quarta-feira, 27 de abril de 2011

A simplicidade encantadora do rock


Não! Hoje não vou falar de rock progressivo, músicos excepcionais, arranjos sublimes e solos mirabolantes. Hoje o assunto é a simplicidade do rock n' roll.

Dias atrás, ouvindo o poeiraCast (podcast da Poeira Zine), alguém da equipe que compõe o programa soltou a brilhante frase: "O dia que o rock deixar de ser simples ele deixa de ser rock". Obviamente a frase não deve ser levada ao pé da letra, já que grupos progressivos como Gentle Giant, Yes, King Crimson e letristas como Bob Dylan e Neil Young, apresentam canções bastante elaboradas e nem por isso deixam de ser rock. Entretanto, a verdade é que o espirito rock n' roll é avacalhador, rebelde e amaldiçoado.

O rock não pode ser defendido com o argumento de ser um estilo musical altamente sofisticado. Me perdoem os ingênuos, mas criticar as letras de alguma dupla sertaneja e ouvir as baladas oitentistas do Whitesnake não é um comportamento muito sábio. Falar mal do Calypso e assistir um show do Guns N' Roses menos ainda. Tem também aqueles que bancam os moralistas na hora de falar das letras do funk carioca, mas não tiram o AC/DC da vitrola. Ou então, adoram se passar por sofisticados ao criticar uma música pop de arranjo simples, mas ficam em casa ouvindo Motörhead.

Nenhuma das bandas de rock citadas acima são necessariamente ruins. Considero todas até muito legais. Isso não por terem "sofisticação estética", mas sim por manifestarem a essência da música feita por qualquer jovem saudável, cheio de energia e sem tabus conservadores.

Ou seja, não fale do rock como se ele fosse uma música de extrema qualidade composicional, porque, salvo exceções, grande parte das bandas são de mediocridade encantadora. E isso é muito legal.

Existe algo mais podre, simples, canalha e genial que Motörhead?

terça-feira, 19 de abril de 2011

70 anos do Roberto Carlos

Hoje é aniversário do talvez maior artistas pop brasileiro. Quando uso a palavra "maior" me refiro a tudo: fama, dinheiro, talento, carisma, longevidade artística, respeito, mistica, adoração, polêmicas... tudo alcançado em valores numéricos incomparáveis a qualquer outro cantor brasileiro. Óbvio que me refiro ao Roberto Carlos.

Apesar de seu talento artístico estar em coma há mais de 35 anos, o Rei lançou algumas obras irreparáveis e de audição obrigatória, que passam longe da chatice dos cansativos especiais de fim de ano da Rede Globo.

Se você é jovem e tem um certo pé atrás com a obra do Roberto Carlos, convido você abrir mão de todos os conceitos já formulados e dar uma nova chance ao Rei. Tenho certeza que pelo menos um sorriso da sua mãe você vai receber quando ela passar em frente ao seu quarto.

Vamos aos três clássicos!

1 - Roberto Carlos em Ritmo de Aventura (1967)
Que Roberto Carlos era o ser que encabeçava a Jovem Guarda isso não é novidade. E que durante este período ele lançou discos que popularizaram o rock no Brasil, também não causa espanto. Mas a verdade é que, apesar da importância de seus primeiros discos, ele só conseguiu fazer um trabalho realmente atraente em 1967. Lançado como trilha sonora do filme homônimo, este álbum apresenta algumas faixas interessantes, vide a ótima "Você Não Serve Para Mim", com um órgão no maior estilo Animals (de autoria do Lafayette) e uma guitarra com um fuzz sensacional (emprestado pelo Renato Barros, líder do Renato e Seus Blue Caps).

2 - Roberto Carlos 1971
Obra-prima indiscutível da música brasileira. Sucesso de vendas, esse disco mostra um Roberto Carlos afastado do "iê-iê-iê" da Jovem Guarda. Extremamente melódico, cantando como nunca e com uma grande influência da soul music, o Rei fez deste disco de estúdio uma coletânea de sucessos. Impossível não pirar no groove excepcional de "Todos Estão Surdos".

3 - Roberto Carlos 1972
O que poderia apresentar o Roberto Carlos após o sucesso do álbum de 1971? Um disco ainda mais melódico. Com uma voz cheia de intensidade e emoção somada a arranjos sublimes, esse trabalho traz grandes sucessos que, mais uma vez, definiram a música popular brasileira. O timbre e o feeling de Roberto Carlos ao cantar "Como Vai Você" é uma aula de interpretação.

Assim como os outros discos que o Roberto lançou entre 1966 e 1974, recomendo a compra/empréstimo/download destes três discos de grande valor histórico e musical.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Bons instrumentistas, bandas ruins

Para muita gente, músico bom é sinônimo de boa música, o que é um engano. No entanto, essa afirmação leva sempre as velhas questões: "O que é ser um bom músico?". "O que é música boa?".

O que abordarei aqui não é gosto musical, mas sim um critério estético. Acredito que "o bom" não está ligado a percepções, e sim, a um fato. Eu não sou dos maiores fãs de Tom Jobim e Johann Sebastian Bach, mas daí a não reconhecer as belas harmonias do compositor brasileiro o menosprezar as evoluções técnicas contrapontísticas do compositor barroco, é assinar o atestado de ignorância.

O "bom músico" deste post está relacionado a ter um bom domínio técnico de seu instrumento e apresentar soluções criativas para suas músicas, mas que nem sempre são suficientes para salvar uma canção mal estruturada e composta.

Apresento aqui três bandas com excelentes instrumentistas, com enfoque em diferentes instrumentos, mas que infelizmente, não fazem canções tão boas assim.

Travis Barker
A qualidade técnica do baterista Travis Barker é facilmente perceptível, mas o que chama realmente a atenção é sua originalidade na hora de bolar grooves desconcertantes. Em "Adam's Song" isso fica bastante evidente. Uma música simples, que poderia receber um levada punk "quadrada", ganhou de presente um arsenal de ideias interessantes. Ele parece um pintor, com pincel e paleta na mão, escolhendo suas melhores cores e distribuindo em sua tela. Uma pena que esse quadro foi pintado em uma tela tão suja.

Wes Borland
Vou direto ao ponto: Wes Borland é um guitarrista sensacional. Tem uma ótima técnica, excelentes ideias para riffs e um timbre bastante encorpado. Todavia, o Limp Bizkit tem na liderança o mala do Fred Durst, um péssimo letrista, de timbre vocal irritante e "flow" risível. Ou seja, a banda tem um punhado de riffs legais desperdiçados músicas chatissimas.

Champignon
O Brasil também tem seus podres e não poderia ficar de fora dessa. O Charlie Brown Jr. é uma das bandas brasileiras de maior sucesso dos últimos 15 anos, sucesso esse alcançado por mérito dos músicos que sempre apresentaram boas performances, principalmente o ex-baixista da banda Champignon (substituído pelo também ótimo Heitor Gomes).  No entanto, o Chorão é realmente o dono do grupo, sendo suas letras tão fracas que deixam redação de 4ª série parecendo tese científica. Confira a qualidade instrumental da música a seguir e a mediocridade do Chorão enquanto compositor.

Letras horríveis (Treta HC), foco excessivo na música comercial (Asia), "bundamolice" (John Mayer) e até exagero técnico (Liquid Tension Experiment). São muitos os aspectos que podem derrubar uma banda. Cabe ao ouvinte filtrar o que há de bom em cada som.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Virada Cultural 2011

Sem delongas, aqui está uma rota bastante interessante pra quem quer curtir a Virada Cultural deste ano. Vamos a ela!

Palco República
18h - Festa 011 - KL Jay, Edi Rock e Don Pixote
Palco Julio Prestes
20h - Edgar Winter (EUA)
Palco Estação da Luz
21h - Orquestra de Câmara da USP: Stravinsky - Zappa - Ginastera - Scrutinizer
Palco Julio Prestes
22h - Irmandade do Blues & Larry Mccray (EUA)
*Palco São João
23h - Skatalites (Jamaica)
*Palco Libero Badaró
23h - Brian Auger (Inglaterra)
*Palco XV de Novembro
00h - Cibelle e Cidadão Instigado
*Palco República
00h - Toni Tornado e Dom Salvador + Abolição
Palco Julio Prestes
02h - The Misfits (EUA)
Cine Windsor - (Avenida Ipiranga, 9740)
04h - "O Estranho Mundo de Zé do Caixão"
Palco Julio Prestes
06h - Texas Hippie Coalition (EUA)
Bulevar São João
09h - Beatles4ever – White Album
Palco Arouche
11h - A Cor do Som
Palco Júlio Prestes
12h - Plebe Rude
Palco Arouche
13h - Os Incríveis
Palco Líbero Badaró
17h - Soft Machine Legacy (Inglaterra)
Palco Republica
18h - Paulinho da Viola e Orquestra de Cordas de Curitiba

*Pela quantidade de atrações, algumas delas inevitavelmente se conflitam no horário. As 23hs, por exemplo, teremos na São João a lendária Skatalites (Jamaica), banda precursora do Ska. Já na Líbero Badaró estará o requisitado tecladista Brian Auger, que já gravou com nomes como Led Zeppelin e Jimi Hendrix, além de fazer parte do Oblivion Express. As 00hs o problema é o mesmo, com a Cibelle e Cidadão Instigado de um lado e Toni Tornado e Dom Salvador + Abolição do outro. Cabe você fazer a sua escolha, ou dar um pulo nos dois shows.

Boa virada a todos!

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Por que ir em shows?

O que leva uma pessoa a sair de seu aconchegante lar para enfrentar filas quilométricas, valentões bêbados, histeria infantil, transito infernal e, ainda por cima, pagar caro por isso? A resposta para essa questão pode ser das mais diversas. Talvez a vontade de ver um ídolo de perto, ou então a curiosidade de conhecer melhor uma banda. Infelizmente nada disso é o que parece acontecer realmente.

Ontem assisti um ótimo show do U2 (com abertura do Muse) no Estádio do Morumbi. O show foi de altíssimo nível, com músicos excelentes em cima do palco, som satisfatório e repertório coeso. Mas infelizmente parece que pouco isso importa para as pessoas. O que notei é que a maioria dos presentes no espetáculo estavam lá levados pelo clima de "oba-oba", da mais simples e patética "pagação de pau" para um artista internacional ou então na tentativa de fazer inveja para algum amigo que não conseguiu ir ao show.

Usando o evento de ontem como exemplo (que diga-se de passagem, não foi um caso isolado), enquanto o Muse tocava, o que mais se ouvia era uma falação desgraçada. O que seria a oportunidade de conhecer uma nova banda, virou espaço para ver se era possível falar mais alto que o som que saía dos falantes.

Na vez do U2 a coisa foi mais esquisita ainda. Já que eles eram a banda principal, logo o público está ali para prestar atenção na performance da banda, correto? Errado! O que eu vi foi gente do meu lado ligando para o amigo para falar "eu to no show, uhul!", ou então comprando cerveja bem do meio de uma música. Mesmo concentrado no show, a inquietação vazia das pessoas ao meu redor era tão grande (maior até que gigantesco palco dos irlandeses) que era impossível não se sentir incomodado.

Não quero dar uma de velho "cri-cri", mas os shows no Brasil estão virando cada vez mais um portal para ver algum artista da Globo em algum camarote do que para assistir a banda que está no palco. O show deixou de ser um espetáculo artístico e virou uma simples "balada", onde se vai mais para conhecer uma companhia do que para assistir o artista.

É preciso que essa patética síndrome do "EU VOU!" se encerre o mais rápido possível e que no lugar dela entre o comportamento e a postura do "eu presenciei", "eu senti", "eu ouvi"...

Ivete Sangalo no show do U2. Nada contra ela, mas vocês acham mesmo que ela está interessada nos timbres do The Edge?

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Encontros históricos congelados pelo "flash"

Sem texto, sem discursos, sem opinião... apenas imagens de encontros históricos (alguns inusitados) de gênios da música.

Debussy e Stranvinsky

Frank Zappa e Captain Beefheart

Jimi Hendrix e The Who

Arthur Lee e Jimi Hendrix

Jimi Hendrix e Eric Clapton

Eric Clapton e Duane Allman

George Harrison e Bob Marley

George Harrison e Ravi Shankar

Brian May, Tony Iommi e Eddie Van Halen

Michael Jackson e Freddie Mercury

The Notorious B.I.G. e Tupac Shakur (2Pac) 

Bob Dylan e Neil Young

Jimmy Page, John Paul Jones, Geezer Butler, Geddy Lee, Tony Iommi

John Frusciante, Tom Morello, Jimmy Page, Slash, Joe Perry, Dean DeLeo, Zakk Wylde, Daron Malakian e Munky

Dimebag Darrel, Zakk Wylde e Kerry King

Big Four - Metallica, Megadeh, Slayer e Anthrax

Robert Trujillo, Kirk Hammett, Jeff Beck, Flea, Ron Wood, Jimmy Page, Joe Perry, Jason Newsted e James Hetfield

Jack White, The Edge e Jimmy Page

Raulzito e os Panteras com o Roberto Carlos

João Gilberto, Gal Costa e a cabeça de Lanny Gordin ao fundo

Milton Nascimento, Márcio Borges, Ronaldo Bastos, Lô Borges e Toninho Horta

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Versões melhores que as originais

Executar músicas de autoria de outro artista é algo tão antigo quanto compor a própria música. Todavia, infelizmente, muitas dessas versões soam desnecessárias. Entretanto, certos músicos conseguiram mudar os arranjos originais e transformar uma obra de arte em outra completamente diferente e especial. Vamos abordar esses casos!

Joe Cocker - A Little Help From My Friend (The Beatles)
Joe Cocker foi criativo ao juntar duas músicas dos Beatles. Uniu a letra de "A Little Help From My Friend" com a melodia do refrão de "Dig A Pony", dando origem a uma das mais celebres versões de todos os tempos. Quem não associa a música aos seriado Anos Incríveis ou não teve infância ou já tem idade o suficiente para ter vivido o Festival de Woodstock.

Jeff Beck - Goodbye Pork Pie Hat (Charles Mingus) 
É óbvio que a versão original "Goodbye Pork Pie Hat" do Charles Mingus é impecável. Todavia, essa é a magia do jazz. Jeff Beck conseguiu deixar o que já era magnifico ainda melhor. Na minha humilde opinião, a regravação do guitarrista para a música do lendário contrabaixista é o melhor registro de guitarra de todos os tempos. O timbre, a técnica, a interpretação, o fraseado... tudo soa perfeitamente! Comprove colocando um bom fone e aumentando o volume.
Obs: vou parar por aqui nas "versões de jazz". Nem ia mencionar nenhuma, já que é um estilo que tem no seu alicerce explorar o improviso dentro de temas/standards clássicos. Todavia, a gravação do "Goodbye Pork Pie Hat" do Beck é tão especial para mim que não pude me conter.

Emerson, Lake & Palmer - The Barbarian (Béla Bartók)
É um tanto quanto injusto comparar a interpretação do EL&P com a composição original para piano do Béla Bartók ("Allegro Barbaro"), principalmente levando em conta que eu cheguei a música ainda moleque via a banda progressiva (justamente no meu primeiro contanto com o grupo). Mas convenhamos, é um dos melhores momentos do Emerson, Lake & Palmer. Gosto até mais do que a clássica versão para "Pictures At An Exhibition" (Modest Mussorgsky). Todavia, entendo perfeitamente quem é do meio erudito e não gosta dessas interpretações.

Ramones - Do You Wanna Dance (Bobby Freeman)
A canção de Bobby Freeman que já foi regravada por Johnny Rivers, Cliff Richard & The Shadows e Beach Boys, tem na performance dos Ramones a minha versão predileta.

Jimi Hendrix - All Along The Watchtower (Bob Dylan)
Clássico absoluto. O próprio Bob Dylan assumiu que a versão do Jimi Hendrix ficou melhor. Mas cabe lembrar que o Dylan era o grande ídolo do lendário guitarrista. 

The Clash - Police & Thieves (Junior Murvin)
Se a versão original é um inquestionável clássico do reggae, por sua vez acho a do Clash muito mais representativa, tanto no contexto social da letra, quanto por conta da fusão com o ritmo jamaicano. Curiosamente as duas saíram com poucos meses de diferença. 

Voivod - Astronomy Domine (Pink Floyd)
A versão original já é naturalmente sombria, mas a do Voivod, cultuada banda de thrash/prog/alternative metal, consegue ser ainda mais aterrorizante. Talvez não melhor, mas é sensacional.

Pixies - Head On (Jesus And Mary Chain)
Mais uma que eu não posso bater o martelo e sacramentar que "é melhor", mas eu adoro a versão do Pixies para música do Jesus And Mary Chain. Até o clipe é espetacular.

Jeff Buckley - Hallelujah (Leonard Cohen)
Podem acusar de melosa, mas acho a versão o Jeff Buckley ainda mais bonita do que a interpretada originalmente pelo Leonard Cohen. 

Johnny Cash - Hurt (Nine Inch Nails)
Para ser honesto, dentre tantas boas músicas do NIN, "Hurt" nem é das que eu destaco. Mas na voz do Cash é uma das mais belas canções da história. É o ponto final do homem de preto.

Slowdive - Golden Hair (Syd Barrett)
Não diria que a versão shoegaze do Slowdive é melhor que a delirante canção na voz de seu compositor Syd Barrett, mas que toda vez que eu vejo o grupo noventista tocando eu fico abalado, isso eu fico.

Camisa de Vênus - Negue (Nelson Gonçalves)
Para finalizar, uma versão um tanto quanto curiosa. Imagine o Camisa de Vênus regravando uma música do Nelson Gonçalves que ficou famosa na voz da Maria Bethânia. Acho que não preciso falar mais nada! 

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Urban Music Festival

Nos últimos anos, o Brasil tem sido destino certo de diversos artistas internacionais. Com o país entrando de vez na rota de shows, festivais começaram a ressurgir - vide o Rock In Rio - e outros foram criados - vide o SWU -, ambos debaixo do holofote da grande mídia.

Mas nem só de grandes festivais tem vivido o país, alguns eventos de porte médio (no sentido de divulgação) tem chamado a atenção pela suas atrações. Neste grupo é que se encontra o Urban Music Festival.

O eventos está marcado para o dia 29/05, na Arena Anhembi (SP), lugar este com capacidade para até 30 mil pessoas. Os ingressos estão bastante em conta se comparados aos preços de outros festivais. Por R$100 (meia R$50) é possível fazer parte da festa.

No festival, além dos shows, haverá arenas de esportes radicais, basquete de rua, skate, art street e grafite, ou seja, manifestações culturais urbanas. Mas vamos ao que este blog e post trata, a música e as atrações do festival.

Um dos personagens presentes no festival é aquele que pra muitos é considerado o criador do hip hop, o Afrika Bambaataa. Líder da Zulu Nation, Bambaataa viu na música a saída para as eternas brigas de gangues que rolavam no Bronx. Além de sua importância ideológica para o hip hop, é também um dos mais importantes DJs/produtores de todos os tempos. Misturando Kraftwerk e James Brown com o estilo falado da música jamaicana, provou seu talento ao compor a já mítica "Planet Rock", que serviu de base para a criação do miami bass e, mais futuramente, o funk carioca. Quem gosta de rap e valoriza a cultura hip hop tem que assistir!

John Legend (famoso colaborador de gente como Jay-Z, Alicia Keys, Lauryn Hill, Kenye West, dentre outros), chega ao festival acompanhado de uma banda no mínimo espetacular, a The Roots. Com esta banda gravou o recente mais disco Wake Up!, um álbum que representa o tão falado "revival" da soul music. Para muitos ele é muito careta, mas vale conferir.

Cee Lo Green, a já conhecida voz do Gnarls Barkley e Goodie Mob, chega ao Brasil para divulgar o disco The Lady Killer e apresentar a premiada (acaba de ganhar o Grammy de canção do ano) e sensacional "Fuck You". Com a postura e a voz de um ícone da soul music e uma banda acachapante, seu show é praticamente certeza de excelência. Assista a apresentação de seu hit abaixo e comprove que é possível fazer um som legal com alcance pop.

Acho que desde o lançamento do longínquo "Sobrevivendo no Inferno" (1997) dos Racionais MC's, que o rap brasileiro não é tão comentado, isso graças a uma nova geração composta, dentre outros, pelo Kamau e representada muito bem no festival pelo Emicida. Acompanhado do sempre competente Instituto, Emicida chega ao festival para provar o porque de todo o respeito que tem conseguido. Se você ainda não conhece som dele, assista o vídeo abaixo!

O festival ainda terá Roots Rock Revolution, Copacabana Club, Dj Mau Mau os belgas do Technotronics.

Se você que lê este texto for um ser interessado em arte contemporânea e esteja afim de ver artistas em pleno exercício de suas artes, recomendo então que compre o seu ingresso o quanto antes.

sábado, 2 de abril de 2011

"Quem não gosta de samba, bom sujeito não é"

Por mais cabeça aberta que eu seja, existem alguns estilos musicais que não me descem com tanta facilidade. Durante muito tempo tive uma certa resistência ao samba. Admirava à distância artistas como Cartola e Noel Rosa por suas letras, achava interessante também a "malandragem" do Bezerra da Silva e a espontânea dramaticidade sofisticada do Nelson Cavaquinho. Todavia, não tinha interesse algum em botar um disco deste ritmo tipicamente brasileiro - apesar de suas origens africanas - para ouvir.

Entretanto, comecei a prestar atenção em alguns artistas e percebi que eu poderia ter mais que admiração, que eu conseguia realmente gostar de ouvir samba, só que eu estava indo na fonte errada.

Caso você que esteja lendo essas mal traçadas linhas também sofra com este dilema de amor e ódio com o samba, recomendo que escute esses quatro sons a seguir e, quem saiba, possa também mergulhar em uma nova fonte de emoção.

Obs: não tenho o intuito de "converter" ninguém a nada. Ouviu as músicas abaixo e não gostou? Bola pra frente!

Paulinho da Viola
Aquele que despertou em mim o interesse pelo estilo. Paulinho da Viola é um letrista excepcional, dono de voz encantadora, elegante como nenhum outro interprete brasileiro. A música que postarei é de arranjo tão belo que até assusta.

João Bosco
O homem das mil vozes, violonista de primeira, dono de um groove desconcertante e que sempre trabalha com músicos de primeira grandeza, João Bosco é referência de compositor. Em parceria de Aldir Blanc, compôs canções de qualidade inquestionável. Confira o jeito descontraído de João Bosco cantar e a qualidade técnica de sua banda - que contém integrantes do Nosso Trio - no vídeo a seguir.

Adoniran Barbosa
Um patrimônio cultural do estado de São Paulo, Adoniran Barbosa foi compositor de inúmeras músicas clássicas que retratam a simplicidade do paulistano, principalmente no que se refere ao imigrantes proletariados italianos. Além das gírias e do português coloquial, o que mais chama atenção em suas músicas é sua interpretação, sotaque, a voz rouca e sofrida de beleza ímpar. Veja o vídeo abaixo dele em parceria com a eterna Elis Regina.

Chico Buarque
Uma ótima porta de entrada ao samba é a obra do Chico Buarque, genial compositor que não fica restrito ao estilo, mas vire e mexe produz maravilhas como essa: