terça-feira, 29 de março de 2011

Guitarristas do Ozzy

Nesta semana, Ozzy Osbourne começa sua turnê pelo Brasil. Não vou no show, mas nada me impediu de reouvir alguns clássicos que marcaram a obra do eterno vocalista do Black Sabbath.

Umas das fortes características de toda a carreira do Ozzy é de ter sido acompanhado por excelentes músicos. Se seu vocal não é dos mais primorosos, a banda de apoio compensa na parte técnica. Pelo seu grupo já passaram os excelentes bateristas Lee Kerslake (ex-Uriah Heep), Deen Castronovo (ex-Cacophony, atual Journey), Tommy Aldridge (Black Oak Arkansas e Whitesnake), Randy Castillo e Mike Bordin (Faith No More). Os baixistas Bob Daisley (ex-Rainbow), Mike Inez (Alice In Chains) e Robert Trujillo (ex-Suicidal Tendencies, ex-BLS e atual Metallica). Até mesmo o genial tecladista do Yes, Rick Wakeman, já deu uma força para o velho Madman.

Entretanto, o foco deste post, como ficou claro no título, são os guitarristas que acompanharam Ozzy ao longo de sua carreira. Vamos a eles!

Tony Iommi
Nada melhor que começar do início, com o mestre de todos que virão a seguir: Tony Iommi. Falar da carreira de Ozzy e não falar do Black Sabbath é um crime inafiançável. Iommi é uma lenda dos riffs endiabrados. Ele superou uma deficiência física (ele não tem parte de 2 dedos da mão da escala) e usou seu problema como motivação para criar um novo estilo, abaixando o tom das cordas, originando um som extremamente denso e sombrio. Um gigante da história do rock.

Randy Rhoads
Desde que me entendo por gente, Randy Rhoads é a "lenda incontestável, o gênio absoluto de toda a carreira do Ozzy". Não endeuso ele, mas a verdade é que o icônico guitarrista escreveu riffs e solos que mudaram para sempre a guitarra heavy metal. Com frases calcadas na música erudita e um timbre surpreendentemente pesado pra época, Randy consegui em apenas dois anos e três discos (sendo o Tribute um álbum ao vivo lançado cinco anos após sua morte) entrar no "Hall of Fame dos Guitar Heros". O álbum Bizzard Of Ozz é de audição obrigatória para qualquer guitarrista e fã de heavy metal.

Jake E. Lee
Um dos guitarristas mais subestimados do heavy metal. Ele escreveu riffs excepcionais e quebrou fronteiras técnicas do instrumento. O disco Bark At The Moon é uma aula de bom gosto e virtuosidade. Infelizmente, os problemas pessoais do Ozzy refletiram em sua carreira, derrubando o guitarrista, que não conseguiu obter o mesmo sucesso dos músicos anteriores.

Zakk Wylde
Zakk é um dos mais talentosos guitarristas da "atualidade". Dono de estilo próprio que une o peso do Dimebag com o rock sulista do Billy Gibbons, Zakk conquistou uma legião de fãs (e imitadores) espalhados ao redor mundo. Seus harmônicos já se tornaram referência e sua Les Paul com espiral um sonho de consumo. Além de ser o guitarrista que ficou mais tempo ao lado de Ozzy, conseguiu brilhar sozinho através do finado e saudoso Pride & Glory e do sempre competente Black Label Society.

Gus G.
Apesar de não ser tão bom/relevante quanto os anteriores, não poderia deixar de escrever sobre o atual guitarrista do Ozzy. Cansado dos porres do Zakk e da sonoridade cada vez mais parecida com a do BLS, Ozzy apostou numa cara nova e chamou o guitarrista do Firewind para gravar seu novo disco, o esquecível Scream. Gus G ainda não mostrou seu talento enquanto compositor com o Madman, já que quando chegou para gravar as guitarras as músicas já estavam prontas. Todavia, tem se mostrado muito competente na hora de tocar ao vivo. Veja o vídeo abaixo e comprove. (Obs: o playback do Ozzy é lamentável).

segunda-feira, 28 de março de 2011

Rogério Duprat e suas experimentações

Rogério Duprat foi um dos maiores arranjadores deste país. Aluno de Stockhausen e colega de classe de Frank Zappa, Duprat deixou sua marca na história da música mundial ao trabalhar com os tropicalistas.

É interessante notar a enorme influência que os arranjadores tinham nos trabalhos da Tropicalia, sendo que Duprat muita vezes era tão ousado em suas colaborações que, mesmo sem tocar nenhum instrumento, conseguia deixar clara suas mãos impregnadas nas composições.

Duas de suas maiores obras estão infiltradas em dois discos seminais da música brasileira, o Gilberto Gil e o Álbum Branco de Caetano Veloso, ambos de 1969. Adepto do ruído, das experimentações de vanguarda e até mesmo da psicodelia, Duprat trabalhou especificamente em duas músicas que mais parecem poesias abstratas musicadas com criatividade provocante. Ouça e comprove:

Gilberto Gil - Obejeto Semi-Identificado

Caetano Veloso - Acrílico

Vale lembrar que não foi só com os tropicalista que o Rogério Duprat trabalhou, vide o arranjo da emblemática "Construção" do Chico Buarque, que mais parece construir um cenário para sua narrativa brilhante.

Não quero dar uma de saudosista (ainda mais de uma época politicamente conturbada e que eu nem vivi), mas esses arranjos são a prova de que a música popular brasileira já foi muita mais ousada. Gênios do arranjo como Rogério Duprat fazem falta.

quinta-feira, 24 de março de 2011

A fase psicodélica de Ronnie Von

Para muitos, o título deste post pode parecer um absurdo, mas já é de grande conhecimento que o "engomadinho" apresentador do Todo Seu teve uma fase musical extremamente interessante.

Ronnie Von é visto erroneamente como um artista da Jovem Guarda, mas fato é que, apesar de ter surgido na mesma época e com sonoridade parecida, ele nunca se apresentou no palco do programa do Roberto Carlos. Muito pelo contrário, ele era praticamente um rival do Rei, apresentado um outro programa na mesma TV Record chamado O Pequeno Mundo de Ronnie Von.

Se na carreira televisiva Ronnie era o outro lado da Jovem Guarda, na música ele era mais oposto ainda. Enquanto a maioria dos jovens ainda apostavam no iê-iê-iê e em versões de música italiana (principalmente da Rita Pavone), Ronnie Von olhou para frente e viu a psicodelia explodindo em outros países. Desta forma, Ronnie se aproximou mais do Tropicalismo do que da Jovem Guarda.

Sem a interferência de acido lisérgico (segundo o próprio), Ronnie Von lançou três discos que na época não renderam sucesso algum comercialmente, mas que hoje conquistaram status de cult. Postarei uma música de cada um dos discos, escutem e tirem suas próprias conclusões.

Ronnie Von 1969
Logo no primeiro disco, uma das melhores e mais psicodélicas desta fase, a encantadora "Espelhos Quebrados". Atente-se a viagem da letra e o arranjo orquestrado sensacional.

A Misteriosa Luta do Reino de Parasempre Contra o Império de Nunca Mais (1969)
Se o nome do disco já é uma viagem sem tamanho, a música que abre o álbum não fica pra traz, a acachapante "De como meu herói Flash Gordon irá levar-me de volta a Alfa do Centauro, meu verdadeiro lar". Sim, esse é o nome da música!

Máquina Voadora (1970)
No último disco de sua fase psicodélica, Ronnie atinge sua perfeição, comprove isso escutando o ótimo arranjo da música "A Máquina Voadora".

terça-feira, 22 de março de 2011

TEM QUE OUVIR: The Beatles - Revolver (1966)

Costumo avaliar a beatlemania como um fenômeno de exageros. Com o olhar de "meio século depois", considero que a revolução comportamental causada pelo grupo em sua fase inicial seja muito maior que a obra em si. Polêmico? Provavelmente. Mas fato é que rapidamente a banda tomou novos rumos artísticos. O ponto de partida desta evolução sonora está claramente grifado na discografia do grupo com o álbum Revolver (1966), dono de maravilhosa capa confeccionada pelo Klaus Voormann.


O disco logo de cara apresenta a fantástica "Taxman", onde qualquer semelhança com o tema original de Batman não é mera coincidência. A música traz como curiosidade o ótimo solo de guitarra, executado não por George Harrison, mas por Paul McCartney. Fora que a linha de baixo também é um espetáculo.

Na sequência temos a contrapontística "Eleanor Rigby" - e essas cordas, lembram Bernard Herrmann em Psicose? -, uma das melhores e mais belas composições do quarteto, que expõe a sofisticação crescente do grupo no quesito arranjos orquestrados, mérito também do lendário produtor George Martin. Esse cuidado se mantém na balada "I'm Only Sleeping", onde as experimentações de estúdio ficam evidentes no solo do George, que opta por uma melodia construída ao contrário, tendo em vista a rotação da fita invertida na gravação.

Alias, o disco é claramente um dos que mais teve a mão do subestimado guitarrista. Além dele colaborar diretamente nas composições, vide a ótima "I Want To Tell You", sua influência de música indiana é bastante presente, como na psicodélica "Love To You".

O disco dá uma acalmada com a linda balada "Here, There And Everywhere" e a engraçadinha "Yellow Submarine", que além de ter Ringo Starr cantando, apresenta sons sobrepostos claramente influenciados pela música de vanguarda. Já o rock psicodélico volta com força total na sensacional "She Said She Said", que comprova o talento do Ringo na hora de criar levadas de bateria criativas/consistentes.

Virando o lado do disco temos a contagiante "Good Day Sunshine" e a exuberante "For No One", que são "apenas" duas entre tantas excepcionais composições da dobradinha Lennon/McCartney.

"And Your Bird Can Sing" tem como principal atrativo as guitarras de George e Paul se complementando em perfeita harmonia. Já "Got To Get You Into My Life" é um dos melhores rocks do quarteto, que por um momento ganha colaborações externas de um grupo de metais e do órgão de George Martin.

Se "Doctor Robert" é um rock simples de letra lisérgica condizente a época, o oposto ocorre na genial "Tomorrow Never Knows", que resume todo o brilhantismo do disco. Nela é possível encontrar ótimo groove em looping do Ringo, a influência indiana do George, as pesquisas sonoras de vanguarda do Paul, uma espetacular letra budista do John, além de delirantes sons invertidos, colagens sonoras, camadas psicodelicas, "gaivotas", dentre outras experimentações de estúdio.

Definitivamente, Revolver foi o disco que apontou para novos rumos, não só do quarteto, mas também de toda a música popular.

domingo, 20 de março de 2011

Um exemplo de perseverança chamado Jason Becker

Jason Becker não é apenas um dos maiores virtuoses de todos os tempos, é tambem um exemplo de superação. Pensando nisso, vários guitarristas brasileiros se uniram em prol deste fabuloso músico. Veja o vídeo abaixo e, se possível, faça também sua contribuição.

Caso você desconheça a vida deste mestre das seis cordas, passarei brevemente pela história de sua carreira neste post.

Jason Becker é um guitarrista americano nascido no ano de 1969, começou tocar violão erudito ainda criança até vir a descobrir a guitarra elétrica. Suas maiores influências são Eddie Van Halen, Eric Clapton, Bob Dylan, Stravinsky e o violinista Niccolò Paganini.

Descoberto por Mike Varney (um post sobre suas "descobertas" será feito no futuro), se juntou ao seu amigo Marty Friedman (que anos depois seria guitarrista do Megadeth) para montar a banda de metal Cacophony. Com essa banda, lançou dois discos seminais para guitarra virtuose, Speed Metal Symphony (1987) e Go Off! (1988). Ambos os discos impressionaram o público e a mídia especializada em guitarra por trazer uma linguagem nova para o virtuosismo, com guitarras harmonizando em intervalos dissonantes e uso de escalas exóticas. Nesta mesma época , o Jason Backer com apenas 19 anos lançou seu primeiro disco solo, Perpetual Burn (1989), quem além de esbanjar uma técnica assustadora, mostrava seu talento enquanto compositor.

O Cacophony levou Jason para turnês no Japão e na Europa, além de proporcionar a ele o prêmio de "Guitarrista Revelação" da Guitar Magazine. Com tanto visibilidade, foi chamado para integrar a banda de David Lee Roth, para substituir ninguém menos que Steve Vai. Jason aceitou o convite e começou a gravar as guitarras de A Little Ain't Enough (1991), mas os primeiros sinais do seu problema futuro começavam a aparecer.

Jason Becker começou a sentir fraqueza em uma de suas pernas, procurou um médico, mas com 20 anos e no auge de sua carreira, subestimou a doença com que foi diagnosticado, a silenciosa e degenerativa Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA). Sendo assim, continuou a levar sua vida tranquila, mas de trabalho intenso.

Logo a fraqueza não era apenas nas pernas, sua mãos já não tinham mais força, o que acabou levando ele a usar um encordoamento mais leve em sua guitarra. Mas isso não era o suficiente, ele praticamente já não tinha forças para fechar e abrir a mão esquerda. Tendo dificuldade até para se manter em pé no palco, sua apresentações se tornaram uma tristeza aparte. Fazer dinheiro também se tornou uma tarefa difícil, já que fabricantes de guitarra não queriam mais associar sua imagem a "um guitarrista doente".

Ao perceber a gravidade de sua doença, Jason Becker entrou em uma disputa de superação contra seu próprio corpo. Com a ajuda de um computador, começou a gravar todas suas idéias para usar assim que a doença fosse curada. Esse trabalho de criação está no álbum Perpective (1996), que contou com o auxilio do guitarrista Michael Lee Firkins.

Sua situação com o tempo foi se tornando cada vez mais grave, chegando ao ponto de não conseguir fazer mais nenhuma atividade básica sozinho, como ir ao banheiro, tomar banho e comer. Nesta altura, até mesmo a voz ele já tinha perdido.

Em 1997 foi hospitalizado com sérias dificuldades respiratórias, seu fim parecia próximo. Para mantê-lo vivo, um tubo era introduzido pela sua garganta para drenar seus pulmões, um procedimento extremamente agressivo. Driblando a morte, Jason Becker superou as previsões médicas, conseguindo se safar desta crise e manter-se num estado estável.

Hoje, Jason Becker respira com a ajuda de uma traqueotomia, se comunica através de um mecanismo que entende o movimento de seus olhos e vive em paz com ajuda de meditação e oração. 

A doença que mata no geral em 5 anos, não foi capaz de derrubar este gigante da guitarra que supera ela há mais de 20 anos. Todavia, as despesas com o tratamento, a impossibilidade de fazer shows, os downloads gratuitos e o lento processo de composição, fazem com que sua situação econômica não seja nada confortável, levando músicos a se unirem em prol de sua vida, assim como no vídeo postado no começo do post.

Convido quem lê este blog a ouvir a obra deste mestre e, se possível, ajudar o tratamento de sua doença (comprando seus discos originais é uma boa forma de ajudar a si mesmo e a ele). Informações de como ajuda-lo com doação para o projeto Heart Of A Hero se encontra no www.guitarclinic.com.br

terça-feira, 15 de março de 2011

O melhor do metal farofa/hair metal/glam rock/hard rock oitentista

O hard rock é um gênero que surgiu no final da década de 1960 para denominar bandas que tinham um som mais rápido e pesado do que era feito até então no rock n' roll. Entre os principais nomes deste período estão o Deep Purple, Led Zeppelin, Grand Funk Railroad, UFO, Free, Bad Company, Nazareth, Kiss, Aerosmith, AC/DC, Thin Lizzy e Scorpions.

Já nos anos 80, com a popularização do Mötley Crüe, começaram a surgir bandas que tinham como característica o peso e o alto astral do Van Halen com a aparência "espalhafatosa" de grupos do glam rock, como o T. Rex. Maquiagem pesada, roupas transvestidas, cabelos volumosos, virtuosidade gratuita, timbres pasteurizados e canções irregulares dominaram a programação da então novata MTV americana. Dentre as bandas que tinham essas características estão:

- as piadas: Tyketto, Nitro, Nelson, Winger, Warrant, dentre tantas outras aberrações.
- os fracos: Quiet Riot (nem a fase com o Randy Rhoads salva), Poison (a fase final com o Richie Kotzen é aceitável), Bon Jovi (nem o Richie Sambora salva, nem no auge era grande coisa), Twisted Sister (algumas faixas pesadas até que são legais, mas no geral é galhofa) e Europe (que só foi ficar legal recentemente, sendo que o John Norum é um bom guitarrista).
- os extremamente irregulares: Dokken, Danger Danger e Mr. Big (todos "salvos" pelos excelentes guitarristas).
- os veteranos que se contaminaram pelo estilo e se deram mal: Kiss, Scorpions e Ozzy Osbourne.
- e os brasileiros que, dentro da nossa tosquice, se deram bem: Robertinho de Recife (fase Metal Mania), Banda Taffo, Dr. Sin e Cavalo Vapor.

O estilo hoje é lembrado somente pelos grupos horríveis (visualmente e musicalmente), mas a verdade é que outras grandes bandas também surgiram, postarei aqui algumas delas:


Mötley Crüe
Se eu tivesse que "salvar" apenas uma banda do hair metal, o Mötley Crüe seria a escolhida. Com visual espalhafatoso, canastrice divertida e peso consistente, a banda lançou bons discos e se destacou por ter o ótimo baterista Tommy Lee e o subestimado guitarrista Mick Mars. Tudo que surgiu depois foi uma caricatura de Mötley Crüe. Uma festa em L.A. regada a cocaína, coelhinhas da Playboy e os integrantes Mötley Crüe está no imaginário de qualquer rockeiro. Shot At The Devil (1983) é um clássico, sendo que até o Mötley Crüe (1994, já com o John Corabi nos vocais) vale escutar tudo.

Def Leppard
Se no começo da carreira o Def Leppard era posto ao lado das grandes bandas da NWOBHM (vide no ótimo On Through The Night, de 1980), com passar dos anos o grupo foi de encontro ao hard rock americano, chegando ao ápice da popularidade com o disco Pyromania (1983), um clássico do período. A produção assinada pelo Robert "Mutt" Lange é polida demais para meu gosto, mas as composições são boas. Todavia, nem adianta acompanhar depois disso porque a banda caiu num limbo de mediocridade impressionante.

Night Ranger
Devo confessar que adoro o primeiro disco do Night Ranger, Dawn Patrol (1982). Culpa da excelente dupla de guitarristas formada pelo Jeff Watson e Brad Gillis. Tem muito do cruzamento do AOR com hard rock que fez enorme sucesso naquela época (principalmente com o Journey), só que aqui soando mais "rockeiro" e virtuoso.

Ratt
O Ratt é das bandas de maiores sucessos do hard rock, sucesso esse que não chegou ao Brasil. Muito dos méritos do grupo se deve ao ótimo guitarrista Warren DeMartini (ao lado do George Lynch do Dokken, o principal nome da guitarra hard dos anos 80). De tão boas que eram suas ideias, ele conseguiu arrancar elogios de gente como Frank Zappa e Billy Gibbons (ZZ Top). É uma genuína banda de rock n' roll, mas com a produção ditada pelo mercado da época. Out Of The Cellar (1984) é um tremendo álbum.

David Lee Roth
Se a saída de David Lee Roth foi um susto para os fãs de Van Halen, o lançamento do espetacular disco Eat 'Em and Smile (1986) foi motivo de comemoração. Trazendo ninguém menos que o guitarrista Steve Vai e o baixista Billy Sheehan e o baterista Gregg Bissonette, fica fácil gostar do som que se ouve. Mas recomendo levar com humor o estilo canastrão do Lee Roth.

Whitesnake

Não gosta da pasteurização sonora que medalhões como Kiss, Scorpions e Ozzy fizeram ao ir de encontro ao som vigente do hard rock. Na minha visão, quem soube adentrar o estilo com dignidade (e grande sucesso comercial) foi o David Coverdale e seu Whitesnake, começando já no Slide It In (1984), passando pelo Whitesnake (1987, com o ótimo John Sykes nas guitarras) e indo até o Slip Of The Tongue (1989), sendo que esse último juntou um time fantástico (Steve Vai, Rudy Sarzo e Tommy Aldridge). Claro, tem suas galhofadas e baladas terríveis, mas vale conferir mesmo assim.

Blue Murder
E o que fez o John Sykes pós Whitesnake? Montou o Blue Murder ao lado do veterano Carmine Appice e do brilhante baixista fretless Tony Franklin. O resultado alcançado no debut (lançado em 1989) tem a polidez típica do período, mas também com peso de power trio. Eu gosto.

W.A.S.P.
Liderado pelo carismático e infame Blackie Lawless, o W.A.S.P. se consagrou por apresentar um peso extra dentro da estética hard/heavy oitentista. Até o visual era mais "satânico". Por mais que o debut do grupo seja tido como um clássico do estilo, acho o The Last Command (1985) e The Crimson Idol (1992, com certa influência de The Who) bem mais legais, tanto nas composições quanto na produção e execução.

Tesla
Confesso que só conheço o álbum de estreia da banda, o Mechanical Resonance (1986), que acho bem legal. As composições são criativas (sem fugir da "estética hard rock"), tem um espírito rockeiro genuíno, a produção não é tão pasteurizada e é muito bem tocado. É o suficiente para admirar.

Guns N' Roses
Falar de Guns N' Roses é chover no molhado. Appetite For Destruction (1987) é um dos melhores discos do estilo. Na verdade, é das melhores estreias da história do rock. Depois a banda perdeu a mão com a grandiloquência insana do Axl, mas ainda assim escreveu seu nome no rock.

White Lion
Na real nem é grande coisa, só acho o Vito Bratta um tremendo guitarrista e fico admirado com sua performance no disco Pride (1987). Ele tá desenfreado. Sempre escuto abismado e com um sorriso no rosto. É o suficiente. Obs: que fim levou ele?

Cinderella
O visual era horrível, os clipes eram patéticos e o nome da banda é uma piada, mas o Cinderella era um bom grupo, que tinha como características refrães marcantes e uma bela pitada de AC/DC nas guitarras, ainda que com uma produção por vezes excessivamente polida e datada. Long Cold Winter (1988) é uma boa porta de entrada ao estilo. Lembrando que o grande Cozy Powell chegou a gravar a bateria de algumas faixas.

The Cult 
O The Cult não era uma banda do autêntico hard rock oitentista. Tava mais para um "hard gótico". Todavia, almejando o sucesso das bandas do estilo, apostou num hard mais tradicional. O resultado foi Electric (1987), aquele que pra mim é um dos melhores disco de hard rock da década de 1980, com faixas excepcionais movidas por riffs certeiros (mais uma vez à la AC/DC), a voz marcante do Ian Astbury e a produção impecável de Rick Rubin. O bom Sonic Temple (1989) segue a mesma linha.

Badlands
Banda formada pelo guitarrista Jake E. Lee (ex-Ozzy) e o baterista Eric Singer (atual Kiss). Se a qualidade técnica é inquestionável, o que chama atenção mesmo são as composições. Algo entre o hard rock 70' e o blues rock, mas embalado na estética da época. O homônimo disco de estreia do grupo lançado em 1989 é bem legal.

Lynch Mob
Embora reconheça o grande guitarrista que o George Lynch é, nunca tive muito saco para os discos do Dokken, tanto devido as composições quanto a produção polida. Mas o Wicked Sensation (1990), a estreia do Lynch Mob, eu acho bem legal. O guitarrista tá voando, há um peso consistente e mesmo o vocalista Oni Logan me agrada, ainda que explorando todas as afetações do hard rock, que aqui descem bem.

Extreme 
Tá certo que o Extreme é uma banda já da década de 1990, mas um dos melhores discos daquilo que é considerado hard oitentista é deles e se chama Pornograffitti (1990). Mesmo o III Sides To Every Story (1992) é bem bom. Isso prova que o estilo é claramente movido pelo som e não pela década. Nuno Bettencourt conseguiu mostrar que a virtuosidade do estilo conseguia se unir muito bem à boas melodias, grooves e riffs roqueiros. Se os músicos daquela época tivessem percebido isso, o gênero teria hoje uma imagem melhor. Mas a verdade é que o grunge fez questão de varrer tudo para o ostracismo.

Hardline
Já após a ascensão grunge, Neal Schon e Deen Castronovo formaram esse grupo com irmãos Gioeli. O resultado: o debut deles lançado em 1992 passou praticamente despercebido. Mas escutando é possível encontrar refrães pegajosos típicos do estilo, uma pegada rock n’ roll certeira (tem momentos à lá AC/DC) e ótima performance do guitarrista e do baterista. Acho legal.

domingo, 13 de março de 2011

"Não é tão ruim quanto parece!"

"Não é tão ruim quanto parece!". Quem me conhece já deve ter ouvido eu soltar essa frase ao me referir a artistas de "qualidade questionável". Mas a verdade é que alguns destes nomes apresentam qualidades bastante explicitas. Colocarei aqui alguns exemplos "polêmicos" que estão dentro desta categoria.

Não, nenhum deles tem um trabalho impecável ou de genialidade indiscutível, mas vale a pena dar uma reouvida em todos e, quem sabe, formar uma nova opinião.

Christina Aguilera
Tem quem ache a Christina Aguilera do mesmo nível da Britney Spears, mas a verdade é que tal afirmação só serve de atestado de surdez. Além de ser uma cantora bastante competente, ela consegue fazer com que seus dotes vocais sejam usados em boas canções. Comprove o talento da Aguilera no ótimo disco Back to Basics, que além de tudo, é uma aula de produção.

Claudinho e Buchecha
Não, o som do Claudinho e Buchecha não é magnifico, mas passa longe da atrocidade que muita gente acusou de ser. Além de serem artistas do autêntico funk carioca, sua composições são tão simples quanto cativantes. É o pop brasileiro na essência. Pense na música "Conquista" com uma bateria acústica e vê se ela não poderia muito bem estar num disco do Cassiano ou do Luiz Wagner. Vale dizer que muito dos méritos sonoros da dupla se devem ao grande DJ Memê.

Dave Matthews Band
Assisti por acaso um show da DMB e tirei diversas conclusões. É verdade, eles são uns mauriçocas sem carisma algum, mas também não é de todo mal. O instrumental soa muito bem, o repertório é irregular (mas não é péssimo) e o único verdadeiro problema é o próprio Dave Matthews. Já o Carter Beuford é dos bateristas mais precisos que existe. Ele não dá uma bola fora. Por outro lado, me incomoda como as "jams" soam previsíveis. É muito limpinho. Resumindo, é um constante jogo de prós e contras.

My Chemical Romance
Disparada a melhor banda daquela safra emo, tendo alcançado enorme sucesso comercial com um trabalho até mesmo ambicioso. Isso num cenário bastante acomodado. The Black Parade é um clássico do período.


Existem muitos outros exemplos, dentre eles Daniela Mercury, Lady Gaga, Paramore, Oficina G3, Eagles, Cinderella, etc, que muitos torcem o nariz sem real motivo. Todavia, entendo a questão de gosto musical e nem quero me passar como o dono da verdade. Não gostar de qualquer um dos citados acima é compreensível, mas espero que esse "não gostar" seja motivado por uma experiência auditiva real e não por mero preconceito.

terça-feira, 8 de março de 2011

Dia das Mulheres


Maria Callas, Sistes Rosetta Tharpe, Yvette Guilbert, Celia Cruz, Rita Pavone, Ella Fitzgerald, Billie Holiday, Aretha Franklin, Nina Simone, Etta James, Nico, Joni Mitchell, Marianne Faithfull, Patti Smith, Janis Joplin, Suzi Quatro, Agnetha Fältskog, Yoko Ono, Nina Hagen, Poison Ivy, Angela Gossow, Doro Pesch, Bonnie Raitt, Jennifer Batten, Kaki King, Orianthi, Bjork, PJ Harvey, Madonna, Kim Gordon, Kim Deal, Debbie Harry, Cat Power, KT Tunstall, Christina Aguilera, Joss Stone, Amy Winehouse, Adele, Grace Slick, Lady Gaga, Ann e Nancy Wilson, as Runnaways, as Girlschool, as Shaggs, as L7, as Donnas, as Pussy Riot, Carmen Miranda, Dona Ivone Lara, Inezita Barroso, Helena Meireles, Aracy de Almeida, Nara Leão, Elis Regina, Cássia Eller, Angela Ro Ro, Rita Lee, Gal Costa, Tete Espindola, Marisa Monte, Baby Consuelo (ou Baby do Brasil), Céu, Wanderléa, Silvinha Araújo, Fernanda Takai, Daniela Mercury e até mesmo Wendy Carlos. Parabéns a todas e feliz dia das mulheres!

sexta-feira, 4 de março de 2011

Rock Progressivo Italiano

Não sou nacionalista. Todavia, é evidente que cada país tem suas características culturais e que isso interfere diretamente na música local, seja esse país a Angola ou a China.

Ao fazer textos como “melhores discos brasileiros” ou “a genialidade alemã de Stockhausen”, não quero colocar barreiras, mas sim esclarecer que a música típica de um país não se restringe ao óbvio.

Um grande exemplo disso é a Itália, que não se resume a Rossini ou Pavarotti. Comprovo isso com uma lista de melhores discos de rock progressivo italiano, um estilo pouco comentado pela grande mídia, mas muito particular do país em questão.

Obs: não sou especialista no gênero, mas pelo pouco que conheço, estes são alguns dos álbuns mais interessantes.

Area – Arbeit Macht Frei
E você achando que o Rage Against The Machine é a banda mais de “esquerda” do mundo. Isso porque você ainda não se atentou as letras do Area, grupo encabeçado por Demetrio Stratos, que curiosamente não era italiano, mas sim grego, sendo que a influência da música grega fica clara logo na primeira faixa, a excepcional “Luglio, Agosto, Settembre (Nero)”. O que ocorre em grande parte do disco é um festival de canções complexas, mas sem soar desinteressante, todas recheadas de solos jazzísticos de saxofone, sintetizadores frenéticos e vocais primorosos.

Banco Del Mutuo Soccorso - Darwin!
Uma das bandas mais lembradas quando se fala em rock progressivo italiano é o Banco. Com um estilo bastante calcado no progressivo britânico, o grupo provavelmente foi o que mais expandiu comercialmente, resultando em uma carreira duradoura. Darwin! é um dos melhores discos da banda. É possível encontrar no álbum passagens de teclados influenciadas por Emerson, Lake & Palmer (a introdução de “La Conquista Della Posizione Eretta” tem lá sua semelhança com “The Barbarian”) e até mesmo vocais que remetem a ópera italiana.

Jacula – Tardo Pede In Magiam Versus
Uma das minhas bandas prediletas do estilo, talvez por ser a mais experimental. Seu primeiro disco é de 1969, sendo assim, é possível colocar ela como uma das precursoras do rock progressivo no mundo. Suas músicas têm como centro o trabalho do ótimo organista Charles Tiring, que traz um clima sombrio para as canções. O timbre do órgão poderia perfeitamente ser usado na trilha do Drácula. A curta carreira do grupo resultou em apenas dois discos, sendo o segundo o mais interessante.

Le Orme – Uomo di Pezza
Nessa altura do campeonato, se você estiver ouvindo os discos, já deve ter percebido que o teclado é perdominante no progressivo italiano. Pois bem, aqui não é diferente. Porém, o Le Orme é a banda que apresenta melodias mais bonitas dentre todas do estilo, principalmente no disco escolhido em questão. Dentre todas as bandas, possivelmente a que mais fez sucesso.

Premiata Forneria Marconi - Storia Di Un Minuto
Este disco tem um formato mais convencional que os outros, apresentando melodias diretas, mas não menos interessantes. Curiosamente, acho que a banda tem uma certa semelhança com O Terço (escute “Impressioni Di Settembre” e comprove), muito talvez pelo uso constante de violões em belas baladas. Entretanto, quando baladas não é o foco, a banda esbanja técnica impecável, como na quase hardão “E' Festa”.

Museo Rosenbach - Zarathustra
Museo Rosenbach é a “queridinha” dos fãs de prog e o disco Zarathustra é considerado por muitos uma obra-prima. E não é pra menos. A faixa titulo é de audição obrigatória para todos amantes de progressivo. Aqui o mellotron - mais uma vez ele! - é o grande destaque, criando camas perfeitas e melodias excepcionais. Mas nem tudo é perfeito. A banda carrega em seus ideais uma velha praga italiana: o fascismo. Mas assim como ocorre no cinema com o Nascimento de Uma Nação, onde a glorificação do absurdo é deplorável, a estupidez ideológica felizmente não diminui o valor da obra. Clássico!

É isso, uma lista simples, porém útil pra quem nunca se aventurou no progressivo italiano. Se você acha que tem algum álbum fundamental do estilo que não está na lista, mande nos comentários. Abraços.