - Out Of Sight
Mesmo em meio ao seu novo (e excelente) disco solo (New), o incansável Paul McCartney ainda teve tempo para se aventurar nesta praia mais eletrônica.

Dave Grohl, Corey Taylor, Rick Nielsen & Scott Reeder - From Can To Can't
Leu com atenção quem são os artistas que participam da faixa? Ainda preciso justificar porquê você tem que ouvir a música? Obrigado. [1]

Dave Grohl, Kris Novoselic, Pat Smear & Paul McCartney - Cut Me Some Slack
Leu com atenção quem são os artistas que participam da faixa? Ainda preciso justificar porquê você tem que ouvir a música? Obrigado. [2]

Earl Sweatshirt - WHOA (feat. Tyler, The Creator)
Dois dos rappers mais talentosos da atualidade numa faixa de beat poderoso e sinistro de boom bap. O clipe também é bem legal.

Far From Alaska - Dino vs. Dino
E ainda tem gente que diz que o rock nacional está em crise. Um stoner acessível e muito bem produzido, inclusive o clipe.

Forka - Empire Surrender
Boa banda de thrash metal aqui da região do ABC Paulista (pra quem não sabe, onde moro). Porrada!

Franz Ferdinand - Evil Eye
Não tive saco para ouvir o disco, mas essa faixa é legal e o clipe é melhor ainda.

Goat - Stone Goat / Dreambuilding
Se saísse em compacto, seria o melhor do ano.

In Solitute - Lavender
Gostei desse resgate da estética "horror rock".

Karol Conká - Boa Noite
Ouvi por acaso esse som e adorei. Beat grave pesadão, uma certa aura do funk e também da música afro-brasileira. Isso dentro de contexto de hip hop bastante palatável. Ganchudo e tudo mais. A produção é do Nave. Bem bacana.

Keith Richards & Tom Waits - Shenandoah
Leu com atenção quem são os artistas que participam da faixa? Ainda preciso justificar porquê você tem que ouvir a música? Obrigado. [3]

Little Mix feat. Missy Elliot - How Ya Doin?
É pop tosquinho, eu sei, mas eu gostei, fazer o que?

Lorde - Royals
Bombou, todo mundo elogiou, superestimaram a letra e aqui veio parar (não que isso seja grande coisa, mas...). A faixa é bacana mesmo. Pena que o restante do disco não acompanha.

Madegg - Kiko
Minimalismo japonês. Bem bom.

MC Guime - Na Pista Eu Arraso
A explosão do funk de São Paulo via o funk ostentação representado na figura do MC Guime. Eu não acho grande coisa, mas tá acontecendo e não sou eu que vou ignorar ou lutar contra.

Misha Mansoor & Tosin Abasi - Optimist
O guitarrista do Periphery com o guitarrista do Animal As Leaders. Se virtuosismo guitarristico é o que você quer, aqui terá prato cheio.

Pixies - Bagboy
Faixa nova do Pixies após 346 anos? Merece ao menos uma audição atenta.

Prince - Da Bourgeoisie
GÊNIO!

Robin Thicke - Blurred Lines
Gostei da música. É o pop contemporâneo arrasa quarteirão. O clipe também não é nada mal.

The Knife - Full Of Fire
Embora eu já tenha destacado o disco, fica agora uma menção ao clipe.

The Stooges - Burn
O disco novo não é grande coisa, é melhor ficar com as velharias. Todavia, já que eles lançaram novidade, de atenção ao menos para essa faixa. Iggy Pop e sua turma merecem.

The Wytches - Beehive Queen
Uma banda que se intitula de "doom surf" merece ao menos uma audição. E o pior é que é legal.

Toxis Holocaust - Acid Fuzz
Thrash metal oldschool destinado somente aos fãs do estilo.

Zomby - Whit Love
Não ouvi o disco, mas esse vídeo é muito bonito e a música é bacana. Se sua onda for dubstep, vai fundo.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

TEM QUE OUVIR: Outkast - Speakerboxxx/The Love Below (2003)

Já faz algumas décadas que não é mais possível confiar na industria musical (se é que um dia foi possível). Seja os artistas mainstream, as gravadoras, produtores, empresários, a revista Rolling Stone, a MTV ou o próprio público alienado, todos estão a serviço do entretenimento barato. Com isso, o hip hop que antes sobrevivia à margem do jogo, virou o trampolim para figuras medíocres evacuarem na cabeça dos ouvintes e receberem aplausos por isso. 

Mas porque deste meu discurso rancoroso? Para deixar claro que, apesar de todo esse corporativismo destrutivo, alguns nomes fogem a regra. Um exemplo disso é o Outkast, grupo/duo que alcançou popularidade sem abrir mão dos méritos artísticos.


Na época em que foi lançado o grandioso Speakerboxxx/The Love Below (2003), o Outkast já era prestigiado dentro do circuito do hip hop. Mas o clima interno não era dos melhores. Foi então que a dupla formada por Big Boi e André 3000 decidiu, numa espécie de síndrome egocêntrica, lançar seus respectivos discos solos distribuídos num único trabalho duplo do grupo. Essa fórmula transformou-se num verdadeiro ringue para ver que lançaria o melhor álbum. Quem ganhou com isso foi o ouvinte, que levou dois dos melhores discos do século XXI.

Speakerboxxx, obra do Big Boi, é muito mais fácil de se enquadrar no território do rap, embora repleto de experimentações na produção e doses de psicodelia ébria nas composições. Não é absurdo dizer que o p-funk do George Clinton influenciou no resultado final. Dentre as faixas que merecem destaque estão a frenética "Ghetto Musick", a funkeada "The Rooster" e a pesada "Bust".

Já The Love Below, o lado do André 3000, é muito mais abrangente - numa época em que o rap não fazia grandes incursões sonoras por outros estilos -, flertando sem pudor com o jazz, funk, soul e a música pop. Falando em música pop, alguém é capaz de citar um hit de sonoridade e alcance popular feito neste milênio que seja melhor que "Hey Ya!"? Isso sem se falar da divertidíssima "Roses".

Resultado de tudo isso? A consagração do hip hop sulista (ou southern hip hop - eles são de Atlanta), mais de 5 milhões de cópias vendidas e o Grammy de melhor álbum do ano, feito ainda hoje raro para o rap.

Talvez em nenhum outro momento da história da música, o conflito de interesses dentro de um mesmo grupo tenha sido tão produtivo. O hip hop ainda tem muito o que aprender com o Outkast.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

RETROSPECTIVA 2013


Mais um ano chegando ao fim, o terceiro deste humilde blog.

Da mesma forma que fiz nos anos anteriores, postarei durante todo o mês de dezembro uma retrospectiva contendo os grandes lançamentos (e relançamentos) do ano, as decepções, as músicas que não podem passar despercebidas, os melhores shows vistos por mim, os clipes mais legais, as bandas que voltaram, as que acabaram, além de uma pequena homenagem aos ídolos da música que morreram.

Aguardem!

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

TEM QUE OUVIR: Marvin Gaye - Let's Get It On (1973)

Certa vez, o produtor e figuraça Carlos Eduardo Miranda disse - não exatamente com essas palavras - que a música tem como principal motivação direcionar as pessoas para o sexo. Claro que não dá pra levar a frase ao pé da letra, mas faz sentido. Não importa se você está indo para um barzinho escutar Ana Carolina, ver uma banda cover de AC/DC num pub, para uma balada eletrônica ou um baile funk, de qualquer modo você está a procura de sexo (não só sexo, mas fundamentalmente sexo). Todavia, se teve um artista que fez música de conteúdo explicitamente sexual foi o Marvin Gaye, principalmente no sensacional Let's Get It On (1973).


Não, você não irá encontrar no disco letras obscenas - não que seria um problema, não faço esse tipo de julgamento moralista -, mas vai perceber que ao cantar, gemer e até mesmo transpirar, Marvin Gaye tornou sua música afrodisíaca. Quer uma prova? Escute a clássica faixa "Let's Get It On" e diga a primeira coisa que vem a sua mente. Aposto que é sexo.

Marvin Gaye não faz a mínima questão de encobrir o conteúdo erótico do disco, vide os sussurros em  "You Sure Love To Ball". Mas engana-se quem acredita que o álbum seja apelativo. Muito pelo contrário, ele chega a ser até discreto por conta da beleza dos arranjos, vide a apaixonante "Please Stay (Once You Go Away)" e a cinematográfica "Just To Keep You Satisfied".

O time de primeira grandeza dos músicos da gravadora Motown agrega ainda mais valor a obra. Como passar indiferente diante do groove melódico e preciso do genial/influente baixista James Jamerson em "Come Get To This"?

Sendo a sequência improvável (ou não) para o depressivo, politizado e ecológico What's Going On (1971), os trabalhos trazem como semelhança a competência de um artista extremamente talentoso, que foi fundamental para quebrar barreiras raciais e sexuais. Um gênio não só da soul music, mas da música como um todo.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Músicas para se exercitar

"Vem chegando o verão, o calor no coração", mas não é hora de ouvir Marina Lima, é hora de malhar. O desespero para entrar em forma física e exibir o "corpo perfeito" nas praias é a sina de todo brasileiro (ou ao menos é o que mostra o programa Fantástico todo fim de ano).

Sendo assim, bora parar de comer porcarias e se exercitar. Não sei se é o que vou fazer, mas posso indicar alguns sons para quem está disposto a encarar corridas/caminhadas/malhação/esportes em geral. Coloquem as músicas citadas no ouvido e transpirem.

Obs: Eu sei que samba e pagode combinam com futebol, mas também combinam com churrasco e cerveja, então deixem esses estilos de lado.

Agnostic Front - Addiction
Hardcore nova-iorquino é muito "atlético". É intenso, perfeito ouvir praticando boxe, pedalando ou correndo. A energia é tão acachapante que até mesmo o vocalista parece estar ofegante.

Limp Bizkit - My Generation
Nem de longe o Limp Bizkit está entre minhas bandas prediletas, mas associo muito do new metal a práticas esportivas. Deve ser por conta dos Adidas. Isso aqui é perfeito para correr:

Daft Punk - One More Time
Na minha cabeça de leigo, essa é a típica canção que rola em academia. Talvez eu esteja enganado, mas se transitar por sons nessa onda até que da para tolerar o ambiente.

The Prodigy - Take Me To The Hospital
Essa é pra quem costuma ultrapassar os limites físicos.

Beastie Boys - Sabotage
Uma carne de vaca muito bem vinda. Para ouvir jogando basquete ou futebol. 

Dinosaur Jr - Out There
Curte correr, mas de forma mais introspectiva, refletindo sobre o mundo? Então coloque esse som e isole-se.

Circle Jerks
Pra finalizar, acho natural associarmos o skate ao esporte mais musical de todos. Do hardcore ao rap, são muitos artistas que dão para ouvir arriscando manobras de skate. No meu caso, fico apenas com os sons mesmo. Circle Jerks é uma ótima pedida.

Boa sorte para todos nesta empreitada inviável que é entrar em forma.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

TEM QUE OUVIR: Stan Getz and João Gilberto - Getz/Gilberto (1963)

Adentrar o mercado americano - a maior vitrine para o resto do mundo e financeiramente o mais rentável - não é para muitos artistas. É possível contar na mão direita do Tony Iommi quais são os nomes brasileiros que conseguiram tamanha proeza. Embora o interesse pela música latina já fosse conhecido, o alcance que a bossa nova teve foi surpreendente. Muito disso se deu a partir do momento em que o americano Stan Getz se apropriou do estilo em parceria do João Gilberto, o gênio excêntrico da música brasileira. Como obra definitiva do estilo ficou o clássico Getz/Gilberto (1963).


O encontro dos artistas ocorreu da forma mais óbvia possível. Começou no interesse de Stan Getz - até então um saxofonista de cool jazz e bebop, que havia influenciado a própria bossa nova - pelo samba e, posteriormente, pelo gênero do João Gilberto. Daí bastou uma versão de enorme sucesso do americano para a emblemática "Desafinado" para ambos os lados perceberem que a união poderia ser financeiramente e artisticamente interessante. 

Para a gravação do disco, foi selecionado um time de músicos brasileiros que dispensam apresentações. Tom Jobim ao piano, Milton Banana na bateria e Sebastião Neto no contrabaixo. Além disso, João Gilberto encanta com seus ritmos sincopados, harmonias sofisticadas e canto delicado. Tais características transbordam em "Doralice" e "Só Danço Samba". Não podemos também deixar passar despercebido os solos ultra melódicos de Stan Getz em "Para Machucar Meu Coração" e "O Grande Amor". Atenção para como o ar é captado no disco, dando um senso de respiração para os improvisos do saxofonista.

João, que não sabia falar inglês, recorreu ao talento vocal de sua mulher, Astrud Gilberto, para presentear o ouvinte com a clássica "The Girl From Ipanema" em sua versão mais emblemática. É ainda hoje a canção brasileira mais conhecida fora do Brasil. 

Outra faixa que tornou-se um hino é "Corcovado", um retrato fiel (ou caricato?) do Rio de Janeiro das décadas de 1950 e 1960, colorido pela musicalidade inacreditável do Tom Jobim, que com seus acordes mágicos constrói um deslumbrante cenário.

Além de render muita grana para todos os envolvidos e projetar a música brasileira internacionalmente, Getz/Gilbert levou ainda o Grammy (não o latino, o americano mesmo) de melhor disco do ano. Infelizmente, com o golpe militar batendo na porta, poucos no Brasil puderam desfrutar do prestigio internacional. Chegara a música de protesto e a bossa nova virara mero produto de exportação.

domingo, 8 de dezembro de 2013

08 de dezembro e suas tragédias

08 de dezembro é um dia trágico para a música. Assim como o dia 03 de fevereiro, que passou a ser conhecido como O Dia Em Que A Música Morreu, após a morte prematura do Buddy Holly, Ritchie Valens e The Big Bopper num acidente aéreo, coincidentemente (ou não) na data de 08/12, dois terríveis assassinatos aconteceram: o do John Lennon (em 1980) e o do Dimebag Darrell (2004).

Por isso, vamos relembrar ambos escutando ao menos uma canção de cada artista.


John Lennon dispensa apresentações. Integrante dos Beatles, compositor de mão cheia, talentoso cantor/instrumentista, figura icônica e dono de uma carreira solo importante, Lennon pode ser facilmente colocado entre os maiores personagens da música do século XX. Seu assassinato ocorreu na frente do edifício Dakota, sendo cometido por Mark Chapman, um suposto "fã" de John.

Ícone da guitarra pesada, integrante/compositor da maior banda de heavy metal da década de 1990, o Pantera, e um dos personagens mais queridos/idolatrados do rock pesado (tanto por fãs, quando por músicos), Dimebag foi chocantemente assassinado em cima do palco enquanto tocava com sua banda Damageplan. Mais uma vez o responsável pelos disparos foi um lunático fã do artista.

sábado, 7 de dezembro de 2013

TEM QUE OUVIR: David Bowie - Let's Dance (1983)

Até o ano de 1983, David Bowie já havia irreparavelmente transitado pelos mais diversos estilos - glam rock, soul, krautrock, pós-punk - e feito parcerias relevantes com dezenas de artistas - Iggy Pop, Lou Reed, Brian Eno, dentre outros, sendo o Queen até aquele instante a mais recente, vide a sensacional "Under Pressure"-. Sem precisar provar mais nada a ninguém, Bowie se jogou na música pop radiofônica. Mais uma vez foi bola dentro. Ele inventou o pop feito dali em diante. 


Após anos trabalhando com Tony Visconti, em Let's Dance o cantor fez parceria com o genial Nile Rodgers - guitarrista do Chic e produtor de sucessos da Madonna, Duran Duran, dentre outros - o que originou um álbum acessível, dançante e cheio de grooves preciosos.

Logo na abertura do disco, em "Modern Love", é possível sentir que Bowie está em mais uma de suas mutações artísticas, sendo que é a new wave que dita a direção da música, curiosamente um estilo influenciado por ele mesmo. "China Girl", gravado anteriormente pelo Iggy Pop, surge ainda mais acessível, embora não menos interessante.

A mão de Nile Rodgers se faz presente na clássica "Let's Dance". A canção é um dos grandes momentos da música pop oitentista. Na faixa está uma das primeiras aparições do genial guitarrista Stevie Ray Vaughan, que volta em "Without You" - com direito ao baixo de Bernard Edwards - e na ótima "Ricochet". O influente produtor Giorgio Moroder também da as caras no disco, só que na espetacular "Cat People (Putting Out Fire)".

Let's Dance foi o maior sucesso comercial do Bowie, sendo que todos (!!!) os ingressos desta tour foram esgotados, para alivio da EMI, que investiu no artista uma grana que deixaria Tio Patinhas espantado. Ainda que esse não seja seu melhor disco, o trabalho mostra a força e o alcance que o Bowie teve através de sua obra.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Meus riffs prediletos - Parte II

Sem conversa fiada, dando sequência aos "Meus riffs prediletos".

Obs: esse post vai ter uma parte III e, se bobear, uma parte IV.

Neil Young - Hey Hey My My
Quando executada ao vivo, "Hey Hey My My" vira uma avalanche de simplicidade encantadora em sua imundice caipira. Neil Young é um baita guitarrista.

Jimi Hendrix - Manic Depression
Provoquei os fãs de Hendrix quando disse que "Rice Pudding" (Jeff Beck) era tudo que o Jimi Hendrix queria ter feito, mas a verdade é que o lendário guitarrista americano é também um mestre dos riffs (óbvio, não precisa nem dizer), vide a poderosa (e em 3/4) "Manic Depression".

UFO - Rock Bottom
O hard rock é um estilo que prima por bons riffs, sendo assim, Michael Schenker, o melhor guitarrista do estilo (Page, Blackmore, EVH e os irmão Young correm por fora) tinha que marcar presença.

Grand Funk Railroad - Got Got This Thing On The Move
Exemplo perfeito de que uma execução raivosa, somada a crueza do timbre, pode dar força para uma ideia melodicamente simples. Riff dobrado impecavelmente pelo baixo.

Rush - Anthem
Quem disse que o rock progressivo não pode ter bons riffs? Quebradeira rítmica e pegada avassaladora.

Thin Lizzy - Jailbreak
Combinação simples de acordes que soam consistentes feito uma muralhada. Execução perfeita em cima de uma composição fantástica.

Al Di Meola - Rave With Devil Os Spanish Highway
A ideia melódica começa com o baixo, ganha corpo com a guitarra e deságua numa sequência de notas tocadas numa velocidade sufocante. Jazz rock de primeira grandeza.

Slayer - Angel Of Death
Brutalmente melódico, por mais inacreditável que isso possa ser, partindo do pressuposto que estamos falando da banda mais pesada do mundo. Um esporro inacreditável que libera adrenalina a cada nova audição.

Steve Vai - Erotic Nightmares
Detratores dos guitarristas virtuoses preferem virar as costas para riffs espetaculares como esse. Sensatos são os que conseguem enxergar a intensidade da composição. [1]

Nirvana - In Bloom
Detratores dos guitarristas tecnicamente limitados preferem virar as costas para riffs espetaculares como esse. Sensatos são os que conseguem enxergar a intensidade de composição. [2]

Red Hot Chili Peppers - Suck My Kiss
Quando o RHCP não era uma banda coxinha e soava explosiva, lisérgica e funkeada. A guitarra do Frusciante ganha ainda mais força quando executada junto com essa que é (ou era) uma das grandes cozinhas do rock.

Alice In Chains - We Die Young
Jerry Cantrell é o discípulo direto dos riffs mórbidos e pesados do Tony Iommi. Essa é apenas uma de tantas amostras disponíveis em sua discografia.

Dream Theater - Lie
A primeira vez que ouvi uma guitarra de 7 cordas. Pesado.

Lamb Of God - Laid To Rest
Bons riffs nunca morrem, Lamb Of God é a prova viva disso. É um mais acachapante que o outro.

Barão Vermelho - Lente
E mais uma vez encerro o post com um belo riff brazuca. Fase em que o Frejat começou a ganhar ainda mais liderança na banda.
Não encontrei a música "Lente" no YouTube. Compre o disco "Carnaval" e escute (é sério, em feira de vinil é fácil encontrar jogado por 5 mangos. Vale a pena. É discão!).