segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Epitáfio de Seikilos: O ponta-pé inicial da música ocidental


Eis a primeira música criada da história. Ou melhor, a primeira composição completa que se tem notícia. Essa correção é válida pois a humanidade certamente já explorava a arte de combinar sons e silêncio muito antes desta composição (algo entre 200 a.C até 100 d.C). Entretanto, como essas músicas não sobreviveram hereditariamente e nem foram registradas em qualquer tipo de escrita musical, coube ao Epitáfio de Seikilos essa honra.
A letra da canção traz uma bela melodia que foi gravada em uma lápide perto de Aidin, na Turquia. Esta composição foi feita por um sujeito chamado Seikilos e a canção foi dedicada à sua esposa, obviamente, a dita cuja dona da lápide. Segue a letra:
"Enquanto viveres, brilha
Não sofras nenhum mal
A vida é curta
E o tempo cobra suas dívidas"
Sua melodia na escrita atual:

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Os melhores discos nacionais da década de 2000

Sem delongas, continuando a lista dos grandes discos da primeira década de 2000. Desta vez, destaque para os nacionais. 

Obs: Alguns não envelheceram tão bem, mas quis menciona-los mesmo assim por ter ouvido muito quando lançados. Vale como registro de uma época.


Cássia Eller - Com Você... Meu Mundo Ficaria Completo ao Vivo (2000)
Quero começar com uma pequena trapaça. Isso porque, até onde sei, esse show saiu apenas em DVD. Mas para mim, é o trabalho que melhor representa a Cássia Eller, já estourada, com ótima banda e repertório variado. Há muita atitude nas interpretações.

509-E - Provérbios 13 (2000)
Dexter e Afro-X numa paulada socialmente afrontosa. Os textos parecem uma continuação natural do que os Racionais haviam feito até então, só que com beats soturnos sonoramente ainda melhor resolvidos. Impactante.

Cálix - Canções de Beurin (2000)
A escola do rock progressivo brasileiro muito bem representada. Cálix consegue misturar Jethro Tull e música folk numa abordagem tipicamente mineira. Isso tudo no adentrar do século. Bem bom, por mais improvável que seja.

Planet Hemp - A Invasão do Sagaz Homem Fumaça (2000)
O álbum derradeiro (até então) do Planet Hemp. O repertório é primoroso e a produção muito melhor resolvida que nos álbuns anteriores, muito devido a mão do Mario Caldato Jr.. Um clássico que precisa ser melhor avaliado.

Point Of No Return - Centelha (2000)
Clássico da geração Verdurada. "Straight edge hardcore metalcore vegan bica no ar". Performances não menos que intensas. 

Sabotage - Rap é Compromisso! (2000)
Disco de estreia do maior rapper brasileiro. Ótimas letras, grooves interessantes e uma extraordinária capacidade rítmica ao cantar. Infelizmente, todas essas qualidade duraram pouco devido sua trágica morte. Todavia, esse trabalho fica como um dos mais importantes registros do rap nacional.

X+2 (Moreno +2) - Máquina de Escrever Música (2000)
Primeiro álbum da parceria do Moreno Veloso com o Domenico e Kassin. É a música popular brasileira numa abordagem contemporânea, acessível e graciosa nas melodias e interpretação. Fora que o projeto deu destaque a três dos artistas mais talentosos desta geração.

*Hurtmold - Et Cetera (2000)
Hurtmold, hoje mais ligado a música brasileira/jazz/post-rock, em seu primeiro disco, curiosamente influenciado pelo Fugazi. Marcou uma geração.

*Mopho - Mopho (2000)
Hoje a psicodelia é vista com naturalidade, mas na virada do século nem tanto. Dito isso, essa banda de Alagoas foi importante para esse revival. Isso, claro, através de boas canções.

Cachorro Grande - Cachorro Grande (2001)
Estreia dos gaúchos da Cachorro Grande. Cru, rockeiro, energético, bem tocado e eficaz. Melhor disco do grupo.

Nico Assumpção, Lincoln Cheib & Nelson Faria - Três/Three (2001)
Esse disco pode ser considerado um clássico da música instrumental brasileira recente. Não por acaso, já que os três são feras de seus respectivos instrumentos. Se a interação e os improvisos são acima de qualquer suspeita, vale ainda pontuar as composições, vide a memorável “Paca Tatú Cotia Não”.

Walverdes - Anticontrole (2001)
Mais um ótimo resultado da cena do rock independente que explodiu no inicio do século. É sujo e visceral, ao mesmo tempo que bem resolvido sonoramente.

Yamandu Costa - Yamandu (2001)
Assombrosa estreia de um artista que renovou o violão brasileiro, a música instrumental e a música da região Sul. Virtuoso e cheio de atitude.

*Los Hermanos - Bloco Do Eu Sozinho (2001)
Eu passo longe de morrer de amores, mas não vou juntar coro com aqueles que, por bobeira, acham intragável. Tem seu valor. Acho o repertório desse melhor que o do aclamado Ventura (2003).

*Presto? - Ódio Puro Concentrado (2001)
Uma combinação fulera e desgraçada de grindcore, hardcore e afinações baixas. Socão na barriga.

Thee Butchers' Orchestra - Golden Hits by... (2001)
Se enquanto fez parte do Cansei de Ser Sexy o talentoso Adriano Cintra não conseguiu chamar a minha atenção, no passado ele lançou essa pérola que bebia do garage rock revival do Jon Spencer Blues Explosion. Sonzera!

Ed Motta - Dwitza (2002)
Disco jazzistico do Ed Motta, com composições magnificas e uma clareza instrumental impressionante. Ele inegavelmente sabe das coisas.

Forgotten Boys - Gimme More (2002)
Pitadas de proto-punk, punk, rock n' roll e até mesmo sleaze. É tosco e energético. É o suficiente.

Jupiter Apple - Hisscivilization (2002)
Um disco absurdo de criativo, que transcende a psicodelia. A prova de que o Jupiter Apple não era somente muito doido, mas também ultra talentoso.

Racionais MC's - Nada Como Um Dia Após o Outro Dia (2002)
Após a pedrada que foi o Sobrevivendo no Inferno (1997), um álbum mais funky, versátil e até mesmo solar. Isso tudo sem precisar abandonar a tensão lírica e sonora quando necessária. Alguns dos maiores clássicos do grupo estão aqui. Ótima produção.

Los Pirata - En Una Onda Neo Punque (2003)
Surf rock, punk, rockabilly, letras em "portunhol" e uma bateria de brinquedo. Precisa de mais alguma coisa? Fora que o João Erbetta é um tremendo guitarrista.

Matanza - Música Para Beber e Brigar (2003)
Eu era adolescente, fazia sentido. Fora que a mistura de Johnny Cash com Motörhead tinha sua graça. Não envelheceu tão bem.

Nuno Mindelis - Twelve Hours (2003)
Grande bluesman brasileiro. Neste disco ele não apresenta nada além do bom e velho blues extremamente bem feito e guitarristicamente acima de qualquer suspeita. É o suficiente.

Otto - Condom Black (2003)
Tendo como aliados de produção o Apollo 9 e Pupillo, Otto propõe uma experiência de canção popular brasileira antenada a elementos eletrônicos. 

Pitty - Admirável Chip Novo (2003)
Estreia solo da cantora baiana. É o pop rock com peso, letras joviais provocativas, carisma e canções memoráveis que fizeram muito sucesso mesmo num cenário desfavorável. Só por isso já vale estar aqui.

Skank - Cosmotron (2003)
Sai a influência de reggae, entra a psicodelia dos Beatles, o britpop contemporâneo e o DNA do Clube da Esquina. O resultado é o melhor disco da melhor banda do pop rock nacional.

*Autoramas - Nada Pode Para Os Autoramas (2003)
O Gabriel Thomaz sempre foi um bom compositor, sendo aqui ele encontrou um ótimo balanço entre o apelo pop rock e timbres saturados que elevam a intensidade das canções.

*Retrofoguetes - Ativar Retrofoguetes! (2003)
Porque o surf rock que se preze tem que vir da Bahia. Ensolarado, cheio de guitarras, muito bem tocado e com composições dançantes. É o suficiente.

Angra - Temple Of Shadows (2004)
Não colocar esse disco na lista seria negar um dos álbuns que mais ouvi nesta década. Mesmo não gostando mais dos estilos que predominam no trabalho (power metal e metal progressivo), esse disco ainda me atrai, não somente por mera nostalgia, mas pelo fato das composições serem excelentes. Para mim (e grande parte da minha geração) o melhor trabalho do Angra.

Black Alien - Babylon By Gus Vol. 1 - o Ano do Macaco (2004)
Um MC de personalidade, tanto nos textos e flow quanto na escolha dos beats. É o rap carioca em seu melhor momento. Altamente influente e repleto de momentos memoráveis.

Danilo Brito - Perambulando (2004)
Bandolinista espetacular que colocou o instrumento novamente sob holofotes da música instrumental. Cristalino.

Dead Fish - Zero e Um (2004)
De toda a geração de hardcore melódico que dominou o rock mainstream da época, nenhuma banda se saiu tão bem quanto o Dead Fish, sendo Zero e Um um registro energético contendo o que há de melhor no grupo. Ótima mixagem.

Mundo Livre S/A - O Outro Mundo de Manuela Rosário (2004)
Uma banda subestimada em um de seus melhores discos. A produção é cristalina, moderna, orgânica e pulsante. As composições são espetaculares, amarradas por um elemento quase conceitual. É um tremendo disco!

Projeto Alpha - Projeto Alpha I & II (2004)
Projeto interessantíssimo do Lanny Gordin com jovens músicos (dentre eles seu legitimo discípulo Guilherme Held). Músicas com clima descontraído (algumas quase circenses) e elevado nível de arranjo. As composições transitam entre o fusion, jazz, música brasileira, contemporânea, rock psicodélico e outras maluquices.

SpokFrevo Orquestra - Passo de Anjo (2004)
Sejamos honestos, o frevo entrou no novo milênio como um estilo tradicional estagnado. Todavia, o Spok formou essa grandiosa orquestra que deu novo vigor ao estilo. Faixas virtuosas, quentes, dançantes, complexas e potentes. Legal demais!

Pata de Elefante - Para de Elefante (2004)
Com esse ótimo disco o grupo colocou nova luz no cenário independente de rock instrumental. Excelentes composições, muito bem tocadas e de sonoridade orgânica primorosa.

*Mombojó - Nadadenovo (2004)
Um dos melhores (se não "o" melhor) fruto do Manguebeat. Bom repertório, produção/arranjos cuidadosos e uma certa interação com o indie rock que explodia internacionalmente, ainda que de personalidade sonora completamente brasileira, inclusive quando remete a Jovem Guarda.

Baranga - Whiskey do Diabo (2005)
Rock n' roll pesado, direito e "cervejeiro" como há tempos não se via no Brasil. Tem prazo de idade. 

Tomati - Lord's Childrens (2005)
Disco do ótimo "guitarrista do Jô", mas ao contrário do que se espera de um trabalho solo de um guitarrista, esse passa longe dos velhos "sobe e desce de escalas na velocidade da luz". Tomati presenteia o ouvinte com diversos estilos. Tem rock, jazz, baião e até gospel. Excelente disco, que alias, vem acompanhado de uma bela revista/encarte.

*Aldir Blanc - Vida Noturna (2005)
Disco descoberto com o tempo, o tempo que a vida me deu para compreende-lo, o tempo que lapidou o veterano compositor. Belo, boêmio, romântico e elegante. Vai escrever bem assim lá no inferno!

*CSS - Cansei de Ser Sexy (2005)
Na época eu achava uma bobeira, mas hoje vejo que envelheceu bem. É tão tosco e descompromissado que acaba tendo personalidade e carisma. Fora que a produção é bacana.

Ludovic - Idioma Morto (2006)
O post-hardcore brasileiro num disco intenso e de peito aberto. Adoro a urgência das composições e interpretações. Marcou uma geração.

Cascadura - Bogary (2006)
O melhor disco dessa grande banda baiana liderada pelo o Fabio Cascadura, um compositor de mão cheia, que vai do mais perfeito rock n' roll até a sensibilidade pop num piscar de olhos.

Caetano Veloso - Cê (2006)
Disco "rocker/indie" do Caetano. O melhor álbum desde o longínquo Circulado. Acompanhado por uma banda de jovens músicos, Caetano fez um criativo trabalho comprovando que não é um artista acomodado. Adoro sua crueza e jovialidade.

Carro Bomba - Segundo Atentado (2006)
Hardão poderoso e imundo executado por um tremendo power trio. Ouvi muito na época. Combina com conhaque aos 16 anos.

Mobilis Stabilis - Extra Corpore (2006)
Projeto instrumental do guitarrista Hélcio Aguirra (Golpe de Estado). O grupo mistura rock progressivo com música oriental, tudo com muito bom gosto e ótima gravação. Além disso, era uma estupenda banda ao vivo.

Pedra - Pedra (2006)
Ótima banda que tem como fonte de inspiração o rock/música brasileira setentista, o que inevitavelmente gera boas composições e performances. Ouvi muito quando saiu. 

Rogério Skylab - Skylab VI (2006)
Embora nem sempre levado com seriedade, ele é um artista ousado nas composições, que sabe explorar o humor e o estranhamento. Ninguém fica indiferente as suas letras, o que atualmente é um grande feito. Sua banda também é competente. Aqui temos disparado o seu melhor repertório.

João Bosco - Obrigado, Gente! (2006)
Sou meio contra colocar um disco ao vivo de um artista medalhão nos "melhores do ano/década", mas este caso especifico é muito especial. O João está acompanhado de uma banda maravilhosa (não só tecnicamente, mas principalmente no quesito entrosamento), os arranjos são impecáveis, a gravação é ótima, o repertório nem se fala. Genial! Ouvi muito.

*Fresno - Ciano (2006)
Fresno pré Rick Bonadio, demonstrando intensidade na execução e aflorada paixão em canções sentimentais de uma geração que podia finalmente olhar para suas angústias. Disparado o melhor trabalho da cena emo. Ouça sem preconceito.

Lanny Gordin - Duos (2007)
Disco que concretizou a volta do Lanny Gordin aos palcos (tendo em vista que o disco solo de 2001 e o Projeto Alpha foram os pilares para isso). O mestre da guitarra brasileira teve colaborações de artistas da nova MPB (Wanessa da Mata, Fernanda Takai, Rodrigo Amarante) e medalhões do tropicalismo (Gal, Caetano e Gil). Lanny executou harmonias belíssimas que serviram de cama para os cantores desfilarem livremente pelas canções. Um disco introspectivo e muito sincero.

*Siba - Toda Vez Que Eu Dou Um Passo O Mundo Sai do Lugar
Ao lado da Fuloresta, Siba traz para novas gerações canções genuínas e carismáticas de herança nordestina. Adoro a captação calorosa da gravação. Ciranda pode ser legal demais.

Macaco Bong - Artista Igual Pedreiro (2008)
Um power trio instrumental poderoso que consegue trabalhar o desenvolvimento das composições além do ego dos integrantes. Viajante, ácido e encorpado. Fora que até o nome do disco é ótimo.

Krisiun - Southern Storm (2008)
Brutal, ríspido e veloz. Se o Diabo já se borrou de medo, foi ouvindo este disco aqui. Tudo muito técnico, inspirado e bem produzido. No topo do death metal mundial.

Oficina G3 - Depois da Guerra (2008)
Ótimo disco de um grupo muitas vezes ignorado por conta de sua abordagem religiosa. A entrada de um novo vocalista fez muito bem para a banda, principalmente para o guitarrista Juninho Afram, que mandou bala em um punhado de riffs pesados. Mérito também dos produtores Marcello Pompeu e Heros Trench, respectivamente vocalista e guitarrista do Korzus (está explicado o peso?).

*Curumin - JapanPopShow (2008)
Tremendo disco que trafega pela MPB, rap, música eletrônica, afrobeat, psicodelia e o que mais vier na cabeça. Tudo via canções carismáticas e ótima produção.

*Confronto - Sanctuarium (2008)
Confesso que hoje nem faz tanto a minha cabeça, mas lembro o barulho que fez na época dentro do cenário alternativo do metal. Banda séria e muito competente. Merece a menção.

*Wado - Terceiro Mundo Festivo (2008)
Já com bagagem acumulada, o cantor e compositor chega num bom repertório, que fica no cruzamento da MPB com o pop rock. Divertido e bem escrito.

Ana Cañas - Hein? (2009)
No meio de um vendaval de cantoras tentado igualar a atitude da Cássia Eller, eis que surge Ana Cañas, acompanhada de bons músicos e com um punhado de canções legais. Nada de espetacular, mas com luz própria.

Black Drawing Chalks - Life Is A Big Holiday For Us (2009)
Ignorando qualquer trejeito de brasilidade, a banda aposta num rock energético com traços timbristicos de stoner, mas "composicionalmente" muito mais acessível. Fez certo barulho numa época de pop-emo pasteurizado. É bacana.

Céu - Vagarosa (2009)
Um dos meus discos brasileiros prediletos. Tem samba, música brasileira moderna, pop, além de pitadas de afrobeat e reggae. Grande escolha de repertório. Adoro a sonoridade da gravação. Isso sem falar que a voz da Céu é afrodisíaca. Sensacional.

Cidadão Instigado - Uhuuu! (2009)
Outro dos "prediletos da casa". Grupo espetacular encabeçado pelo Fernando Catatau (que trabalha com o Instituto, Céu, Otto, dentre outros). Mistureba de rock psicodélico com música brega nordestina. Letras cheias de originalidade e timbres excepcionais. Catatau é um anti-herói da guitarra, passando longe da virtuosidade gratuita e optando por oferecer bom gosto e estranhamento nas composições.

Emicida - Para Quem Já Mordeu Um Cachorro Por Comida Até Que Eu Cheguei Longe... (2009)
Um rapper promissor tomando os holofotes de assalto. Boas rimas e até mesmo uma certa leveza pop. Ainda que independente, é bem produzido e distribuído com criatividade (CD-R, papel cartão e carimbo). O começo de uma revolução.

Otto - Certa Manhã Acordei de Sonhos Intraquilos (2009)
Com arranjos afiados e elegante, algumas das composições mais inspiradas e pessoais deste artista crescem emocionalmente.

Rodrigo Campos - São Mateus Não É Um Lugar Tão Longe Assim (2009)
Sendo um compositor e instrumentista acima da média, Rodrigo Campos usa todo seu conhecimento de samba para produzir uma obra que não se prende às esteriotopias estéticas do gênero. 

Romulo Fróes - No Chão Sem o Chão (2009)
Um grande compositor acompanhado de excelentes músicos, todos (compositor e músicos) com um grau de perturbação criativa. Muito bem escrito. Símbolo da música popular brasileira contemporânea.

*Letieres Leite & Orkestra Rumpilezz - Letieres Leite & Orkestra Rumpilezz (2009)
Captado ao vivo, esse álbum é tradução do talento do Letieres Leite um arranjador e pensador da música brasileira da mais alta estatura. A maneira com que ele trabalha a dinâmica, as tessituras, os ritmos (de origem africana), a Bahia, os sopros, a pressão do som, as melodias, os improvisos... é coisa de mestre.

*Lucas Santtana - Sem Nostalgia (2009)
Esse inquieto compositor e instrumentista reavalia a canção e o violão brasileiro neste disco de "voz e violão" que explora com sabedoria a manipulação do áudio, torcendo os registros sonoros até transforma-los em algo novo. 

*inclusões que fiz com o passar do tempo

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Os melhores discos da década de 2000

A primeira década do século XXI acabou. Portanto, é hora de fazer um balanço geral dos lançamentos desses últimos 10 anos.

Vou começar a lista com os discos internacionais e, obviamente, esquecerei de muita coisa boa.

Por ter preferência pelo rock, o estilo predominou na minha lista. Ainda assim, acho que é possível encontrar boas novidades entre os álbuns citados.

Vale dizer que eu dei prioridade para artistas mais "novos". Não queria que a lista ficasse cheia de medalhões como Bob Dylan, Paul McCartney, Robert Plant, Bruce Springsteen, Morrissey e Motörhead, até porque, mesmo que eles tenham lançado ótimos álbuns, eles fizeram obras mais representativas no passado.


INTERNACIONAL


Radiohead - KID A (2000)
O tal "disco eletrônico" do Radiohead pós Ok Computer. Letras delirantes, timbres estranhos e, sobretudo, ótimas composições, arranjos abstratos e interpretação inspirada do Thom Yorke. Caminho ousado sem sair do holofote. Clássico.

PJ Harvey - Stories From The City, Stories From The Sea (2000)
Uma belíssima declaração de amor a cidade de Nova York. Ninguém compõe como a PJ, a grande artista feminina do rock dos últimos 30 anos.

At The Drive-In - Relationship Command (2000)
O melhor álbum daquela que é uma das principais bandas do post-hardcore. Já dá até pra prever sonoramente o Mars Volta.

Elliott Smith - Figure 8 (2000)
Talvez o disco mais acessível e melhor acabado do cultuado artista. Canções que passeiam entre o pop e a densidade melancólica do Elliot.

Erykah Badu - Mama's Gun (2000)
Essa gigante do hip hop transcende o gênero num disco de grandes qualidades composicionais e interpretativas. Elegância é para poucos.

Deftones - White Pony (2000)
O amadurecimento do new metal através de nuances do shoegaze e post-metal. Excelentes e climáticas composições. Clássico.

Madonna - Music (2000)
Bem inferior ao anterior, mas bem sucedido na arte de ser descaradamente POP (com letras garrafais). No mínimo um tapa na cara das "Britneys da vida". Fora que é o último disco relevante da Madonna.

The Hives - Veni Vidi Vicious (2000)
Uma maravilha garageira dessas e ainda tem uns bestas pra falar que o Strokes salvou o rock. Não dá pra entender. (mera provocação, não leve tão a sério)

Outkast - Stankonia (2000)
A invasão definitiva do sul dos EUA no hip hop. Um disco que expõe a versatilidade destes dois monstros do rap. Uma sequência de faixas não menos que avassaladoras, com direito a alguns dos melhores beats da história do gênero.

Ryan Adams - Heartbreaker (2000)
Um coração partido e algumas doses de álcool. O suficiente para um artista talentoso brilhar. 

*Eminem - The Marshall Mathers LP (2000)
Na época detestava, mas hoje reconheço a força do rapper. Seu lirismo e flow é de grande personalidade. Fora que há composições no mínimo memoráveis.

*D'Angelo - Voodoo (2000)
D'Angelo não sai de casa pra fazer porcaria. Pérola do r&b contemporâneo.

*Doves - Lost Souls (2000)
Sons etéreos, quase progressivos, mas carregados de melodias atraentes que deram ao disco um potencial pop. Sofisticado, acessível e delirante.

*Coldplay - Parachutes (2000)
O único álbum do grupo que ouço com entusiasmo. Tem boas composições, interpretação apaixonada e uma urgência dentro de sua ternura. É tudo que o U2 queria ter feito na época. 

*The Avalanches - Since I Left You (2000)
A trilha-sonora perfeita para qualquer festa. Seis DJ's em uma performance musicalmente rica, energética e versátil. Produção impecável.

*Godspeed You! Black Emperor - Lift Your Skinny Fists Like Antennas To Heaven (2000)
Post-rock sinfônico que traz climas introspectivos e cacofonias harmoniosas. Extremamente influente dentro do seu nicho.

*Ghostface Killah - Supreme Clientele (2000)
No auge da bling era, um disco que resgata a eficiência do flow e da soul music dentro do hip hop. Um dos melhores - se não "o melhor" -, álbum solo de um integrante do Wu-Tang.

Brett Garsed / Tj. Helmerich - Uncle Moe's Space Ranch (2001)
Pode parecer mera nerdice guitarristica, mas não, é na verdade um dos grandes discos de fusion, onde brilha não somente a dupla de guitarristas, mas também o Gary Willis (baixo) e o Dennis Chambers (bateria). Absurdo.

Daft Punk - Discovery (2001)
Um álbum que veio para confirmar a exitosa combinação retrofuturista de house com disco music do duo francês. O resultado é de produção bombásticas em faixas cativantes dentro de um contexto conceitual nunca antes visto na música eletrônica.

Incubus - Morning View (2001)
Talvez o melhor trabalho da banda. Ótimas composições e texturas excepcionais. Mérito do guitarrista Mike Einziger. É o pop rock bem feito, embora insistam em chamar de new metal.

Jay-Z - The Blueprint (2001)
Um marco na história recente do rap. Produções pesadas e parcerias memoráveis (vide as mãos do Kanye West, Just Blaze e Timbaland). Definiu os caminhos do hip hop no mainstream neste milênio.
O melhor momento do Jay-Z.

System Of A Down - Toxicity (2001)
Um punhado de riffs destruidores e passagens intrigantes. Esse disco tem energia, emoção, ótimas letras e autenticidade, embora sem negar as influências, que vão de Black Sabbath à música da Armênia.

Screaming Headless Torsos - Live (2001)
Apresentação ao vivo de uma banda que une em doses extremas rock com ritmos latinos, solos atonais e perfeição na execução. Tudo embalado em grooves desconcertantes. Trabalho espetacular dos assustadores David Fiuczynski (guitarra) e Jojo Mayer (bateria).

Slayer - God Hate Us All (2001)
Vou ser polêmico, mas para mim esse é o segundo melhor disco do Slayer (só fica atrás do clássico Reign in Blood). Claro que muito dessa opinião se deve a um fator geracional. Produção troglodita, afinações baixas, a baterista ultra técnica do Paul Bostaph... fez muito minha cabeça na época.

Tool - Lateralus (2001)
Seria esse o maior momento do metal alternativo? Eficiência melódica e estruturas improváveis sem abrir mão da densidade. Incrivelmente alcançou enorme sucesso comercial.

Gorillaz - Gorillaz (2001)
Um fenômeno! O britpop se une ao hip hop, electro e pop, conseguindo chamar atenção de toda uma quarta série do ensino fundamental. Eu lembro, eu estava lá. Curioso quando analisado hoje.

Björk - Vespertine (2001)
Após três discos primorosos, a islandesa lança seu álbum mais intimista até aquele momento. Muito provavelmente foi a primeira "experiência glitch" que tive contato. Trabalho lindo.

*Converge - Jane Doe (2001)
O disco que definiu a sonoridade do metalcore moderno. Pesado, urgente, criativo, bem composto... Uma cacetada impressionante.

*Fennesz - Endless Summer (2001)
Não é das audições mais fáceis, mas é impressionante a elegância com que o produtor trata ruídos eletrônicos neste disco que transita entre o ambient e o glitch.

*The Microphones - The Glow Pt. 2 (2001)
A banda liderada pelo Phil Elverum traz a música folk para o indie rock com sua abordagem lo-fi e composições muita acima da média.

*The Strokes - Is This It (2001)
Não tem como eu brigar contra. Contextualizando, é o disco perfeito para o rock mainstream careta da época.

Dream Theater - Six Degrees Of Inner Turbulence (2002)
Não colocar o Dream Theater nesta lista seria omitir uma das bandas que mais ouvi na adolescência. Um disco conceitual e longo, mas oposto das chatices que a banda produziu posteriormente.

Johnny Cash - American IV: The Man Comes Around (2002)
Se for para ter na coleção apenas um disco do Johnny Cash, fico com esse. Rick Rubin trouxe o homem de preto de volta a vida, embora no leito de morte. 

Beck - Sea Change (2002)
Com maior foco nas composições e menos na "piração beckiana", esse álbum se estabeleceu como o melhor momento do Beck. Simples assim.

Queens Of The Stone Age - Songs For The Deaf (2002)
Eu lembro que quando saiu esse disco, todos meus amigos estavam tomados pelo Linkin Park e eu odiava tudo aquilo. Achava o rock da época uma merda. Mas quando vi o clipe de "No One Knows" foi como se alguém me lembrasse que sempre haverá algo legal acontecendo. Grande disco e ótimas performances do Josh Homme e Dave Grohl. Adoro sua sonoridade ríspida.

The Flaming Lips - Yoshimi Battles The Pink Robots (2002)
Conceitual, surreal, divertido, melódico e psicodélico. Só não elogio mais porque o anterior é ainda melhor.

Meshuggah - Nothing (2002)
Extremamente pesado, complexo e influente. Deu luz ao djent. É uma paulada na cabeça.

Norah Jones - Come Away With Me (2002)
Comportado demais? Pode até ser, mas em tempos de pop rasteiro, esse álbum foi um santo remédio. Fora que a performance da Norah Jones é graciosa e a produção orgânica é impecável.

Wilco - Yankee Hotel Foxtrot (2002)
Desde a forma desesperada/sagaz de lançamento, passando pelas composições/arranjos espetaculares. Uma obra-prima preciosa do começo ao fim.

*Eminem - The Eminem Show (2002)
Eu que não vou lugar contra! É um disco arrasa quarteirão. Arrisco dizer que é o último bom trabalho do rapper.

*Interpol - Turn On The Bright Lights (2002)
Buscando inspiração lírica e sonora no pós-punk, a banda se consagrou com seu som denso com predileção indie. Uma estreia no mínimo impressionante.

*ISIS - Oceanic (2002)
Riffs pesados e climáticos no disco definitivo do post-metal.

*Bright Eyes - LIFTED ou The Story Is In The Soil, Keep Your Ear To The Ground (2002)
Poucos álbuns tem uma performance tão apaixonada/visceral quanto esse. E embora as composições sejam calcadas na música folk, essa entrega interpretativa dá uma grandiosidade monumental para as canções. Bem bonito.

*Porcupine Tree - In Absentia (2002)
Progressivo, técnico, bonito, pesado, acessível... Um disco ultra inspirado dessa excelente banda liderada pelo Steven Wilson.

*The Streets - Original Pirate Material (2002)
Uma tremenda estreia que colocou o nome do Mike Skinner no centro do hip hop britânico. Produções não menos que cativantes.

*The Roots - Phrenology (2002)
Daqui em diante um novo parâmetro de sonoridade orgânica foi posto no hip hop. Um absurdo, visto que ninguém vai conseguiu competir com eles.

Black Label Society - The Blessed Hellride (2003)
Zakk Wylde em plena forma mandando um riff melhor que o outro. Minha referência timbristica para guitarra metal.

Greg Howe - Extraction (2003)
Um outrora guitarrista shred comum, aqui no aperfeiçoamento de sua linguagem fusion. Isso ao lado dos monstruosos Dennis Chambers e Victor Wooten. Impressionante.

Lightning Bolt - Wonderful Rainbow (2003)
Esquisitice esporrenta de um dos melhores duos da história do rock. Claro que é torto pra cacete. Claro que é coisa de maluco. Todavia, alguém coloca em dúvida a força nocauteante deste disco?

Nevermore - Enemies Of Reality (2003)
Ouvi muito esse disco na época, que ficou ainda melhor após ser remixado e remasterizado pelo Andy Sneap. A banda esta afiadíssima. Gosto das melodias, timbres, execução (Jeff Loomis é um monstro), da evolução das composições... uma pérola do metal moderno.

Outkast - Speakboxxx/The Love Below (2003)
Hip Hop, funk, soul, e-music, miami bass, p-funk, pop, psicodelia... tá tudo aqui!

The Mars Volta - De-loused In The Comatorium (2003)
Essa sensacional banda traz influência punk e psicodélica para seu primeiro e melhor disco. Canções recheadas de solos, quebradeiras, jams e peso espontâneo. Omar Rodriguez comprova porque é dos melhores guitarristas daquela geração.

White Stripes - Elephant (2003)
Uma baterista acanhada e um guitarrista branquelo influenciado por Son House e eletricidade garageira. Músicas com perfil pop, veia rock n' roll e muito sentimento. Parece que as guitarras foram gravadas com as válvulas dos amplificadores fritando e uma raiva extrema na execução dos riffs. Obra-prima do novo milênio, resgatando a emoção do blues do século passado para o rock mainstream atual.

Yeah Yeah Yeahs - Fever To Tell (2003)
Rock feroz e de energia jovem. Um dos discos mais divertidos da época. Fora que pois em evidência a grande Karen O.

*Dizzee Rascal - Boy In Da Corner (2003)
Um marco do hip hop britânico. O grime em seu maior triunfo. Produções absurdamente criativas arquitetadas por um MC de mente corrosiva. Paranoico e brilhante.

*The Blood Brothers - ...Burn, Piano Island, Burn (2003)
É meio post-hardcore, mas também funkeado, técnico, com vocal esganiçado de screamo e uma performance cortante como uma navalha. A euforia jovem num momento de grande destreza musical.

*The Rapture - Echoes (2003)
Um dos símbolos máximos do indie rock dançante do começo do milênio. É som de "festinha". Fora que tem faixas bem criativas. Funciona muito bem.

*Opeth - Domnation (2003)
O talvez melhor disco do Opeth. A produção do Steven Wilson pesou a mão para o rock progressivo em detrimento do death metal. Surpreendentemente bonito.

John 5 - Vertigo (2004)
Mistureba estranha de country com música eletrônica, metal e muito virtuosismo. Grande disco guitarrístico. Importante para mim na época.

Richie Kotzen - Get Up (2004)
Quem disse que um disco de um guitarrista virtuoso tem que ser chato? Esse álbum prova o contrário. Temos grandes canções rockeiras e cheias de groove. Kotzen demonstra que não é só um grande guitarrista, mas também um bom cantor. Um tanto quanto pastiche, mas bem bom.

Arcade Fire - Funeral (2004)
Um épico do indie rock 00's. A qualidade dos arranjos em cima de boas composições é que dá frescor ao disco. Impecável estreia.

Franz Ferdinand - Franz Ferdinand (2004)
Um álbum simpático que envelheceu muito bem. Talvez o melhor do indie rock mainstream da época.

Slipknot - Vol. 3 (The Subliminal Verses) (2004)
Rick Rubin acerta em mais uma produção e aperfeiçoa o new metal encorpado do grupo. Menos violento e urgente, mas mais redondo.

TV On The Radio - Desperate Youths, Blood Thirsty Babes (2004)
Sem limites para criação, a banda percorre por diferentes climas, arranjos e estruturas. É estranho (no bom sentido) e instigante.

Green Day - American Idiot (2004)
Uma ópera punk-pop lançada no auge do pop-emo. Ambicioso e memorável.

Drive-By Trucks - The Dirty South (2004)
O southern rock nunca soou tão amplo, moderno, alternativo e "descolado".

Kanye West - The College Dropout (2004)
Disco fundamental para entender o alcance do rap no mainstream atual. Aqui está o registro mais espontaneamente inspirado do Kanye. 

Nick Cave And The Bad Seeds - Abattoir Blues/The Lyre Of Orpheus (2004)
Um épico duplo de um dos grandes letristas de todos os tempos acompanhado por uma das bandas mais malditas do rock. Contemplativo e grandioso.

Björk - Medúlla (2004)
Um ambicioso conceito de resultado não menos que primoroso. A voz elevada a novos limites.

Death From Above 1979 - You're A Woman, I'm A Machine (2004)
Os timbres de baixo, os riffs, a performance explosiva... um puta disco energético de rock.

Madvillain - Madvillainy (2004)
MF DOOM e Madlib em um dos discos mais criativos e influentes da história do hip hop. Genial.

*MF DOOM - Mm...Food (2004)
Como podemos ver, 2004 foi mesmo o ano do Doom. Com flow, timbre e narrativas sagazes, este é seu melhor disco solo. 

*The Libertines - The Libertines (2004)
Esqueça a adoração que a NME tentou enfiar goela abaixo e apenas perceba que o disco é bem legal. Mick Jones não assinaria se fosse ruim. Grande representante do garage rock revival tipicamente inglês.

*The Dresden Dolls - The Dresden Dolls (2004)
Misture Nick Cave com Nina Hagen. Tá feito.

Freak Kitchen - Organic (2005)
Grande guitarrista que é, Mattias levou o virtuosismo para um território ainda pouco explorado. Harmônicos estranhos, ritmos complexos e dissonâncias são embalado por um astral hard rock moderno. Ouvi muito na época.

Kanye West - Late Registration (2005)
Muito do enorme alcance do hip hop na atualidade se deve a Kanye, sendo esse seu (talvez) melhor trabalho. Extremamente bem produzido.

Sleater-Kinney - The Woods (2005)
Ao colaboram com o produtor Dave Fridmann, o grupo lançou seu disco mais ambicioso. Isso sem perder sua crueza avassaladora. 

System Of A Down - Mezmerize (2005)
Tão pop quanto intenso. As guitarras do Daron Malakian estão absurdas. Lembro quando saiu, todos da minha geração - independente do que ouviam antes - foram atingidos.

John Mayer Trio - TRY! (2005)
Disco ao vivo que une com inteligência o blues com o pop. Ótimas canções e timbres excepcionais deste trio fantástico. John Mayer pode ser tudo, menos burro.

Common - Be (2005)
Ele já vinha atingindo pontos bem altos, mas aqui o rapper de Chicago chegou ao seu melhor trabalho. Uma das grandes produções do Kanye West.

Sufjan Stevens - Illinois (2005)
Trazendo ricas referências ao seu modo abstrato de compor e munido de uma produção exuberante de indie folk orquestral, Sufjan Stevens alcançou enorme prestígio. Bom no nível emotivo.

Gojira - From Mars To Sirius (2005)
Como eles tocam, não? Que batera é esse! E esses riffs! Death metal com groove e engajamento ambiental direto da França.

*Boris - Pink (2005)
Nenhuma banda soa como o Boris. Uma parede de distorções nocauteantes e pegajosas. Sinta-se abraçado por essa nuvem nebulosa.

Amy Winehouse - Back To Black (2006)
Um já clássico, que resgatou a soul music dentro da música pop e apresentou para o grande público uma cantora de personalidade icônica. O repertório, a interpretação, a produção... é tudo muito bom.

Christina Aguilera - Back To Basics (2006)
É um tanto exagerado, mas também um "cala boca" nos seus detratores, que a comparavam a Britney Spears. Ninguém nunca mais ousou falar que ela não tinha talento.

Deftones - Saturday Night Wrist (2006) 
O disco em que o Deftones mergulhou de vez no shoegaze e post-rock. Lembro que minha primeira impressão não foi das melhores, no entanto, aos poucos fui gostando de algumas musicas até o ponto em que o disco inteiro fez a minha cabeça. Ou seja, se você já ouviu e não gostou, vale dar uma nova chance.

The Derek Trucks Band - Songlines (2006)
Composições belas, timbres maravilhosos e performance excelente. O jovem Derek Trucks, ao contrário da sua presença de palco sempre serena, se mostra inquieto na hora de tocar slides, contribuindo com ótimas melodias influenciadas por blues e música indiana.

Gnarls Barkley - St. Elsewhere (2006)
Estreia deste aclamado projeto. Honestamente acho o repertório um tanto quanto irregular, mas as produções do Danger Mouse são tão versáteis/coloridas e a voz do CeeLo Green é tão diferenciada, que achei errado deixar de fora. Até porquê quando eles acertam na junção de pop-soul-rap é de cair o teto.

Gov't Mule - High & Mighty (2006)
Discaço com sonoridade sulista e pesada. É o bom e velho rock n' roll com algo a dizer. Performance espantosa do guitarrista/vocalista/líder Warren Haynes.

Mogwai - Mr Beast (2006)
Música instrumental com exuberância melódica, variedade climática, timbres grandiosos e, acima de tudo, composições bem desenvolvidas.

Muse - Black Holes And Revelations (2006)
Rock de arena com temperos de rock progressivo, Radiohead, Queen e modernidades particulares. A produção é impecável. Eu sei que depois eles ficaram pedantes, mas esse álbum vale a pena.

My Chemical Romance - The Black Parade (2006)
Só fala mal quem não ouviu. Um registro ambicioso que transcende o emo através de narrativas épicas, boas melodias e interpretação convicta. Dê uma chance.

Joanna Newsom - Ys (2006)
Quem imaginaria que no século XXI uma harpista atingiria um nível tão elevado de exuberância em um álbum com predileção pop (embora de riquezas bem mais amplas). Lindo.

*Arctic Monkeys - Whatever People Say I Am, That's What I Am Not (2006)
De quando o AM ainda soava visceral. Talvez mais pelo alcance e pela caminhada posterior da banda do que propriamente pela música, fato é que o disco sobreviveu bem ao teste do tempo.

*Clipse - Hell Hath No Fury (2006)
Dois duos: na produção o Neptunes (no talvez auge do Pharrell Williams), nos microfones o Clipse (no talvez auge no Pusha T.). O resultado é atualização sonora do gangsta rap. Malicioso e divertido. 

*Cult Of Luna - Somewhere Along The Highway (2006)
O post-metal em toda sua exuberância densa e criativa. Fodido!

*J Dilla - Donuts (2006)
Álbum póstumo que serve de testamento musical deste que é um dos maiores produtores do hip hop instrumental.

*The Knife - Silent Shout (2006)
Numa década pouco interessante para a música pop, o duo invoca timbres da música techno para criar canções de synthpop. O resultado é estrondoso e etéreo. Excelente produção.

*Grizzly Bear - Yellow House (2006)
Fantásticas canções amarradas por arranjos sublimes que percorrem a música folk, o pop barroco e a psicodelia. Tudo com uma interpretação/captação cuidadosamente construída. Não é pouca coisa.

*Brand New - The Devil And God Are Raging Inside Me (2006)
Numa época de extremo desprestigio da música emo, um álbum de sonoridade intensa e desenvolvimento épico. Bem bom.

*Lupe Fiasco - Food & Liquor (2006)
Pop e arrojado, mas sem abrir mão da capacidade de disparar rimas a todo vapor. Um dos álbuns mais brilhantemente acessíveis do hip hop.

Wilco - Sky Blue Sky (2007)
Um dos discos mais bonitos e introspectivos que já ouvi na vida. A clareza das composições são de emocionar e a delicadeza na interpretação é de uma maturidade exemplar. Todo guitarrista deveria deixar um pouco de lado o virtuosismo do Malmsteen e se ligar no Nels Cline.

LCD Soundsystem - Sound Of Silver (2007)
Finalmente o rock-eletrônico do novo milênio deixa de ser poperô. Passagens elaboradas e emocionantes que evidenciam o James Murphy como um grande criador. Ótima produção. Synthpop moderno dos bons.

Justice - † (2007)
Música eletrônica, pop, divertida e encorpada. Foram o Daft Punk barulhento da época.

Brian Setzer Band - Wolfgang's Big Night Out (2007)
Imagine músicas do Mozart (sim, o compositor do classicismo) executadas por uma big band de rockabilly. Daqueles álbuns que não vai mudar o mundo, mas que é bem legal, principalmente se você for aficionado em guitarra.

Chick Corea, John Patitucci & Antonio Sanchez - Dr. Joe (2007)
Em seus passeios por diferentes trios que o incansável Chick Corea fez em 2007, esse foi o que atingiu o resultado mais esplendido. E olha que a disputa não era fácil.

Machine Head - The Blackening (2007)
O melhor trabalho de uma banda que vinha descendo ladeira abaixo. Um salto em todos os sentidos.

M.I.A. - Kala (2007)
Em meio ao marasmo da música pop/dance music, haviam qualidades gritantes aqui. É fantástico como ele interage com a world music urbana contemporânea.

Radiohead - In Rainbows (2007)
O terceiro melhor disco da banda. As cinco primeiras faixas formam uma das melhores aberturas de um álbum de todos os tempos. Fora todo o criativo processo de lançamento do disco que vocês já estão cansados de saber.

The National - Boxer (2007)
Muito associado a Inglaterra, o post-punk revival mostra que também tem seu representante nos EUA. Basicamente ótimas canções.

*Battles - Mirrored (2007)
Ótima estreia que traz uma organicidade timbrística e interpretativa para o math-rock, ainda que abusando de elementos eletrônicos. Poucos álbuns soam tão quebrados quanto dançantes.

*Black Lips - Good Bad Not Evil (2007)
Punk rock garageiro e caipira com predileção indie. Mas mais que isso, é repleto de canções legais numa performance nada polida e com certa experimentação psicodélica à la 60's. 

*Burial - Untrue (2007)
Uma pérola que rondeia o UK garage, ambient e dubstep com profundidade composicional. Fora que a produção é impecável.

*Deerhoof - Friend Opportunity (2007)
Através de seu indie idiossincrático, o grupo chegou num resultado estranho, ao mesmo tempo que cheio de balanço, guitarras garageiras e doces/infantis linhas vocais. Bizarramente divertido.

*Spoon - Ga Ga Ga Ga Ga (2007)
Art rock, britpop, indie rock contemporâneo... tudo misturado num disco de eficiência rockeira.

Kurt Rosenwinkel - The Remedy (Live At The Village Vanguar) (2008)
Um dos mais diferenciados guitarrista do jazz contemporâneo numa performance ao vivo arrebatadora que transcende seu instrumento. 

Portishead - Third (2008)
De semelhante com o passado, só a capacidade de encantar. Um dos maiores retornos da história da música. Foi tão bom que não ousaram voltar novamente (até agora).

*The Ocean - Precambrian (2008)
Pode um trabalho de heavy metal beber tanto do hardcore quanto do rock progressivo? Essa quebradeira ultra pesada mostra que sim.

*This Town Needs Gun (TTNG) - Animals (2008)
A obra que deu luz ao "math-emo de guitarras tortas em cascata". Mas não somente pela inovação, o disco é bem legal mesmo.

*MGMT - Oracular Spectacular (2008)
Eu demorei para reconhecer, mas a verdade é que esse álbum é criativo e divertido para caralho!

*Fleet Foxes - Fleet Foxes (2008)
Escrevi na cabeceira: "Eu, Juliano Beltrame, prometo nunca mais atacar o indie folk gratuitamente". Que disco! Liricamente profundo como poucos desta década.

*Elbow - The Seldom Seen Kid (2008)
Tão cristalino quanto orgânico, o grupo reúne neste disco um punhado de canções que trazem a estética "art rock" para o britpop.

Astra - The Weirding (2009)
Não, o progressivo não morreu. Obra cheia de viagens transcendentais.

Chris Potter - Ultrahang (2009)
Um improvisador de enorme talento num momento de pura inspiração. Jazz ácido e criativo. Destaque também para as performances do baterista Nate Smith.

Mastodon - Crack The Skye (2009)
Misture Genesis, Metallica, Frank Zappa e uma bela pitada de inteligência e autenticidade. Está pronto, um dos melhores discos que eu já ouvi na vida. Pesado, melódico, muito bem tocado e cheio de ótimas composições.

Lamb Of God - Wrath (2009)
Melhor álbum de uma das bandas de metal mais intensas do período. E olha que os anteriores já eram avassaladores.

Animal Collective - Merriweather Post Pavilion (2009)
Confesso em muitos momentos não ter saco para as esquisitices do grupo. Todavia, aqui tudo estava em seu devido lugar. Ainda havia frescor, além de um flerte maluco do indie com o krautrock. Psicodélico, lúdico e rebuscado.

Lady Gaga - The Fame Monster (2009)
É divertido, pulsante, cheio de personalidade, com enorme alcance e hits memoráveis. É o suficiente.

Red Fang - Red Fang (2009)
O stoner rock em um deus momentos mais cativantes. Uma cacetada rockeira muito divertida. Tremenda estreia.

Wilco - Wilco (The Album) (2009)
"Mas outro do Wilco, Juliano?" Vou fazer o que, é a melhor banda da década.

*The XX - XX (2009)
Basicamente um disco "triste e com tesão".

*Sunn O))) - Monoliths & Dimensions (2009)
Eis o drone metal no auge de sua criatividade e densidade. Doentio.

*Leonard Cohen - Live In London (2009)
Com um repertório desses, é jogo ganho, mas não poderia deixar de fora. Um dos meus discos ao vivo prediletos de todos os tempos. A grande volta do artista. Emocionante.


*inclusões que fiz com o passar do tempo. É que criei esse post muito no inicio do blog, quando conhecia pouca coisa. Mas não tirei nenhum disco, ainda que alguns hoje goste menos. Ao menos fica registrada a minha percepção na época.