sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Grandes "trios elétricos"

É carnaval, mas neste blog os "trios elétricos" são outros. Falarei sobre alguns grandes trios da música. Sem mais delongas vamos a eles.

Nada mais apropriado que começar a lista com um dos primeiros trios da história. Estou falando do influente trio de jazz do grande Nat King Cole, que anos antes de consagrar vocalmente, debulhava ao piano. Esse formato virou uma tendência dentro do gênero, se contrapondo ao som das big bands. Gostou do que ouviu? Procure então o Bill Evans Trio, que diferente do trio do King Cole (piano, guitarra e baixo acústico), consolidou o formato piano, baixo acústico e bateria.

Só para não sair ainda da praia do jazz, fica aqui a dica de um dos meus trios prediletos. Formado por Pat Metheny na guitarra, Jaco Pastorius no baixo fretless e Bob Moses na bateria, o grupo gravou o clássico Bright Size Life em 1976, disco assinado dentro da discografia do Pat Metheny. É obra-prima do jazz "moderno".

Agora embarque nos trios psicodélicos do final da década de 60. Com não gostar dos grandiosos Cream e Jimi Hendrix Experience. É intenso, pesado, cheio de improvisos e performances certeiras.

Com os caminhos abertos por Hendrix e Clapton, outros gigantes trios de rock surgiram, cada vez mais pesados e sujos, indo do Blue Cheer ao James Gang, passando por Dust e o Grand Funk Railroad.

Na praia do rock progressivo, mesmo com grupos como Rush e Triumph, o mais emblemático de todos continua sendo o Emerson, Lake & Palmer.

No rock pesado, nem o lado blasfemo do Venom e Celtic Frost resiste a força de uma das bandas mais influentes do heavy metal. É obvio que estou falando do Motörhead, o grupo capaz de unir punks e headbangers.

Ainda que o Buddy Guy tenha tido um influente trio de blues no começo de sua carreira (trio esse que influenciou fortemente Eric Clapton na criação do Cream), um dos mais celebrados trios de blues é sem dúvida o do grande Stevie Ray Vaughan.

Já no Brasil, país de tantos trios talentosos (Patrulha do Espaço, Som Nosso de Cada Dia, Krisiun, Dr. Sin, dentre outros) deixo aqui um vídeo do Trio Nordestino, afinal, como disse certa vez Pepeu Gomes, o trio predileto dele não é nem o de Clapton nem o de Hendrix, mas sim um trio com zabumba, triângulo e sanfona.

Alguns outros trios que valem a pena serem citados e escutados: ZZ Top, Budgie, Beck Bogert & Appice, Aeroblus, Bee Gees, The Police, Exciter, Raven, Destruction, Sodom, Minutemen, Hüsker Dü, Dinosaur Jr., Primus, Melvins, Nirvana, Morphine, Green Day, King's X, Muse, Gov't Mule, John Mayer Trio, Trio Mocotó, Tamba Trio, Zimbo Trio, Paralamas do Sucesso... dentre outros.

Coloquem seus trios prediletos nos comentários.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

A eterna rainha do rock brasileiro: Rita Lee

O nome de Rita Lee ficou em evidência nos noticiários das últimas semanas por dois grandes motivos.

1º: Aos 64 anos ela decidiu se aposentar dos palcos. Tudo indica que Rita continuará a compor e gravar, mas daqui pra frente não fará mais grandes shows (talvez algumas pequenas apresentações).

2º: Rita Lee foi presa naquele que era seu último show após insultar, com razão, alguns policiais. Isso é o que chamo de fechar a carreira com chave de ouro.

Entretando, não vou me estender na polêmica do caso com a polícia. Prefiro relembrar algumas das belas canções que Rita Lee gravou ao longo de sua carreira.

Obs: Não acompanhei a carreira solo da Rita Lee após o disco Saúde (1981). Sendo assim, tratarei aqui só de velharia.


Antes de tudo é preciso lembrar um dos grandes momentos da música brasileira, que é a participação dos Mutantes no emblemático disco/manifesto Tropicália ou Panis Et Circense (1968). Com guitarras carregas de fuzz - numa época em que se fazia passeata contra a guitarra elétrica -, arranjos complexos e a voz doce de Rita, os Mutantes foram cruciais para o movimento Tropicalista.
 

É sempre legal lembrar que os Mutantes também acompanharam Gilberto Gil na música "Domingo No Parque" no lendário festival da Record. 

Para terminar a "seção Mutantes", uma faixa do último álbum dela com grupo. O disco é o Mutantes e Seus Cometas no País dos Baurets (1972) - qualquer semelhança com o blog não é mera coincidência - e a música é a doce "Vida de Cachorro".

Ainda quando fazia parte dos Mutantes, Rita Lee lançou um belo disco solo chamado Build Up (1970). Quem gravou as guitarras deste álbum foi o genial Lanny Gordin. 

Logo quando saiu dos Mutantes, Rita Lee montou uma dupla de folk rock com a talentosíssima Lucinha Turnbull, cantora e guitarrista que chegou acompanhar Gilberto Gil na época do Refazenda. Essa parceira foi nomeada de Cilibrinas do Éden e desencadeou posteriormente no Tutti-Frutti.

Com o Tutti-Frutti, banda do espetacular guitarrista Luis Carlini e do grande baixista Lee Marcucci, Rita gravou o genial Atrás do Porto Tem Uma Cidade (1974)...

...e o emblemático Fruto Proibido (1975), disco esse que continha o genial baterista Franklin Paolillo (no disco anterior quem gravou as baterias foi o Mamão, lendário baterista do Raul Seixas e Azymuth). O álbum foi um sucesso enorme da época do lançamento e permanece com um dos grandes clássicos do rock nacional.

Pra finalizar, não seria justo ignorar o lado mais pop da Rita. No seu trabalho de 1979, a cantora inicia sua parceria com Roberto de Carvalho e mostra seu talento apurado para compor hits. Ótima produção radiofônica do Guto Graça Mello. Teria as gravadoras investido no tal BRock 80 se poucos anos antes a Rita Lee não tivesse mostrado a fórmula para se fazer dinheiro com pop rock?

Dai pra frente não acompanhei a carreira da Rita tão bem, ainda assim, nas fases citadas, já temos uma porção de músicas sensacionais que escreveram definitivamente o nome de Rita Lee na história da música brasileira.

Uma boa aposentadoria para a eterna rainha do rock brasileiro.